A Fraternidade liga seu nome a São Carlos Borromeu. O que isso significa?
O nome de São Carlos remete às origens lombardas do nosso fundador padre Massimo Camisasca. Precisamente padre Massimo nos ensinou a olhar a paixão com que este grande Bispo viveu pela vida de seus sacerdotes e pela a Igreja. São Carlos se dedicou com uma atenção meticulosa às pessoas e situações que lhe confiavam, coisas que também nós queremos aprender e imitar. Também olhamos como compartilhava a vida com seus colaboradores, sua incansável obra educativa, sua liberdade e corajem, que fizeram dele um verdadeiro pai para seus filhos.
Como entra nesta experiência o carisma de Dom Giussani?
Sem Dom Giussani a Fraternidade não existiria. Pode-se dizer que nasce como fruto do encontro de padre Massimo com este grande sacerdote ambrosiano que deu origem ao Movimento de CL. Nós nos sentimos filhos de Dom Giussani e desejamos viver a experiência da igreja seguindo seu ensinamento. Queremos pertencer ao Movimento que nasceu dele, vivê-lo e servi-lo. De Dom Giussani temos recebido o dom do gosto pela vida cristã, por sua convivência e a paixão por comunicá-la. Poderia continuar com inúmeras razões por está agradecido a ele. É uma experiência muito profunda aquela de ter um pai.
A Fraternidade tem uma marca missionária. O Papa Francisco convida a ser uma Igreja em saída, para vocês o que significa hoje, a “missão” à luz de suas experiências?
Quando se vive em comunidade cristã uma experiência grande, que enche a vida de letícia, não se pode olhar para as muitas pessoas para as quais Cristo não é ninguém, é só um nome, sem sentir o desejo de que O conheça. Desta experiência tão simples nasce a missão. Temos sentido este anseio desde nossa juventude, com nossos colegas de colégio e universidade e muitos de nós percebemos nisto, uma chamada de Deus que em seguida a Fraternidade tem educado e permitido que cresça. Assim, desde as áreas mais próximas, nós fomos mandados para encontrar os habitantes da ilha de Taiwan ou das planícies da Sibéria. Missão significa para nós, convidar a todos para viverem aquilo que nós vivemos.
Até que ponto é importante a vida comunitária?
É um fator essencial do nosso modo de ser. A comunhão é a maior experiência que um homem pode viver porque está chamado a realizar-se na relação verdadeira com Deus e com os demais. Não podemos viver nossa missão sozinhos. A casa, onde vivemos em três ou quatro, é um lugar que nos guarda. Aqui nós somos os primeiros a experimentar a beleza da amizade que propomos aos outros. Aqui nossa oração é sustentada e somos ajudados nas dificuldades que temos que enfrentar. Aqui se dissolvem muitos fantasmas e muitos medos. Tudo o que fazemos encontra na obediência à casa a sua ordem e por isso, a sua fecundidade. Creio que a vida comunitária é o dom mais bonito que Deus nos tem dado, no próprio momento no qual, nos chamou ao sacerdócio na Fraternidade. E não temos nada mais bonito que isso para oferecer aos outros.
Paróquias, escolas, universidades, prisões e hospitais são lugares de missão onde estão presentes. Como se desenvolve o ministério sacerdotal em campos tão diferentes?
O coração das pessoas com que nos encontramos está cheio dos mesmos desejos. Sempre nos fazem as mesmas perguntas, que são as mais essenciais. Que sentindo tem minha vida? Como posso entender o que Deus quer de mim? Pode me ajudar a enfrentar o sofrimento, o mal? O contexto no qual, a pessoa vive ou trabalha pode ser diferente, mas o verdadeiro encontro com o outro acontece ao nível destas grandes perguntas. Assim, podemos entrar nas casas dos ricos igual nas dos pobres, em prisões como nas escolas, nos hospitais como nas universidades, sem dar muito peso para uma preparação específica. Em cada lugar, no entanto, tratamos de compreender a situação concreta das pessoas que estão ali, estar atentos às necessidades que têm, começando pelas mais simples.
Como se chama o desafio da nova evangelização?
Poderíamos dizer que nascemos do gesto com que João Paulo II nos enviou ao mundo, em 1984, durante uma memorável audiência que concedeu ao Movimento de CL pelo trigésimo aniversário de sua fundação. A este grande Papa devemos também nosso reconhecimento eclesial. De sua paixão pela cultura europeia temos herdado a atenção para os que têm esquecido a tradição cristã da que vieram. São muitas missões difíceis, tanto na Europa quanto na América do Norte. Nestes países está viva a nostalgia de uma vida verdadeira, de relacionamentos humanos autênticos, de certezas nas quais, descansar de ideais por que lutaram. Nós queremos estar também nestes lugares para dizer que tudo isto tem um nome, Cristo. Para dizer que é possível atravessar a crosta dos preconceitos e objeções que nos afastam do que desejamos e recuperar a paz. Às vezes é mais simples do que parece: a comunhão cristã tem uma força que não vem de nós, desperta a esperança.
(Texto publicado no site da Fraternidade São Carlos: www.sancarlo.org)
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