“Para que todos sejam um”. Este é o lema de Dom Orani João Tempesta, 63 anos, membro da Ordem Cisterciense, arcebispo do Rio de Janeiro e novo cardeal brasileiro. Nasceu em São José do Rio Pardo, cidade do interior de São Paulo, Brasil.
Foi bispo de duas dioceses antes de chegar ao Rio de Janeiro, em 2009. Com destaque para Belém do Pará, onde ocorre todos os anos o Círio de Nazaré, a maior procissão do mundo, na qual mais de dois milhões de pessoas se aglomeram nas ruas para prestar homenagens a Nossa Senhora de Nazaré. Dom Orani criou uma relação muito especial com o povo de Belém. Iniciou ali um esforço de evangelização que, segundo ele, deveria chegar a toda a região amazônica. Por perseguir este objetivo chegou a ser chamado de “Pastor da Amazônia”.
Se em Belém Dom Orani encontrou um povo com dificuldades, mas muita fé, no Rio de Janeiro o desafio era bem mais difícil. Tradicionalmente liderada por cardeais, a Arquidiocese do Rio de Janeiro é uma das mais importantes do país, porém foi uma das cidades brasileiras que mais perdeu fiéis nas últimas décadas, chegando a ser considerada a capital menos católica do Brasil.
Para reverter essa situação, Dom Orani lançou mão de uma de suas maiores habilidades: a comunicação. Especialista no assunto, presidiu por oito anos a Comissão Episcopal para Cultura, Educação e Comunicação Social da CNBB e foi membro titular do Conselho Nacional de Comunicação Social do Senado Federal como representante da sociedade civil.
Seu poder de comunicação, aliado à forte atuação pastoral, fizeram com que a Igreja do Rio de Janeiro vivesse uma grande transformação e renovação que culminaram no histórico encontro de três milhões de jovens com o Papa Francisco na última missa da Jornada Mundial da Juventude em julho de 2013, realizada na Praia de Copacabana.
Na carta aos Cardeais que serão criados no Consistório do próximo dia 22 de fevereiro, o Santo Padre escreve: “O cardinalato não significa uma promoção nem uma honra nem uma condecoração, é simplesmente um serviço que exige ampliar o olhar e alargar o coração”. Na Igreja atual, a função dos cardeais é principalmente a de assessorar o Papa em questões organizativas, econômicas e na coordenação dos dicastérios, espécie de ministérios da Santa Sé, que provém uma série de serviços eclesiais. Em outras palavras, os novos cardeais devem servir a Igreja para que se fortaleça na fé e na unidade.
Por todo o seu trabalho como pastor, Dom Orani João Tempesta tem o perfil certo para esta missão. Sua atuação é muito próxima da linha seguida por Francisco, que também tem fortíssimo poder de comunicação, direcionado sempre à atuação pastoral, especialmente pelos mais pobres.
A partir de sua nomeação, Dom Orani se juntará cardeais de 68 países, que auxiliarão o Papa a enxergar as mais diversas realidades da Igreja no mundo inteiro, para que de fato, todos sejam um.