Boa tarde, jovens do México. Eu tinha conhecimento das suas questões, porque me fizeram chegar o rascunho daquilo que mais ou menos vocês iriam dizer. Mas, à medida que foram falando, também fui anotando algumas coisas que me pareciam importantes para retomar agora. Digo-lhes que, quando cheguei a esta terra, fui recebido com boas-vindas calorosas e pude assim constatar algo que sabia há tempos: a vitalidade, a alegria, o espírito festivo do povo mexicano. Agora mesmo, depois de ouvir vocês e, sobretudo, depois de vê-los, constato de novo outra certeza, algo que disse ao Presidente da nação, na minha primeira saudação: um dos maiores tesouros desta terra mexicana tem um rosto jovem, são os seus jovens. Sim, vocês são a riqueza desta terra. Atenção! Eu não disse a esperança desta terra, mas “a sua riqueza”.
A montanha pode ter minerais ricos que servirão para o progresso da humanidade, é a sua riqueza. Mas esta riqueza deve ser transformada em esperança com o trabalho, como fazem os mineiros quando extraem aqueles minerais. Vocês são a riqueza; é preciso transformá-la em esperança. (...) Todos aqueles que falaram, quando assinalavam as dificuldades, as coisas que aconteciam, afirmavam uma grande verdade: “Todos podemos viver, mas não podemos viver sem esperança”. Pressentir o amanhã! Uma pessoa não pode pressentir o amanhã, se antes não consegue estimar-se, se não consegue sentir que a sua vida, as suas mãos, a sua história têm valor. Sentir aquilo que o Alberto dizia: “Com as minhas mãos, com o meu coração e com a minha mente, posso construir esperança”. Se eu não sinto isto, a esperança não poderá entrar no meu coração. A esperança nasce, quando se pode experimentar que nem tudo está perdido, mas para isso é necessário exercitar-se começando “por casa”, começando por si mesmo. Nem tudo está perdido. Não estou perdido, eu valho, eu valho muito. (...) A principal ameaça à esperança são os discursos que o desvalorizam: vão sugando seu valor e você acaba por terra, não é verdade? Acaba abatido, com o coração triste. Discursos que fazem você se sentir um ser de segunda classe, se não mesmo de quarta. A principal ameaça à esperança é quando sente que ninguém se importa com você, ou que o puseram de lado. Esta é a grande dificuldade para a esperança: quando numa família ou na sociedade, numa escola ou no grupo de amigos fazem você sentir que não se importam com você. E isso custa, isso dói. Mas isso acontece! E isso mata, isso nos aniquila e é porta de entrada para tanta amargura. Porém, há outra ameaça, igualmente importante, à esperança – a esperança de que esta riqueza que vocês são cresça e dê fruto – e é fazer com que você creia que começa a valer alguma coisa quando veste roupas de marca, do último grito da moda, ou quando ganha prestígio, se torna importante por ter dinheiro, mas, no fundo do seu coração, não acredita ser digno de carinho, digno de amor (...).
Vocês são a riqueza do México, vocês são a riqueza da Igreja. Compreendo que muitas vezes se torna difícil sentir-se tal riqueza, quando nos vemos continuamente sujeitos à perda de amigos ou familiares nas mãos do narcotráfico, das drogas, de organizações criminosas que semeiam o terror. É difícil sentir-se a riqueza de uma nação, quando não se tem oportunidades de trabalho digno, possibilidades de estudo e formação, quando não se sentem reconhecidos os direitos levando-lhes depois a situações extremas. É difícil sentir-se a riqueza de um lugar, quando, por serem jovem, os usam para fins mesquinhos, seduzindo-os com promessas que, no fim, não são reais, são bolas de sabão. Assim é difícil sentir-se rico. A riqueza está dentro de vocês; a esperança está dentro de vocês; mas não é fácil, pois faltam oportunidades de trabalhar, de estudar. Mas, apesar de tudo isto, não me cansarei de dizer: vocês são a riqueza do México! (...)
Para que esta riqueza, movida pela esperança, possa crescer, é preciso caminhar juntos, é preciso encontrar-se, é preciso sonhar. Não percais o encanto de sonhar! Tende a ousadia de sonhar! Sonhar, que não é o mesmo que ser dorminhocos, isso não!
E não pensem que lhes digo isto – que vocês são a riqueza do México e que esta riqueza, com a esperança, cresce – porque sou bom ou porque já vejo tudo claro! Não, digo-lhes isto, e digo-o convencido, porque, como vocês, creio em Jesus Cristo. E é Ele que renova continuamente em mim a esperança, é Ele que renova continuamente o meu olhar. É ele que desperta em mim, isto é, em cada um de nós, o encanto de apreciar, o encanto de sonhar, o encanto de trabalhar em conjunto. É Ele que me convida continuamente a converter o coração. Sim, meus amigos! Digo-lhes isto, porque, em Jesus, eu encontrei Aquele que é capaz de estimular o melhor de mim mesmo. E é graças a Ele que podemos abrir caminho; é graças a Ele que sempre podemos recomeçar; é graças a Ele que podemos dizer: é mentira que a única forma possível de viver, de poder ser jovem seja deixar a vida nas mãos do narcotráfico ou de todos aqueles cuja única coisa que fazem é semear destruição e morte. Isto é mentira, e dizemos isso por graça de Jesus. É graças a Jesus, a Jesus Cristo Senhor, que podemos dizer que é mentira que a única forma que os jovens têm de viver aqui seja na pobreza e na marginalização: marginalização de oportunidades, marginalização de espaços, marginalização da formação e educação, marginalização da esperança. Jesus Cristo é Aquele que desmente todas as tentativas de vos tornar inúteis, ou meros mercenários de ambições alheias. São as ambições alheias que os marginalizam, para os usarem em todas aquelas coisas que lhes disse e que – como sabem – acabam por destruí-los. E o único que pode me segurar fortemente pela mão é Jesus Cristo; Ele faz com que esta riqueza se transforme em esperança.
Vocês me pediram uma palavra de esperança... A que tenho para lhes dizer e que está na base de tudo, chama-se Jesus Cristo. Quando tudo lhes parecer pesado, quando parecer que o mundo cai em cima de vocês, abracem a sua cruz, abracem Ele e, por favor, nunca larguem a sua mão, ainda que os leve adiante sendo arrastados; e, se alguma vez cairem, deixem que Ele os levante. Os alpinistas têm uma canção muito bonita, que gosto de repetir aos jovens; enquanto sobem, vão cantando: “Na arte de subir, o triunfo não está em não cair, mas em não ficar caído”. Esta é a arte de subir; e quem é o único que pode agarrá-lo pela mão, para não ficar caído? Só Jesus Cristo. Ele, às vezes, envia-lhe um irmão para falar contigo e ajudá-lo. Não esconda a sua mão, quando estiver caído; não lhe diga: “Não me olhe que estou cheio, ou cheia, de lama. Não me olhe, que já não há remédio”. Não é verdade! Basta que deixe agarrar a sua mão e você agarre-se àquela mão, e a riqueza que você tem dentro – suja, enlameada, dada como perdida – começará, através da esperança, a dar o seu fruto. Mas sempre agarrado à mão de Jesus Cristo. Este é o caminho. Não fique caído. Nunca! E, se um amigo teve uma escorregadela na vida e caiu, vai e dá-lhe a mão, mas dê com dignidade. Coloque-se ao lado dele, escute-o; não lhe diga: “Trago-lhe a receita”. Isto não; mas, como amigo, lentamente, dê-lhe força com as suas palavras, dê-lhe força com a escuta (eis uma medicina que está sendo esquecida: a “escutoterapia”). Deixe-o falar, deixe que desabafe e então, pouco a pouco, estenderá a sua mão e você vai ajudá-lo em nome de Jesus Cristo. Mas, se começar a fazer-lhe um sermão e a censurá-lo, assim, coitado dele, ficará pior do que estava. (...)
Por isso, queridos amigos, em nome de Jesus peço que não se deixem excluir, não se deixem desvalorizar, não se deixem tratar como mercadoria. Jesus nos deu um conselho para isso: “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. As duas virtudes juntas. Aos jovens, não falta vivacidade; falta-lhes às vezes a prudência para não serem ingênuos. As duas coisas: prudentes, mas simples, amáveis. É certo que, por este caminho, talvez não tenham à porta o último modelo de carro, que não tenham a carteira cheia de dinheiro, mas tereis algo que ninguém jamais poderá roubar: a experiência de se sentirem amados, abraçados e acompanhados. É o encanto de apreciar o encontro, o encanto de sonhar com o encontro de todos. É a experiência de se sentirem família, de se sentirem comunidade. E é a experiência de olhar o mundo, olhos nos olhos e de testa erguida, sem o carro, sem o dinheiro, mas de testa erguida: a dignidade. Três palavras que peço-lhes para repetir: Riqueza, porque nos foi dada; Esperança, porque queremos abrir-nos à esperança; Dignidade. A riqueza que Deus vos deu; Vocês são a riqueza do México. A esperança que lhes dá Jesus Cristo e a dignidade que vem de não se deixarem adular e ser mercadoria para a carteira dos outros.
Hoje o Senhor continua a chamá-los, continua a convocá-los como fez com o índio Juan Diego. Convida-os a construir um santuário; um santuário que não é um lugar físico, mas uma comunidade: um santuário chamado paróquia, um santuário chamado nação. A comunidade, a família, o sentir-se cidadãos são alguns dos principais antídotos contra tudo o que nos ameaça, porque nos faz sentir parte desta grande família de Deus. E não para nos refugiarmos, não para nos fecharmos a fim de escapar às ameaças ou aos desafios da vida; antes, pelo contrário, para sairmos a anunciar a outros que ser jovem no México é a maior riqueza e, por conseguinte, não pode ser sacrificada. E porque tal riqueza é capaz de ter esperança e de nos dar dignidade. Digamos outra vez as três palavras: riqueza, esperança e dignidade. Mas riqueza, riqueza, ou seja, aquela que Deus nos deu e que temos de fazer crescer. (...)
Agradeço-vos este encontro e peço que rezeis por mim. Obrigado!
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