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OS FATOS

Uma rosa no meio do Monte Albán

10/03/2011 - Em uma das regiões mais violentas do mundo, nasce o centro de desenvolvimento comunitário Maria Guadalupe, em Oaxaca

Corria o ano de 1531 numa colina chamada Tepeyac, no noroeste da atual Cidade do México. A Virgem Maria apareceu a um índio muito pobre chamado Juan Diego e o enviou como mensageiro ao bispo frei Juan de Zumárraga, com a missão de lhe pedir a construção de uma igreja em Seu louvor. O bispo exigiu que Juan Diego lhe trouxesse uma prova da aparição. Então, rosas floresceram no alto da colina. Eram rosas castellanas, totalmente desconhecidas no México. Quando Juan Diego voltou a conversar com o bispo, abriu na frente dele seu manto (roupa típica mexicana) que estava forrado de flores e tinha impresso em seu interior uma imagem de Nossa Senhora morena.

No México cresceu também uma outra rosa: o centro de desenvolvimento comunitário Maria de Guadalupe, construído na colônia de Monte Albán, em Oaxaca, no sul do México. Essa região é conhecida como uma das mais perigosas de todo o México, devido aos seus altos índices de delinquência, e habitada por famílias extremamente pobres. Essas famílias vivem em casas simples, cercadas com chapas de metal ou madeira compensada; o bairro tem um precário abastecimento de água, quase sem energia elétrica ou serviços sanitários.

No meio desse lugar, com tais características, CRESCEMOS, filial de CESAL em Oaxaca (anteriormente denominada DIJO), está trabalhando desde 1997; e agora deu um passo adiante com a construção de uma casa para a comunidade, em meio aos barracos das famílias.

Assim, no último dia 2 de fevereiro aconteceu a inauguração do centro. Era uma manhã ensolarada; quando chegamos, foi possível perceber um certo nervosismo e uma alegria contida. A diretora de CRESCEMOS, Socorro del Rio, saudava, na entrada do centro, com um sorriso radiante, cada uma das pessoas que pouco a pouco iam chegando ao pátio interno, “salão de festa” improvisado para aquela solenidade.

Ao lado de Socorro estavam a coordenadora da Fundação MAPFRE no México, Marcela Quevedo, e até então diretora de Projetos Internacionais da Fundação Real Madri, Magacha Juste, ambas convidadas por CESAL. Também vieram da sede do CESAL em Madri Gilda Klett e Lucia Gallo, para verificar como se desenvolveu esse projeto financiado pelo Governo de Navarra, que havia se iniciado quase um ano antes. Junto a esse financiador, que nos apoia há vários anos, outra parte importante da construção foi possível graças ao apoio da empresa de energia de origem italiana ENEL.

O ato de inauguração começou com o corte da fita inaugural por parte das principais autoridades presentes: o governador de Oaxaca, Gabino Cue, o embaixador da Itália no México, Roberto Spinelli, e o núncio apostólico no país, Christophe Pierre. Em seguida, passou-se à bênção das instalações pelo arcebispo de Oaxaca, José Luis Chávez Botello, e uma rodada de saudações, por parte das citadas autoridades, dirigida à diretora do centro e ao diretor geral da ENEL Green Power México. Um grupo de representantes de diversas instituições estava presente no ato. Entre elas destacamos: o presidente municipal de Oaxaca, o diretor geral do Instituto Estatal de Educação Pública de Oaxaca, um representante da UNICEF, uma representante da empresa Ferrero Roche e dois representantes da Fundação italiana AVSI.
Antes de se passar para o segundo momento da inauguração, doze crianças entre 8 e 10 anos, dentre as 25 que compõem o grupo folclórico de CRESCEMOS, deleitaram os presentes com um repertório de danças tradicionais.

O ato de encerramento da jornada consistiu na realização de um forum intitulado “Alimentar a pessoa, energia para a vida: sociedade civil, empresas e governos frente à responsabilidade social com o bem comum”, no qual se destacaram as palavras do núncio: “O bem comum não é exclusivamente meu ou seu, e também não é a soma dos bens dos indivíduos, pois cria um novo sujeito, mudado, no qual cada um descobre o seu próprio bem, em comunhão com os demais. Por isso, o bem comum não pertence a uma entidade abstrata, como o Estado, mas às pessoas como indivíduos chamados à comunhão”.

O reflexo de um sujeito mudado é Estela, mãe de alguns meninos que frequentam o centro educacional que CRESCEMOS mantém na colônia Monte Albán.

“Meu nome é Estela e sou mãe de três crianças que frequentam o refeitório de CRESCEMOS. Antes da chegada de CRESCEMOS à colônia Monte Albán, eu não conhecia o meu próprio valor como pessoa, sempre me queixava dos problemas quotidianos, do peso que eram para mim os filhos, a limpeza da casa, cozinhar... Porém um dia minha irmã Chayo me mostrou um anúncio onde se pedia uma cozinheira para um restaurante. No começo, trabalhamos juntas e repartíamos o salário. Conheci a senhora Pili, encarregada desse restaurante, e percebi que ela era muito diferente de todas as outras pessoas que eu havia conhecido, pelo menos na maneira como enxergava o trabalho. Pouco a pouco conheci outras pessoas, como Socorro (diretora de CRESCEMOS). Eu não entendia como alguém que não conhecia ninguém na colônia podia criar um refeitório como aquele e dar de presente a comida a tantas crianças. E isso, na medida em que o tempo ia passando, me surpreendia cada vez mais.

O que mais me surpreende em todas essas pessoas é que além de oferecer comida, apoio educacional e empregar algumas pessoas da colônia, elas nos ofereciam algo mais preciso, o próprio coração. Agradeço a Deus por todos os amigos que encontrei neste lugar, porque graças à sua companhia aprendi a me valorizar, a me amar e a levar mais a sério minha família e minha vida. Gostaria de me despedir com uma frase que me acompanha faz muito tempo, dita por um amigo, Julián de la Morena: Os limites somos nós que os colocamos, pois o homem foi feito para o infinito”.

Esta viagem ao México, por causa da inauguração, nos permitiu também visitar várias atividades que estamos desenvolvendo em outras regiões do país. Em Campeche, graças ao apoio da Fundação Mapfre, a ONG YES administra um centro educacional e de formação, situado na colônia Monte Hidalgo. Esse centro atende 82 crianças pertencentes a famílias desfavorecidas, oferecendo-lhes reforço escolar, cursos de informática e inglês e várias atividades recreativas e esportivas, realizando também um acompanhamento familiar.
Por último, e já na Cidade do México, destacamos o projeto para a construção do Centro Sociocultural “Arboledas”, em Tlalplan, financiado pelo município de Móstoles. CESAL executa esse projeto através da Associação Religiosa Imaculada Conceição e pretendemos oferecer maior cobertura de alguns serviços que já existem, como: o dispensário médico, a escolarização de adultos, apoio ao estudo dos jovens, oficina de apoio integral à mulher, serviço de orientação e assessoria, entrega de cestas de alimentos e outras intervenções que, com os novos espaços que estão sendo criados, cheguem a beneficiar mais de mil pessoas.

Fonte: htpp://www.cvongd.org/showPress/62/184/

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