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MAGISTÉRIO

As palavras do Santo Padre Francisco aos participantes do encontro do "Banco Alimentar"

por Papa Francisco
13/10/2015 - Sala Paulo VI (Vaticano). Sábado, 3 de outubro de 2015

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

Fico contente por encontrá-los a todos, associações e indivíduos, que colaboram com essa significativa "rede de caridade" chamada Fundação Banco Alimentar. Saúdo também os que seguem este encontro da Praça São Pedro. Há 25 anos vocês trabalham, como voluntários, no campo da pobreza. Em especial, vocês se dedicam a neutralizar o desperdício de alimento, recuperá-lo e distribuí-lo às famílias que passam por dificuldades e às pessoas indigentes. Agradeço-lhes pelo que vocês fazem e os encorajo a prosseguir nesse caminho.

A fome, hoje, assumiu as dimensões de um verdadeiro "escândalo" que ameaça a vida e a dignidade de tantas pessoas - homens, mulheres, crianças e anciãos -. Todo dia precisamos enfrentar essa injustiça; digo mais, com esse pecado; num mundo rico de recursos alimentares, graças também aos enormes progressos tecnológicos, muitos são aqueles que não têm o necessário para sobreviver; e isso não apenas nos países pobres, mas cada vez mais também nas sociedades ricas e desenvolvidas. A situação é agravada pelo aumento dos fluxos migratórios, que trazem para a Europa milhares de refugiados, que fogem de seus países e que são necessitados de tudo. Frente a um problema tão grave, ecoam as palavras de Jesus: "Tive fome e me destes de comer" (Mt 25,35). Vemos no Evangelho que o Senhor, quando percebe que a multidão que veio para ouvi-lo tem fome, não ignora o problema, e nem faz um belo discurso sobre a luta contra a pobreza, mas realiza um gesto que deixa a todos admirados: toma o pouco que os discípulos traziam consigo, abençoa-o e multiplica os pães e os peixes, tanto que no final "levaram embora doze cestos cheios dos pães que sobraram" (Mt 14, 20-21).

Nós não podemos fazer um milagre como Jesus o fez; no entanto, podemos fazer alguma coisa frente à emergência da fome, algo humilde, mas que também tem a força de um milagre. Antes de tudo, podemos nos educar para a humanidade, para reconhecer a humanidade presente em cada pessoa, necessitada de tudo.

Talvez pensava justamente nisso Danilo Fossati, empresário do setor alimentício e fundador do Banco Alimentar, quando confidenciou a Dom Giussani o seu mal-estar frente à destruição de produtos ainda comestíveis ao ver quantos, na Itália, padeciam de fome. Dom Giussani ficou impressionado e disse: "Poucas vezes me aconteceu de encontrar um homem poderoso que escolheu dar sem pedir nada em troca e nunca conheci um homem que desse sem querer aparecer... O Banco foi obra dele. Nunca publicamente, sempre na ponta dos pés, ele acompanhou a obra desde quando ela surgiu".

A vossa iniciativa, que comemora 25 anos, tem suas raízes no coração desses dois homens, que não ficaram indiferentes ao grito dos pobres. E compreenderam que algo precisava mudar na mentalidade das pessoas, que os muros do individualismo e do egoísmo precisavam ser abatidos. Continuem com confiança essa obra, pondo em prática a cultura do encontro e da partilha. Claro, a vossa contribuição pode parecer uma gota no oceano da necessidade, mas em realidade ela é preciosa! Junto com vocês, outros vão se mexer e isso engrossa o rio que alimenta a esperança de milhões de pessoas.

É Jesus mesmo quem nos convida a dar espaço em nosso coração à urgência de "dar de comer aos famintos", e a Igreja fez dela uma das obras de misericórdia corporal. Partilhar o que temos com aqueles que não têm os meios para satisfazer uma necessidade tão primária, nos educa para aquela caridade que é um dom transbordante de paixão pela vida dos pobres que o Senhor coloca no nosso caminho.

Compartilhando a necessidade do pão quotidiano, vocês encontram diariamente centenas de pessoas. Não se esqueçam de que estas são pessoas, não números, cada uma com o seu fardo de dor que, às vezes, parece impossível carregar. Tendo sempre presente isso, saibam olhá-los no rosto, olho no olho, apertar-lhes as mãos, vislumbrar neles a carne de Cristo e ajudá-los também a reconquistar a própria dignidade e a ficar novamente em pé. Encorajo-os a serem irmãos e amigos dos pobres; a fazê-los perceber que são importantes aos olhos de Deus.

As dificuldades que certamente vocês encontram não os desencorajem; antes sirvam para induzi-los a apoiar-se mutuamente, competindo na caridade operosa.

Que Nossa Senhora, a Mãe a Caridade, os proteja. Acompanho-os com minha bênção. E peço também a vocês, por favor, que rezem por mim. Obrigado!


Todos juntos rezemos a Nossa Senhora. E lhes sugiro uma coisa: na oração a Nossa Senhora e ao receber a bênção, pensem numa pessoa, em duas ou três, que passam fome e que precisam do pão de cada dia. Não pensem em nós, e peçam a Nossa Senhora por elas. Que o Senhor as abençoe.

Ave Maria.

> Visite o Site do Dia Nacional da Coleta de Alimentos, realizada também no Brasil em diversas cidades. Neste ano a data é 7 de novembro de 2015.

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