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OS FATOS

PM na USP: cenas já vistas antes

16/11/2011 - Seria lícito a ocupação do campus pela polícia? Onde estão as vozes divergentes que prezam a universidade como espaço de díálogo?

Em um país como o nosso, em que a democracia ainda é jovem e no qual muitas instituições ainda precisam se consolidar, uma ação como a da polícia na Universidade de São Paulo remete-nos imediatamente aos anos de ditadura. Nossos pais nos contam como a universidade, lugar da liberdade de pensamento, amor à verdade e palco de discussões, era ameaçada pelas forças militares, que se apresentava como “defensores da ordem”. A associação entre presente e passado se fortaleceu com algumas imagens veiculadas pela mídia nos últimos dias, onde se tinha a impressão que a força policial tratava com bandidos e não estudantes. Mas acaba aqui toda e qualquer semelhança!
A realidade é bem diferente. O campus da USP é um ambiente em que a criminalidade preocupa, principalmente no período noturno. A própria imprensa tornou público os casos de estupro e mais recentemente assassinatos. E todo o atual carnaval acontece porque três estudantes foram pegos usando droga ilícita e depois foram liberados. Não cabe aqui discutir se a maconha tem que ser legalizada. Pode até ser que tanhamos que ampliar os fóruns em qu se debata racionalmente sobre esse tema. Mas por enquanto isso é crime. E em um Estado de direito, como o nosso, a lei tem que ser respeitada, também na universidade.
Mas será ou não lícita a presença de uma força policial para defender a população uspiana da criminalidade? A nossa resposta é simples: como pessoas que frequentam aquelas áreas, principalmente à noite, parece-nos totalmente lícito. Vamos falar a sério. Aquilo que estamos assistindo é o espetáculo de uma minoria de estudantes que conseguiu mobilizar a sociedade com chavões ideológicos. Conseguiram o que queriam. Que triste espetáculo! Mas o que ninguém comenta é que o mais triste é uma outra coisa: a ausência de outras vozes entre os estudantes. Onde estão aqueles que pensam diferente? Onde as propostas alternativas? Onde se encontram estudantes e professores que amam a universidade e não a usufruem como instrumento de coerção político-ideológica?
Amar a universidade pelo que ela é não por quanto ela serve ao meu projeto. Cada vez mais a ideia deste jornal, pequeno e tímido, que começou entre amigos, demonstra-se atual e necessária. É isso que queremos ser: uma presença alternativa. Esperamos que o leitor periódico de nossos artigos chegue a essa conclusão.

(Artigo extraído do Bússola, jornal mensal dos Universitários do Movimento Comunhão e Libertação do Brasil)

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