Não ao desespero, sim à esperança. Mas só se pode esperar se as empresas crescem. Isto é o que tem em mente Bernhard Scholz, presidente da Companhia das Obras a respeito do futuro do trabalho.
Scholz, qual é a estrada para o crescimento, para a criação de postos de trabalho?
É preciso vencer a suspeita que está muito presente na competição entre as empresas. Não é a vantagem imediata que as diferencia. Precisam crescer para criar empregos. É um problema da cultura geral, da sociedade e também político. O plano de desenvolvimento apresentado pelo Governo é um primeiro sinal embora ainda não suficiente.
Concretamente, então, quais passos são necessários?
A nossa associação empresarial está apontando para a formação e a internacionalização. No final de junho acontecerá em Moscou a primeira edição do Matching na Rússia: uma manifestação que tende a desenvolver e reforçar os relacionamentos entre empresas. Participarão mais de 100 pequenas empresas italianas. Pela formação, as empresas devem inovar, ter uma gestão financeira mais cuidada e perspicaz. O ponto central é: qual é o sentido do trabalho?”
Por que esta pergunta é tão importante?
Porque hoje não se pensa no trabalho também como contribuição ao outro, ao território. Um conceito individualista não leva em conta o bem comum e isso gera menos disponibilidade”.
Em resumo, um desafio de método?
“Não apenas. Na Itália assistimos à dispersão da capacidade de valorizar alguma atividade em vários setores econômicos. Não existe uma receita única para responder à pergunta sobre o futuro do trabalho. É preciso perguntar-se: em que âmbitos é possível fazer melhor que os outros?”.
E quais são?
“Junto à forte evolução dos serviços será pedida uma evolução do setor manufatureiro. Trata-se de valorizar, mais adiante, este know how e adaptá-lo aos novos cenários globais. Por exemplo, agregando-se, colocando-se juntos. O setor manufatureiro será, ainda nos próximos decênios, um plus do sistema produtivo italiano ainda maior que o setor da moda e o agroalimentar”.
Revalorizar o trabalho manual, então?
“Ninguém sabe fazer certas coisas tão bem quanto um trabalhador manual italiano. Por isso, acredito que o desprezo pelo trabalho manual seja um retrocesso cultural. Para desenvolver o trabalho manual é necessária uma grande inteligência; desagradar-me-ia que se perdesse esse patrimônio. Agora existe um enfraquecimento entre os jovens porque está muito difundida entre eles a filosofia do “ou tenho um diploma, ou não sou ninguém”. Os modelos culturais mais difundidos são contrários a esta revalorização do trabalho manual”.
Que é menos bem pago do que muitos trabalhos “intelectuais”...
“Sim, mas podemos remediar esta disparidade quando voltarmos a compreender realmente que uma empresa depende de quem nela trabalha e não apenas de quem a dirige. Através da imprensa, da universidade e das escolas, é preciso proceder à mudança cultural sobre isso. Trabalhar bem é uma grande vantagem para a pessoa: uma das maiores tarefas que pedimos aos empreendedores nossos associados é a de fazer as pessoas trabalharem bem. É daí que se começa”.
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