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OS FATOS

Voto e liberdade

O texto do panfleto

Eleições e liberdade: a primeira política é viver.
A fé cristã tem algo a dizer na presente circunstância?


Os peruanos elegeram democraticamente o novo Presidente da República. Na verdade, estas eleições se caracterizaram por uma situação verdadeiramente estranha: muitos votaram em Ollanta “torcendo o nariz”, como sinal de rejeição à ditadura experimentada com Fujimori, e outros, por sua vez, “torcendo o nariz”, votaram em Keiko, assustados pela obscura ideologia de Ollanta. Ou seja, em nome da defesa da Democracia, votou-se para não perder o bem da liberdade.
Em cada caso, o resultado diz que a maior parte das pessoas pede “mudanças”. Nestes dias, parece que esteja para surgir a tentação da utopia: o sonho de que a política - seja qual for a cor ou tendência - possa oferecer uma solução mágica, que elimine a dor, o mal e a injustiça, que liberte o homem e o salve. Bem sabemos o quanto está destinado à desilusão esse colocar a esperança em qualquer coisa de inconsistente como as utopias, que vem sendo, pontualmente, desmentidas pela História. Sabemos que precisamos, não de um “milagre” político mas, de um caminho.
Esta contingência é uma grande oportunidade para os católicos verificarem esta pergunta: a fé tem algo a dizer na presente circunstância?
Não se pode dar a vida por um “futuro melhor”, mas por um início presente, pela experiência presente do cristianismo como aurora de uma nova humanidade. Basta pensar em todo o mar de solidariedade, de comunhão, de trabalho pelos mais fracos que jorra, hoje, no Peru, na vida da Igreja, entre as pessoas mais marginalizadas e humildes. Um começo de mundo novo, presente agora. Somente pessoas que sabem por que vivem, e que amam sua própria vida e a de seus irmãos homens, são capazes de criar espaços de solidariedade realmente humana.
A política tem a responsabilidade de não impedir que estas experiências de vida nova cresçam e se comuniquem, no campo da educação, da cultura, da solidariedade, em toda a sociedade. O desejo de liberdade, critério que inspirou o voto de tantos, indica que se deve favorecer a iniciativa das pessoas e das comunidades de pessoas. O Estado não pode conceber-se como o “sujeito” que faz tudo, mas deve respeitar e promover a iniciativa da sociedade, mesmo onde não coincida com as ideias e os projetos do Governo. Neste sentido, a primeira colocada em jogo é a da educação: educar à beleza, à verdade, à justiça, à liberdade, ao amor. Encontramos e vivemos esta educação na experiência cristã. Um dos mais importantes educadores do século XX, Luigi Giussani, dizia: “Obriguem-nos a andar nus mas deixem-nos a liberdade de educar”.
É necessária mais liberdade para todos e isso ressalta a nossa responsabilidade de cristãos: a vida nova da qual fazemos experiência e que produz tantos frutos da mudança verdadeira na sociedade, esta vida queremos propor a todos, dando razão da sua capacidade de responder aos desejos e às necessidades verdadeiras de cada homem. Esta é a nossa única força, hoje como no início do cristianismo.

Comunhão e Libertação
Peru, junho 2011

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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