EDITORIAL

Cinqüenta anos de paixão pela liberdade

"Ao longo de 50 anos, vi e recebi pessoas apostando apenas na liberdade pura – na liberdade pura! Busquem todos os dias que essa liberdade pura corresponda ao entendimento que vocês têm, aos seus critérios de ação, e isso fará abundar a paz em vocês”. Foi com essas palavras que padre Giussani dirigiu-se a um grupo de universitários no ano de 2001 recordando, já naquele ano, os 50 anos do surgimento do movimento Comunhão e Libertação e descrevendo a preocupação central de seu método: educar à liberdade.
Comemorados oficialmente em outubro deste ano, os 50 anos do Movimento são assim marcados pela redescoberta da paixão educativa do carisma de padre Giussani. Movido por esta paixão, ele dediciu abandonar a brilhante carreira acadêmica e dar aulas de religião em uma escola de ensino médio de Milão, em 1954. Ali, sua presença não deixava ninguém ficar em paz e provocava todos a desejarem a mesma vitalidade para as suas vidas, como contam os primeiros alunos de padre Giussani. Naquela época, na Itália, nasceu também a amizade com um mosteiro de clausura, que testemunha como “a formação à liberdade se realiza pela obediência e amadurece no senso de responsabilidade e na consciência do dom da fé recebida”. Décadas depois, no Brasil, foi uma experiência de educação que pôde mudar a vida de um menino de rua, que decidiu dar a vida pelo encontro que fez com suas professoras. Assim, movido pela paixão educativa, o encontro de responsáveis do Movimento – cujos relatos podem ser lidos no encarte que acompanha este número de Passos – foi um diálogo intenso sobre a importância de educar o homem de hoje à liberdade, para que ele possa reconhecer de forma razoável – e portanto, livre – a presença de Cristo na sua vida e na história.
Eis um diálogo mais do que urgente no contexto atual da educação brasileira, em que o Ministro da Educação, Tarso Genro, propõe uma ampla e polêmica reforma universitária,
cujo conteúdo pode ser analisado e discutido pelo site do MEC. Para contribuir à reflexão educativa, este número de Passos apresenta um breve panorama do nascimento da Universidade, uma vez que o resgate da história pode nos ajudar a dar um juízo sobre o futuro da educação no nosso país e a encontrar caminhos para que o ensino universitário seja a possibilidade de educar o eu em suas exigências fundamentais. O relato de uma experiência de educação em uma escola do ensino médio do Rio de Janeiro completa o panorama, mostrando a possibilidade de descobrir a presença de Cristo dentro do cotidiano escolar.
Por tudo isso, os 50 anos do Movimento não serão comemorados com festas, mas com gestos de peregrinação em todo o mundo. No Brasil, serão feitas peregrinações em seis cidades – Aparecida do Norte (SP), Igreja de Boa Viagem (BA), Santuário de Fátima (AM), Nossa Senhora de Azambuja (SC), Nossa Senhora Rainha do Sertão (CE) e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (AP) –, como agradecimento à Estrela do Mar por fazer florescer e sustentar a nossa história. E porque, como diz São Bernardo, “seguindo-a não te perdes, pedindo a ela não te desesperas, pensando nela não erras. Se ela te sustenta não cais, se ela te protege não cedes ao medo, se ela te guia não te desgastas, se ela te for propícia, alcançarás a meta”.

• Junho 2005 - A esperança não vem da utopia, mas da Presença
• Maio 2005 - A energia do ideal
• Abril 2005 - Uma humanidade que Deus veio salvar
• Março 2005 - João Paulo II (1920 – 2005) “A glória de Deus é o homem que vive”
• Janeiro 2005 - Supremo sinal de esperança