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MAGISTÉRIO

Todo homem tem um coração para ser “rei”

26/07/2011 - Angelus de Bento XVI, domingo, 24 de julho de 2011. Palácio Apostólico de Castel Gandolfo

Caros irmãos e irmãs!
Hoje, na Liturgia, a Leitura do Antigo Testamento nos apresenta a figura do rei Salomão, filho e sucessor de Davi. É apresentado quando do início de seu reino, quando ainda era muito jovem. Salomão herdou uma tarefa muito difícil, e a responsabilidade que carregava nas suas costas era grande demais para um jovem soberano. Logo no início, ele ofereceu a Deus um sacrifício solene – “mil holocaustos”, diz a Bíblia. Então, o Senhor lhe apareceu numa visão noturna e prometeu conceder-lhe aquilo que havia pedido em sua oração. E aqui se vê a grandeza de espírito de Salomão: ele não pede uma vida longa, nem riquezas, nem a eliminação dos inimigos; diz, ao invés, ao Senhor: “Dai, pois, ao vosso servo um coração sábio, capaz de julgar o vosso povo e discernir entre o bem e o mal” (1Re 3, 9). E o Senhor respondeu à sua oração, de forma que Salomão se tornou célebre em todo o mundo pela sua sabedoria e pelos seus julgamentos retos.
Ele, portanto, rezou a Deus pedindo “um coração sábio”. O que significa esta expressão? Sabemos que, na Bíblia, o “coração” indica não só uma parte do corpo, mas o centro da pessoa, a sede das suas intenções e dos seus juízos. Podemos dizer: a consciência. “Coração sábio”, então, significa uma consciência que sabe escutar, que é sensível à voz da verdade, e por isto é capaz de discernir o bem do mal. No caso de Salomão, o pedido é motivado pela responsabilidade de guiar uma nação, Israel, o povo que Deus escolheu para manifestar ao mundo o seu desígnio de salvação. O rei de Israel, por isso, deve buscar sempre estar em sintonia com Deus, escutando a sua Palavra, para guiar o povo pelos caminhos do Senhor, pelo caminho da justiça e da paz. Mas, o exemplo de Salomão vale para todo homem. Cada um de nós tem uma consciência para ser, em certo sentido, um “rei”, ou seja, para exercer a grande dignidade humana de agir segundo a consciência reta, agindo segundo o bem e evitando o mal. A consciência moral pressupõe a capacidade de escutar a voz da verdade, de ser dóceis às suas indicações. As pessoas chamadas a tarefas de governo naturalmente têm uma responsabilidade a mais e, portanto – como ensina Salomão –, têm ainda mais necessidade da ajuda de Deus. Mas, cada um tem a sua parte na concreta situação em que se encontra. Uma mentalidade errada nos sugere que peçamos a Deus coisas ou condições favoráveis; na realidade, a verdadeira qualidade da nossa vida e da vida social depende da consciência reta de cada um, da capacidade de cada um e de todos reconhecerem o bem, separando-o do mal, e de buscarem pacientemente colocá-lo em ação e, dessa forma, contribuir para a justiça e para a paz.
Peçamos, para isto, a ajuda da Virgem Maria, Sede de Sabedoria. O seu “coração” é perfeitamente “dócil” à vontade do Senhor. Mesmo sendo uma pessoa humilde e simples, Maria é uma rainha aos olhos de Deus, e como tal nós a veneramos. A Virgem Santa nos ajude também a formarmos, com a graça de Deus, uma consciência sempre aberta à verdade e sensível à justiça, para servir ao Reino de Deus.

Depois do Angelus

Caros irmãos e irmãs,
Uma vez mais, infelizmente, chegam notícias de morte e de violência. Todos experimentamos uma profunda dor pelos graves atos terroristas que aconteceram na última sexta-feira na Noruega. Rezemos pelas vítimas, pelos feridos e por seus entes queridos. Quero repetir a todos o premente apelo a abandonar, para sempre, o caminho do ódio e fugir às lógicas do mal.

* Extraído do site do Vaticano, do dia 24 de julho de 2011. Traduzido por Paulo R. A. Pacheco.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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