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OS FATOS

O trabalho na Coleta 2015

01/12/2015 - Alguns testemunhos de como foi vivida a Coleta de Alimentos 2015. Aprofundamentos do artigo publicado na Passos 176 (dez/jan)

“Mais uma vez, a experiência da Coleta em Brasília foi muito bonita, porém diferente. Enfrentamos muitos desafios e também imprevistos, no período de preparação e também no dia mesmo da Coleta. Mas o que predominou foi disponibilidade e a alegria das pessoas, se doando para trabalhar como voluntários.
Fizemos alguns gestos de lançamento da Coleta 2015, como o ‘Esquenta da Coleta’ e um jantar italiano. Depois veio o encontro do Papa Francisco com os amigos do Banco de Alimentos na Itália. Assisti ao encontro e depois comecei a ler o texto todos os dias, pedindo que aquelas palavras se tornassem carne para mim. O Papa fala que ‘antes de tudo, devemos nos educar para a humanidade, para reconhecer a humanidade presente em cada pessoa, necessitada de tudo’. (...) ‘deveríamos olhá-los no rosto, olho no olho, apertar-lhes as mãos, vislumbrar neles a carne de Cristo’. Essas palavras se tornaram um pedido para mim, pois eu desejava olhar as pessoas dessa forma, em casa ou no trabalho, todos os dias e não só no dia da Coleta. E não é fácil se manter nessa postura. A amizade e companhia, muito objetiva, de algumas pessoas me ajudaram a não perder o olhar, retomando as razões do porquê nos envolvemos num gesto assim.
Um professor da escola em que trabalho, foi para ficar poucas horas no mercado, ficou tão contagiado pelo gesto e pela companhia dos amigos que, cheio de alegria, disse para a coordenadora: “Eu não consigo ir embora”. Nesse mercado, predominava a presença dos jovens, que com grande alegria, vibravam e aplaudiam as pessoas que faziam as doações.
O fato de que uma importante emissora de televisão tenha feito uma reportagem conosco, divulgando o gesto no horário do almoço, gerou uma rede de relacionamentos, que ainda continua. Algumas queriam ser voluntárias, outras fazer doação. Inclusive a repórter se comoveu durante uma conversa conosco, quando falamos do significado da Coleta e de como as pessoas têm um coração que deseja fazer o bem, e, depois, diante de uma senhora que fez uma grande doação e, comovida, disse que havia saído de casa desejando fazer o bem e que nos encontrar ali foi uma grande surpresa.
Imediatamente depois da reportagem, as pessoas começaram a ligar, desejando ajudar de alguma forma. A uma moça que queria fazer uma doação eu indiquei um mercado próximo à casa dela e fui encontrá-la no mercado. Ela levou a mãe e o irmão, conversamos novamente e mais uma vez me disse: ‘Quero ajudar, mas sozinha eu não consigo’. Eu também não, por isso chamei um amigo e o apresentei para ela dizendo: eu faço a Coleta junto com os meus amigos; dê uma olhada e veja: aqui tem pai, mãe, crianças, adolescentes, jovens. Fazer assim, com os amigos, é mais bonito. Ela me respondeu: ‘Não se esqueça de mim; vou ficar na sua cola’.
Eu a convidei para um gesto de caritativa no sábado seguinte, com adultos e colegiais. Fomos à Fazenda Esperança e ao final do passeio me disse que gostou muito e que gostaria de voltar e ficar mais tempo.
Ao final do dia da Coleta, um dia tão surpreendente, tão cheio de encontros, de beleza e de surpresas, eu estava muito cansada, mas cheia de alegria e gratidão. Demorei a pegar no sono pensando nos acontecimentos e nos rostos que foram o sinal visível da ternura de Jesus por mim.
Passadas três semanas da Coleta ainda estava recebendo ligação de pessoas que pegaram meu número por conta da reportagem na TV. Queriam saber informações da Coleta e dizendo que querem realizar alguma ação de caridade. A experiência continua...”

Ângela Rocha, Brasília (DF)

“A Coleta para mim foi um momento de presenciar muita beleza. Tudo ocorreu em harmonia completa, que com certeza veio de Deus. Era impressionante o cuidado da Mirtes, minha amiga querida, que nestes anos todos está junto neste gesto, com cada uma das pessoas que chegava para ajudar. Ela sempre foi cuidadosa, mas este ano tinha algo diferente, que transbordava. Recebia a pessoa com um abraço, ia até o andar de baixo (local de acesso ao supermercado) apresentá-la aos outros voluntários, volta e meia levava água e um biscoitinho. O mercado teve movimento baixo em relação aos mercados do mesmo porte, mas foi impressionante o montante arrecadado. Acredito que a maioria dos clientes fez sua doação. Só isto explica o resultado. Claríssimo também que esse resultado vem do trabalho primoroso de nossos voluntários que foram de ‘primeira qualidade’, como diria meu pai. Em nenhum momento ficamos descobertos de voluntários. Tudo providência Divina. Tivemos até voluntário idoso e criança.
Para mim o milagre maior aconteceu comigo. Eu estava apreensiva porque recebi a carta de apresentação e tinha de contatar o mercado antes da Coleta. Rezava toda vez que lembrava disso. Um dia me perguntei por que alguém tinha que ir comigo ao mercado para conversar com o gerente. A resposta foi ‘eu sou capaz e tem Alguém grande comigo”. Então eu fui. Livre, que nem parecia eu. Não resolvi tudo de primeira, precisei ligar depois e ir lá uma outra vez. Resultou que as atendentes se abriram e isso favoreceu o contato com elas no dia, pois a pessoa com quem tratei tudo não estaria no sábado.
Fiquei muito agradecida pelo que o Senhor me proporcionou este ano com a Coleta, começando pelo Encontro Nacional da Coleta de Alimentos em maio, em São Paulo, e nos meses seguintes. Que venha a Coleta do dia 5 de novembro 2016!
Regina Tavares, Brasília (DF)

“Muitas vezes fiquei emocionada quando abordava as pessoas na Coleta. Só depois me dei conta que a emoção era por estar ali. Ano passado não participei da Coleta, pois estava viajando, e gostei muito de participar novamente: a Coleta é uma experiência forte de testemunho, verdade, alegria e gratidão a Deus por tanta bondade”
Cléia, Petrópolis (RJ)

“Pude experimentar concretamente como é bom fazer o bem e como esta experiência contribui para o resgate do eu. Grato a vocês por proporcionarem esta oportunidade. Obrigado pelo empenho em tornar a Coleta um acontecimento de beleza”.
José Roberto Cosmo, Petrópolis (RJ)


Mário é um amigo que veio de Angola para estudar Engenharia em Petrópolis, e, morando no Brasil há menos de 6 meses, interessou-se em fazer a Coleta: “Era o sétimo dia do mês de Novembro quando me foi dada uma missão que aos meus olhos, homem, parecia coisa estranha porque nunca antes tivera vivido algo igual; algumas vezes algo semelhante a isso pelo objetivo, que era de ajudar os mais necessitados através de bens doados por pessoas de boa fé. Penso eu que cada um de nós já fez um ato de caridade, seja ajudando alguém com bens materiais, bem como com o apoio moral (alguém talvez pergunte: como podemos fazer caridade com o apoio moral?). Eu penso que as pessoas não precisam de nada mais nada menos que um gesto de amor para se darem conta que elas são valorizadas e amadas, e no fundo foi isso que nós fizemos doando bens. Estes bens alimentares com certeza um dia irão acabar, depois de servirem de alimento para as pessoas, mas o gesto de amor que demonstramos a estas pessoas nunca terá fim e isso para mim é caridade. Foi um ato muito lindo que vivi e das quais nunca serão destruídas do meu coração as memórias do que vivi!”.