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OS PAPAS NA HISTÓRIA

Sérgio I – Toda a Itália do lado da Igreja

por Eugenio Russomanno
28/02/2012 - Dando prosseguimento à série sobre alguns dos mais significativos pontífices da história, dedicamos este décimo sétimo texto à vida do Papa que evangelizou os Saxões e que “preferiu morrer a aprovar os erros do imperador”
O ícone de Sérgio I conservado<br> na Basílica de São Paulo Extramuros.
O ícone de Sérgio I conservado
na Basílica de São Paulo Extramuros.

“Desde o início do seu pontificado [687-701] Sérgio demonstrou ser muito enérgico e à altura de sua missão”, escreveu John Kelly no Grande Dicionário Ilustrado dos Papas. Não apenas Papa, mas também santo, provavelmente porque, como se lê no Martirológio Romano, “recolocou no lugar muitas controvérsias e discórdias, preferindo morrer a aprovar os erros”.
Antes de mais, ele afirmou a autoridade de Roma no Ocidente com sucesso: por exemplo, exigiu que Damiano, novo bispo de Ravena, para ser consagrado, se dirigisse a Roma. “Sérgio se dedicou muito à igreja inglesa”, assumindo com empenho a evangelização dos saxões: batizou o rei dos saxões Caedwalla, concedeu o pálio (insígnia pontifical que pode ser concedida pelo Papa como sinal honorífico) a Berthwald, arcebispo de Canterbury e ordenou que Wilfrid retornasse à Sé de York. No seu pontificado, um fato digno da grande história foi a paz religiosa que reconquistou junto ao patriarcado de Aquileia: em 700, de fato, Sérgio readmitiu Aquileia à comunhão, visto que havia se desligado de Roma no tempo da condenação dos “Três Capítulos”; a propósito disto, é preciso esclarecer algumas coisas: a controvérsia dos Três Capítulos diz respeito à condenação por parte da Igreja de Teodoro de Mopsuéstia, de Teodoreto de Ciro e de Ibas de Edessa; na cristologia destes três mantinha-se a ideia da separação das duas naturezas em Cristo. O termo deriva do texto do edito formulado contra os três autores em três anátemas.
Mas, o fato talvez mais importante e decisivo do pontificado de Sérgio foi sua posição firme e vencedora contra os “erros” impostos à Igreja, com violência, por parte do imperador Justiniano II. O imperador, em 692, convocou uma assembleia de bispos orientais (o Ocidente estava ausente) para completar os trabalhos do V (553) e do VI (680) concílios ecumênicos (o novo concílio foi chamado, por isso, de Quinisexto). Mas, este concílio, de inspiração oriental, ignorava totalmente as ordens e os cânones da Igreja do Ocidente e da Igreja de Roma (por exemplo, eliminava o celibato eclesiástico e restaurava o cânon 28 da Calcedônia que, contra a posição do Papa e da Igreja romana, definia Constantinopla como segunda sede patriarcal depois de Roma). Sérgio recusou de forma resoluta a assinar os atos deste concílio: então, Justiniano recorreu à violência, mandando a Roma o protospatário (no império bizantino, era o governador de uma província) Zacarias comandando uma milícia imperial. A ordem era clara: ou o Papa assinava ou então deveria ser feito prisioneiro e conduzido a Constantinopla. Mas, eis a surpresa da Providência: vindas de toda a Itália e de toda Roma, milícias compostas por cidadãos italianos acudiram o pontífice. “Vindo como caçador, Zacarias se viu como lebre em busca de refúgio”, escreveu Domenico Agasso; o encontraram “encolhido debaixo da cama do Papa”, escreveu o historiador alemão Gregorovius. Sérgio havia vencido.
Quanto ao que diz respeito à política interna da Igreja, Papa Sérgio conseguiu restaurar e decorar muitas igrejas, trasladou para um sepulcro mais digno o corpo do Papa São Leão Magno, introduziu o canto do Agnus Dei na missa (ele mesmo, um excelente e famoso cantor, havia feito parte da schola cantorum de Latrão), exaltou as quatro grandes festas da Beata Virgem Maria (Anunciação, Dormição, Natividade e Purificação). Santo, a sua festa se celebra no dia 8 de setembro.

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