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OS PAPAS NA HISTÓRIA

CLEMENTE V. Uma nova morada em Avignon

por Eugenio Russomanno
30/07/2013 - Com Clemente V, continua a série sobre alguns entre os mais significativos pontífices da história. Especialista em direito e equilibrado nos juízos, mas frequentemente vítima das pressões do rei Felipe IV da França
Papa Clemente V.
Papa Clemente V.

Aos 5 de junho de 1305, depois de onze meses de discussões e manobras, o Colégio dos Cardeais elegeu à cátedra pontifícia Bertrand de Got, arcebispo de Bordeaux. A característica principal do papado de Bertrand, eleito com o nome de Clemente V, foi sua excessiva sujeição ao rei Felipe IV de França (1285-1314). Uma sujeição testemunhada pelos dois fatos pelos quais o pontificado de Clemente V passou para a história: a transferência da sede papal para Avignon (1309) e a supressão da Ordem dos Cavaleiros Templários (1312).
O rei francês mantinha constantemente sob controle o Papa: por exemplo, quando este nomeou dez cardeais em dezembro de 1305, nove deles, entre os quais quatro sobrinhos, eram franceses; ulteriores nomeações em 1310 e em 1312 reforçaram o poder francês sobre o Sacro Colégio.
Quanto à sede de Avignon, na verdade Clemente V tinha a séria intenção de transferir-se para Roma, mas acabou cedendo às pressões de Felipe e em março de 1309 estabeleceu-se com a cúria em Avignon, inaugurando os 70 anos do “Cativeiro de Avignon” do papado. Mas precisa esclarecer que Avignon não pertencia à Coroa de França mas a um vassalo papal, o rei angevino de Nápoles; além disso, nas reais intenções do Papa a sua residência naquela cidade tinha um caráter provisório.
A condição de dependência de Clemente tornou-se “penosamente” evidente quando Felipe se serviu dele para vingar-se de Bonifácio VIII: o rei pressionou continuamente para que Clemente condenasse o Papa defunto. O historiador John Kelly escreve: “O preço que Clemente teve que pagar foi humilhante: a reabilitação dos cardeais Colonna e a plena indenização daquela família, a anulação de todos os atos de Bonifácio prejudiciais para os interesses da França, a absolvição de Guilherme de Nogaret, ministro do rei que havia guiado o assalto a Bonifácio em Anagni, a publicação da bula Rex Gloriae que elogiava Felipe pelo zelo manifestado na ação desenvolvida contra o Papa defunto e a canonização de Celestino V”.
Igualmente humilhante foi a colaboração do papa Clemente com o rei francês na supressão da Ordem dos Cavaleiros Templários. Estes, tendo voltado da Terra Santa, tinham se tornado grandes banqueiros e proprietários de enormes riquezas: Felipe muito provavelmente e muito simplesmente desejava apossar-se das mesmas, e aos 13 de outubro de 1307 mandou prender todos os templários de França. A vontade de Clemente cedeu mais uma vez, também por causa de várias ameaças: durante o Concílio Ecumênico - considerado o XV - de Vienne (de outubro de 1311 a maio de 1312), aos 22 de março de 1312 o Papa decidiu dissolver a Ordem dos Templários com o decreto Vox in excelso. Clemente estabeleceu que as propriedades francesas dos Templários fossem alocadas aos Hospitalários (os Cavaleiros de São João de Jerusalém), mas praticamente Felipe fez pilhagem delas.
Em 1313 Clemente V publicou a famosa bula Pastoralis cura na qual, superando até mesmo as ideias teocráticas de Bonifácio VIII, afirmava com força a superioridade do papado sobre o império. Tentou compor a antiga disputa entre os franciscanos e os espirituais acerca da natureza da pobreza evangélica por meio de um equilibrado juízo na bula Exivi de Paradiso. Perito em direito, promulgou em 1314 a coletânea das suas decretais e de seus predecessores, conhecida como Clementinas. Morreu aos 20 de abril de 1314.

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