De novo o Espírito Santo soprou onde quis, desta vez no hemisfério sul, desarmando todos os prognósticos e pondo em evidência que nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus.
A expectativa que vivemos em todas as latitudes – desde que a fumaça branca apareceu na chaminé da Capela Sistina até que se abriu a janela da sacada da basílica de São Pedro e apareceu o eleito, o novo Vigário de Cristo na Terra – é semelhante à comoção que se experimenta nas famílias quando nasce um novo filho, só que neste caso o que “nascia” era um pai. A Igreja vibrou com sentimentos de agradecimento e de alegria, recebendo a um homem que vem do “fim do mundo” para ser o Bispo de Roma, em definitivo, chamado a ser o pai de todos.
Os cardeais demonstraram ao mundo, elegendo o Cardeal de Buenos Aires, que a Igreja é um corpo vivo, capaz de superar inumeráveis crises, oferecendo vida e esperança sempre renovadas. E desafiaram a todos para olhar o futuro, estimulados pelas vidas de João Paulo II e de Bento XVI.
O DNA do Papa Francisco mostrou ser ele um homem de grande simplicidade evangélica, construtor de pontes de comunhão dentro da Igreja, como aconteceu no encontro de Aparecida (Brasil) em 2007, com todo o episcopado latino-americano, onde a sua contribuição foi decisiva para mostrar a verdadeira natureza da Igreja.
O novo Papa é um homem de oração que soube viver comprometido com os mais pobres, sem cair na lógica da teologia da libertação como o manifestou no apoio dado aos sacerdotes que estão nas favelas de Buenos Aires, chamados familiarmente de “curas villeros”. A preocupação com os mais pobres foi primeiramente que a eles não falte Cristo, enviando um número significativo de sacerdotes e fazendo-se presente entre os mais necessitados. Parte da consciência que o homem necessita do pão, mas antes precisa de Deus. Isto permitiu uma proposta global para a vida da Igreja de tal maneira que o impacto das seitas, que em outros lugares do continente como no Brasil e na América Central foi muito forte, diminuiu.
Não foi fácil na relação com os governos da Argentina, condenou sem ambiguidades a ditadura, assim como o terrorismo, rejeitando qualquer compromisso com a violência. Atualmente o governo de Cristina Kishner mantém uma relação de confronto com a Igreja, mas ele não se mostrou disposto ao choque e buscou ser claro por uma parte, mas também procurou não criar guerras que dividissem ainda mais a sociedade argentina.
Como aconteceu com seus antecessores, o Papa que veremos será muito superior à ideia de homem que pensamos conhecer. Como seus antecessores, defenderá a liberdade da Igreja e nos mostrará uma parte de Cristo que não conhecemos. Devemos acolhê-los como filhos, atentos e com expectativa na criatividade do Mistério durante o seu Pontificado.
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