No próximo domingo, 7 de outubro, serão as eleições presidenciais na Venezuela, disputadas pelo Grande Polo Patriótico (GPP), cujo representante é o atual mandatário Hugo Chávez, e a Mesa da Unidade Democrática (MUD), representada por Henrique Capriles Radonski. Em meio à tensão do clima político atual os bispos católicos convocaram uma novena de oração entre os dias 28 de setembro e 6 de outubro, pedindo pela paz e a reconciliação no país.
A disputa eleitoral está acirrada e prever o resultado é praticamente impossível. Existe uma verdadeira “guerra de pesquisas”: algumas apontam uma maioria favorável a Chávez com 50% das intenções de voto sobre 32% de Capriles. Outras afirmam que o candidato da MUD ganharia com uma pequena margem de superioridade de 48% dos votos sobre 46% de Chávez. Estes dados estão acompanhados de seus respectivos debates, acusações e enfrentamentos. No processo, basta a maioria simples de votos válidos para eleger o próximo Presidente da República até 2019.
“O ambiente é tenso, embora até o momento não tenha acontecido nada de concreto, mas muitos prognósticos apontam que nas próximas semanas, especialmente a partir de 7 de outubro, poderia haver uma verdadeira crise política se o governo manipular ou não reconhecer os resultados eleitorais”, comentou o Dr. Angel Lombardi, reitor da Universidade Católica “Cecilio Acosta” da cidade venezuelana de Maracaibo.
A Igreja Católica percorreu um caminho positivo nos últimos anos, especialmente nos últimos meses, buscando gerar um clima de participação pacífica e a necessidade de um processo de encontro e reconciliação nacional. Fontes da Fundação Pontifícia “Ajuda à Igreja que Sofre” assinalam que a sociedade venezuelana foi dividida em 2 grupos aparentemente irreconciliáveis ao longo dos últimos 14 anos.
“A Igreja, através da Conferência Episcopal, enfrentou esta tendência e insistiu de todos os pontos de vista sobre o fato de que somos uma só nação e, assim como compartilhamos um passado e um presente, precisamos compartilhar um futuro”, esclareceu o Dr. Lombardi.
Por sua parte, o Cardeal Jorge Urosa, Arcebispo da capital venezuelana, enfatizou em uma entrevista à “Ajuda à Igreja que Sofre” que “os problemas da Venezuela não são recentes; têm causas estruturais muito fortes e muito profundas e que deveriam ser resolvidas”.
“Precisamente por isso, nossos documentos foram emitidos sempre na linha de assinalar os problemas, as causas e as soluções e convidar todos os líderes do setor político, econômico, cultural, midiáticos, etc. a trabalharem juntos para resolver estes problemas”, assinalou o prelado.
Àqueles que acusam a Igreja de estar em oposição ao atual regime do presidente Hugo Chávez, o Arcebispo de Caracas e Primaz da Venezuela esclarece: “Não é de hoje que nós, os bispos venezuelanos, expressamos nossas preocupações, inquietudes, opiniões e ensinamentos sobre a situação sociopolítica do país. Estivemos fazendo isto há muitíssimo tempo e o fazemos em cumprimento do nosso dever pastoral. Nós o fazemos como pastores do povo de Deus, por cujo bem-estar devemos velar, assim como pela paz e pela convivência do povo de Deus”.
A grande pergunta não é somente o que acontecerá no dia 7 de outubro na Venezuela e sim o que acontecerá depois desta data. No dia 19 de setembro, em um comunicado do Arcebispado de Caracas, fez-se um chamado ao Conselho Nacional Eleitoral “a tomar medidas necessárias para que as votações sejam feitas com todas as garantias de imparcialidade e transparência. De modo especial exortamos a Força Armada Nacional que, cumprindo seu dever constitucional, executem com imparcialidade o ‘Plano República’, garantam o respeito aos resultados e impeçam qualquer transgressão da ordem pública.”
Da mesma forma, a Conferência Episcopal Venezuelana convidou em um recente comunicado a uma novena pela paz no país, com início no dia 28 de setembro, até a véspera das eleições que este ano ocorrem no mesmo dia em que a Igreja recorda a memória de Nossa Senhora do Rosário.
A “Ajuda à Igreja que Sofre” apoia o trabalho pastoral da Igreja venezuelana há 50 anos e ao longo deste ano já realizou mais de 55 projetos no país. Estes projetos incluem, por exemplo, programas de pastoral familiar, ajuda a seminaristas e noviças de comunidades religiosas, bolsas de estudo e ajuda financeira para sacerdotes.
Fonte: Ajuda à Igreja que Sofre (AIS)
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