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OS PAPAS NA HISTÓRIA

João II – A excomunhão dos “insones”

por Eugenio Russomanno
22/12/2011 - Dando prosseguimento à série de textos sobre alguns dos pontífices mais importantes da história, dedicamos este décimo quarto texto aos acontecimentos em torno de um Papa que lutou pela unidade da Igreja ao lado do imperador Justiniano
Papa João II.
Papa João II.

No dia 2 de janeiro de 533, foi eleito ao pontificado “um candidato de consenso”, Mercúrio, um velho sacerdote da Basílica de São Clemente em Latrão; visto que se chamava Mercúrio, ou seja, o nome de uma divindade pagã, mudou seu nome para João, assumindo o nome do seu predecessor, Papa João I. Foi, de fato, o primeiro Papa a mudar o nome, fato que se tornou costume a partir de Gregório V (996-999).
Papa João II tinha bons relacionamentos tanto com o ostrogodo rei da Itália, Atalarico (526-534), quanto com o imperador do Oriente Justiniano (527-565). E é exatamente à relação entre o Papa João II e o imperador Justiniano que está ligado o episódio mais significativo deste pontificado.
Um decreto de Justiniano reconhecia a doutrina dos primeiros quatro concílios universais: o primeiro Concílio de Niceia (325), o primeiro Concílio de Constantinopla (381), o Concílio de Éfeso (431) e o Concílio da Calcedônia (451). Mas, o decreto incluía uma fórmula dogmática suscetível a interpretações, que, por exemplo, o Papa Ormisda havia recusado: “Um da Trindade sofreu na carne”. Para Justiniano o reconhecimento pontifício da fórmula interessava particularmente para conquistar para si, para a Igreja, mas sobretudo para a unidade do Império, os seguidores de uma doutrina muito difundida no Oriente, o monofisismo. Tal doutrina se opunha ao Concílio da Calcedônia, afirmando que Cristo tinha apenas uma natureza, enquanto que para o concílio havia duas naturezas em Cristo.
Os monges orientais Acêmetes – do grego akoìmetos, insones – de Constantinopla, grandes apoiadores da ortodoxia calcedonesa recorreram ao Papa contra a fórmula dogmática: João II tentou convencê-los a abandonarem a própria posição, mas, diante de sua recusa, os excomungou. O Papa escreveu ao imperador declarando ortodoxo o seu decreto. E Justiniano ficou muito feliz, inserindo no próprio Codex tanto a sua carta como a resposta do Papa. João II morreu no dia 8 de maio de 535.

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