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MAGISTÉRIO

A verdadeira educação nos faz amar a vida

22/05/2014 - Encontro de Papa Francisco com estudantes e professores das escolas italianas. Praça de São Pedro, sábado, 10 de Maio de 2014

Queridos amigos, boa tarde!

Antes de tudo agradeço-lhes, porque vocês realizaram algo muito agradável! Este encontro é muito agradável: um grande encontro da escola italiana, toda a escola: pequenos e grandes; professores, pessoal não docente, alunos e pais; estatal e não estatal... Agradeço ao Cardeal Bagnasco, ao Ministro Giannini, e a todos os que colaboraram; e estes testemunhos, realmente belos, importantes. Ouvi tantas coisas lindas, que me fizeram bem! Vê-se que esta manifestação não é “contra”, é “por”! Não é um lamento, é uma festa! Uma festa para a escola. Sabemos bem que há problemas e coisas que não correm bem, mas vocês estão aqui, nós estamos aqui porque amamos a escola. E digo “nós” porque eu amo a escola, eu amei a escola como aluno, como estudante e como professor. E depois como Bispo. Na Diocese de Buenos Aires encontrei-me muitas vezes com o mundo da escola, e hoje agradeço a vocês por terem preparado este encontro, que não é só de Roma, mas de toda a Itália. Por isso lhes agradeço muito. Obrigado.

Por que amo a escola? Vou procurar dizê-lo. Tenho uma imagem. Ouvi aqui que não se cresce sozinhos e que há sempre um olhar que te ajuda a crescer. E tenho a imagem da minha primeira professora, aquela mulher, aquela mestra, que me admitiu com seis anos, no primeiro ano de escola. Nunca me esqueci dela. Ela fez com que eu amasse a escola. E depois fui visitá-la durante toda a sua vida até ao momento em que faleceu, com 98 anos. E esta imagem me faz bem! Amo a escola, porque aquela mulher me ensinou a amá-la. Este é o primeiro motivo pelo qual eu amo a escola.

Amo a escola porque é sinônimo de abertura à realidade. Pelo menos assim deveria ser! Mas nem sempre o consegue ser, e então significa que é preciso mudar um pouco a organização. Ir à escola significa abrir a mente e o coração à realidade, na riqueza dos seus aspectos, das suas dimensões. E nós não temos direito de ter receio da realidade! A escola ensina-nos a compreender a realidade. Ir à escola significa abrir a mente e o coração à realidade, na riqueza dos seus aspectos, das suas dimensões. E isso é muito agradável! Nos primeiros anos aprende-se a 360 graus, em seguida, devagarzinho, aprofunda-se uma área e por fim especializa-se. Mas se se aprende a aprender — é este o segredo, aprender a aprender! — isso permanece para sempre, torna-se uma pessoa aberta à realidade! Ensinava isso também um grande educador italiano, que era um sacerdote: padre Lorenzo Milani.

Os professores são os primeiros que devem permanecer abertos à realidade — ouçam os testemunhos dos seus professores; gostei de ouvi-los tão abertos à realidade — com a mente sempre aberta para aprender! Pois, se um professor não está aberto para aprender, não é um bom professor, e nem sequer é interessante; os jovens compreendem, “farejam”, e são atraídos pelos professores que têm um pensamento aberto, “incompleto”, que procuram “um mais”, e assim contagiam os estudantes com esta atitude. Eis um dos motivos pelos quais eu amo a escola.

Outro motivo é que a escola é um lugar de encontro. Porque todos nós estamos a caminho, iniciando um processo, empreendendo um caminho. E ouvi que a escola — hoje todos o ouvimos — não é um parque. É um lugar de encontro no caminho. Encontram-se os companheiros; encontram-se os professores; encontra-se o pessoal assistente. Os pais encontram os professores; o diretor encontra as famílias, etc. É um lugar de encontro. E nós hoje precisamos desta cultura do encontro para nos conhecer, para nos amar, para caminhar juntos. E isso é fundamental precisamente na idade do crescimento, como um complemento da família. A família é o primeiro núcleo de relações: as relações com o pai e com a mãe e com os irmãos é a base, e acompanha-nos sempre na vida. Mas na escola nós “socializamos”: encontramos pessoas diferentes de nós, diversas por idade, cultura, origem, capacidade. A escola é a primeira sociedade que integra a família. A família e a escola nunca devem estar contrapostas! São complementares, e por conseguinte é importante que colaborem, no respeito recíproco. E as famílias dos jovens de uma classe podem fazer muito colaborando entre si e com os professores! Isso faz pensar num provérbio africano tão bonito: “Para educar um filho é necessária uma aldeia”. Para educar um jovem é necessária muita gente: família, professores da escola básica, pessoal não docente, professores, todos! Gostam deste provérbio africano? Gostam? Digamo-lo juntos: para educar um filho é necessária uma aldeia! Juntos! Para educar um filho é necessária uma aldeia! Reflitam sobre isto.

E, depois, amo a escola porque nos educa para o verdadeiro, para o bem e o belo. Os três caminham juntos. A educação não pode ser neutra. Ou é positiva ou é negativa; ou enriquece ou empobrece; ou faz crescer a pessoa ou a deprime, pode até corrompê-la. E na educação é tão importante o que ouvimos também hoje: é sempre melhor uma derrota limpa do que uma vitória suja! Recordem-se disso! Isso é positivo para a nossa vida. Digamo-lo juntos: é sempre melhor uma derrota limpa do que uma vitória suja. Todos juntos! É sempre melhor uma derrota limpa do que uma vitória suja!

A missão da escola é desenvolver o sentido do verdadeiro, o sentido do bem e o sentido do belo. E isso acontece através de um caminho rico, feito de tantos “ingredientes”. Eis por que há tantas disciplinas! Porque o desenvolvimento é fruto de diversos elementos que agem juntos e estimulam a inteligência, a consciência, a afetividade, o corpo, etc. Por exemplo, se estudo esta praça, a Praça de São Pedro, aprendo coisas de arquitetura, de história, de religião, também de astronomia — o obelisco recorda o sol, mas poucos sabem que esta praça é também um grande meridiano.

Deste modo cultivamos em nós o verdadeiro, o bem e o belo; e aprendemos que estas três dimensões nunca estão separadas, mas sempre entrelaçadas. Se uma coisa é verdadeira, é boa e bela; se é bela, é boa e é verdadeira; e se é boa, é verdadeira e bela. E juntos, estes elementos, fazem-nos crescer e ajudam-nos a amar a vida, até quando estamos mal, até no meio de problemas. A verdadeira educação faz-nos amar a vida, e abre-nos para a plenitude da vida!

E, finalmente, gostaria de vos dizer que na escola não só aprendemos conhecimentos, conteúdos, mas aprendemos também hábitos, valores. Educa-se para conhecer muitas coisas, ou seja, muitos conteúdos importantes, para ter determinados hábitos e até para assumir os valores. E isso é muito importante. Desejo a todos vós, pais, professores, pessoas que trabalham na escola, estudantes, um caminho agradável na escola, uma via que faça crescer as três línguas, que uma pessoa madura deve saber falar: a língua da mente, a língua do coração e a língua das mãos. Mas harmoniosamente, isto é, pensar o que se sente e o que se faz; sentir bem o que se pensa e o que se faz; e fazer bem o que se pensa e o que se sente. As três línguas, harmoniosas e juntas! Mais uma vez obrigado aos organizadores deste dia e a todos vós que viestes aqui. E por favor... por favor, não nos deixemos roubar o amor à escola! Obrigado!

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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