Com padre Luciano, padre Andrea, Paolo, Matteo e Angelo saímos em um dia quente de julho à descoberta da Síria. De Milão à Atenas, de Atenas à Beirute. Depois, no carro fomos em direção à Síria. Ao chegar na fronteira, a parada para os controles é longa, por volta de duas horas. O país parece desabitado, a paisagem é desoladora. Impressiona o rosto de medo de um rapaz, que é a imagem de um povo marcado pela guerra. A viagem é longa, de Beirute se parte às duas da madrugada e se percorrem as estradas, e com frequência somos interrompidos pelo controle do exército de Assad. A chegada em Aleppo é às 11 da manhã, meio dia na hora local. Quando a cidade começa a mostrar a sua forma atual ficamos chocados.
Inimaginável aquilo que se vê hoje: uma cidade destruída, assustadoramente. Aos poucos, quando nos aproximamos do centro, começamos a ver a vida tomar um pouco de forma. Vida que se revela em todo o seu esplendor quando se chega na paróquia latino católica de São Francisco de Assis, onde os frades franciscanos atuam, dentre eles o padre Ibrahim Alsabagh.
Aqui somos acolhidos pelos gritos das crianças das colônias de férias e o movimento de muitos voluntários que se ocupam das mais diferentes atividades. Encontramos o sorriso do padre Ibrahim, que nem mesmo os dramas da guerra conseguiram diminuir ou apagar. Ao contrário, seu sorriso hoje é ainda mais intenso e aberto.
Padre Ibrahim Alsabagh, pároco em Aleppo
Somos recebidos com muita ternura e cordialidade. Padre Ibrahim é como uma enchente e nos conta tudo: o drama da guerra, a corrupção, a divisão que o país se encontra, onde existe ainda áreas de combate... Mas em tudo isso, existe uma certeza de reconstrução positiva: é a presença da Igreja, que sabe dividir e tomar para si cada necessidade. Ficamos impressionados porque vemos com os nossos olhos aquilo que a Igreja faz em Aleppo.
Assim que chegamos nos deparamos com as colônias de férias: oitocentas crianças que no período de férias são cuidadas por tantos jovens voluntários de uma forma apaixonante. Depois de uma refeição muito bem preparada, fazemos a distribuição de cestas de alimentos para a comunidade armênia. Os voluntários nos mostram o que tem em cada uma das cestas, que deve garantir a cada família a comida para um mês (são 3 mil famílias que são ajudadas gratuitamente todos os meses). À tarde, no bairro de Ram, visitamos uma escola para pessoas com deficiência auditiva criada e dirigida pelos frades. Três exemplos de uma presença variada, capaz de captar as necessidades e verificando como a fé pode ser uma resposta.
Ouvindo padre Ibrahim que nos fala fica claro que o milagre em Aleppo não é essencialmente que alguém é capaz de resolver os problemas, mas que uma fé viva possa resistir para responder às necessidades da vida. Uma fé que se encontra nos rostos dos cristãos, nos quais vibra a caridade de Cristo. É essa caridade que opera, é essa caridade que, em Aleppo, hoje abraça tudo, dando a esperança de reconstruir e melhorar aquilo que a guerra destruiu.
Gianni, Abbiategrasso (Itália)
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