Para nós, a Coleta de Alimentos em Teresópolis este ano apresentou alguns desafios, que mesmos pequenos, se tornaram uma provocação para buscar as razões pelas quais fazemos esse gesto. Na última hora, ficamos sem apoio financeiro para os folhetos. Muitos jovens voluntários que participaram no ano passado, não puderam participar por causa do ENEM; o dia todo foi de chuva, vento e frio. Mas nada disso pôde diminuiu o nosso desejo de estar inteiros na Coleta. Aliás, desde a preparação já foi assim. Por exemplo: houve um grande empenho em convidar os amigos e divulgar o gesto na cidade por meio do rádio, televisão e jornal.
Para mim foi uma ocasião de aprender a acolher a realidade sem dar nada por óbvio, me deixar desafiar por cada novidade, por cada encontro com as pessoas e pedindo que o Mistério se manifestasse para mim e que o meu coração estivesse aberto a reconhecê-Lo. Sobretudo, me marcou o testemunho das pessoas. Como é verdade que todo mundo deseja fazer o bem e espera uma oportunidade para realizá-la. Quando você convida, seja para ser voluntário, seja para doar alimentos, ela logo diz sim e ainda agradece. Isso confirma aquilo que Carrón diz em “Viver é memória de mim” : “a humanidade é carente, em sua ilimitada fraqueza mortal, e espera por um testemunho nosso. Na medida em que assumimos em nós o olhar diferente de Cristo e vivemos uma humanidade mais completa, podemos responder a esse grito da humanidade e do mundo de hoje”. Alguns amigos saíram de suas cidades para nos ajudar em Teresópolis. Foi o caso de Tadeu e Moisés, que vieram de Petrópolis; e Márcia, Ricardo e Cristiane que vieram de Magé. Esses últimos participaram com a proposta de aprender a fazer a Coleta e replicá-la em sua cidade no ano que vem.
A Coleta foi feita em três mercados. Schirley e seu irmão coordenaram um supermercado onde se via um espetáculo de beleza, de alegria, um olhar e uma humanidade nova. Ela convidou os alunos e professores de dois colégios onde trabalha (também Norma trabalha em um deles), e eles foram “em peso”, inclusive uma aluna que é deficiente visual (Shellyn). O dia inteiro o mercado ficou tomado pela presença deles que, com os folhetos nas mãos, abordavam a todos, sem exceção. Eu vi muitas pessoas agradecendo os voluntários, enquanto entregavam: “Obrigado pelo gesto tão bonito”. Até gerente do supermercado foi contagiado por essa alegria, demonstrando grande disponibilidade em tudo o que era preciso. A característica principal da Coleta é sempre essa disponibilidade alegre vivida pelos voluntários. Essa alegria contagia a todos, como aconteceu com Tadeu, coordenador de um mercado. Uma funcionária ficou tão marcada pela postura dele que disse que tinha vontade de ajudar como voluntária, mas que não podia largar o trabalho; mas ao final deixou escrito: “a atitude de vocês é muito bonita, ajudar a quem precisa. Com isso Deus ajuda a vocês também. Que Deus os abençoe”. Esses fatos confirmam aquilo que Carrón fala da contemporaneidade de Cristo: “Nós vivemos graças a algo que está acontecendo agora, porque somente algo que está presente agora pode ser capaz de despertar o eu, e isso se chama ‘testemunho’”, alguém que torna presente agora o olhar de Cristo.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón