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Igreja de Cuba celebra 400 anos de padroeira

O Estado de S.Paulo

Cenário: José Maria Mayrink

A visita de Bento XVI a Cuba coincide, por sugestão do episcopado cubano, com o encerramento do Ano Jubilar Mariano, celebrado em comemoração dos 400 anos da aparição da Virgem da Caridade ou Virgem do Cobre, padroeira do país, a dois índios e um negro na Baía de Nipe, nas imediações de Santiago de Cuba.

O relato da aparição, ocorrida em 1607 ou 1608, conforme versões sobre o fato, é muito semelhante ao registro do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, por três pescadores, 110 anos depois, nas águas do Rio Paraíba. Nos dois casos, o encontro do pequeno ícone foi atribuído a um milagre pelo qual Maria, a mãe de Jesus, se manifestou a pessoas humildes e ganhou uma veneração nacional.

Os três cubanos que "pescaram" a imagem nas águas da Baía de Nipe tinham saído de uma aldeia próxima para apanhar sal na praia, quando foram surpreendidos por uma tempestade e tiveram de se refugiar numa cabana. Na manhã seguinte, mar calmo, embarcaram numa canoa e, navegando rumo às salinas, viram um objeto parecido com uma estátua flutuando nas ondas.

Era uma imagem de 15 polegadas colada numa peça de madeira, na qual se lia: "Sou a Virgem da Caridade". De rosto redondo e cor branca, ela tinha no braço esquerdo o Menino Jesus, que carregava uma esfera, símbolo do globo terrestre, numa das mãos e fazia, com a outra, o sinal de estar dando uma bênção.

Em seu segundo dia em Santiago de Cuba, onde celebrará missa na Praça da Revolução Antonio Maceo, Bento XVI fará uma visita, às 9h30, à Basílica Santuário Nacional do Cobre, para rezar aos pés da Padroeira de Cuba.

"O papa vem a nosso país como Peregrino da Caridade", lembraram os bispos cubanos em mensagem publicada em 1.º de março, sobre o sentido da visita de Bento XVI. "Como sabemos, Caridade é o nome que nós cubanos damos à Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo, e com este nome (ela) tem acompanhado, protegido e aliviado nosso povo em todos os momentos de nossa história, há já 400 anos."

No dia seguinte, o jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista, reproduziu em seu site a íntegra da mensagem do episcopado. O texto convidava o povo cubano, não apenas os católicos - 49% da população, de 11,2 milhões - a receber o papa com carinho e entusiasmo. Os bispos exortaram também os fiéis a dedicar três dias à oração, ao jejum e à prática de obras de misericórdia, na semana anterior à chegada de Bento XVI, em preparação à sua visita.

A imagem da Virgem do Cobre percorreu as principais cidades das 11 dioceses de Cuba, nos últimos 3 anos, dentro da programação do Ano Jubilar Mariano. "A passagem da Virgem convocou e reuniu milhões de cubanos que rezaram, cantaram, choraram e viveram emocionantes experiências religiosas", informou a mensagem dos bispos.

"Alguns sentiram reavivar a sua fé, que talvez estivesse oculta ou adormecida: outros fizeram sua primeira aproximação de Jesus Cristo, por meio da Virgem", acrescentaram.

(O Estado de S.Paulo, 27/07/2012, p. A13)

 
 

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