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OS PAPAS NA HISTÓRIA

PIO II. E um poeta laureado tornou-se Papa

por Eugenio Russomanno
04/12/2013 - Após uma vida dedicada ao estudo, vive a conversão. Empenhado pela unidade da Igreja e da Europa, canonizou Santa Catarina de Sena e escreveu ao sultão para pedir que se convertesse
Pinturicchio, Pio II canoniza Caterina de Sena
Pinturicchio, Pio II canoniza Caterina de Sena

Eneias Sílvio Piccolomini nasceu aos 18 de outubro de 1405 em Corsignano, que posteriormente viria a chamar-se Pienza em sua homenagem, perto de Sena. O jovem Eneias transcorreu a infância e a adolescência como camponês; depois, durante oito anos dedicou-se ao estudo da cultura humanista, tornando-se um dos mais famosos humanistas da época. Até a idade de 40 anos conduziu uma vida devassa, semelhante à de outros humanistas de seu tempo.
Quando o rei Frederico III de Germânia (1440-1493) teve oportunidade de conhecê-lo e de admirar o seu singular talento literário, coroou-o poeta laureatus e o convidou a ficar a serviço da corte. Eneias aceitou e se tornou íntimo amigo do chanceler do rei, Gaspar Schlick. Uma grave doença e uma profunda conversão fizeram-no aproximar-se da Igreja em maneira autêntica: aos 4 de março de 1446 foi ordenado presbítero, em 1447 foi nomeado bispo de Trieste, primeiro, e, depois, de Sena. em 1456 alcançou o cardinalato; pertence a este período a sua importante obra Historia rerum Friderici III imperatoris.
Foi eleito Papa aos 19 de agosto de 1458 e escolheu o nome de Pio recordando o pius Aeneas de Virgílio. O novo Papa fez da organização de uma cruzada o seu objetivo predominante: durante anos havia exortado à resistência contra a avançada dos Turcos na Europa. Convocou um congresso de monarcas cristãos em Mântua para o dia 1° de junho de 1459. Mas, quando o congresso, depois de muitas demoras, enfim se reuniu, as propostas do Papa para juntar tropas e dinheiro encontraram logo muitas oposições. A almejada cruzada não se realizou.
Pio II constatou um declínio da influência papal na Europa, devido, em sua opinião, sobretudo ao aumentado prestígio dos concílios: ele, então, publicou a bula Execrabilis (18 de janeiro de 1460) com a qual condenava a possibilidade, para qualquer futuro concílio, de toda apelação contra o Papa. No ano seguinte canonizou santa Catarina de Sena.
Escreve o historiador John Kelly: “Todas estas dificuldades, bem como as obrigações dos compromissos ligados à cruzada, impediram Pio - consciente mais do que qualquer outro do descontentamento difundido em toda a Europa contra a cúria - de levar a termo o programa de reforma, tanto geral como da cúria, ao qual ele se tinha dedicado desde o primeiro momento do seu pontificado... A cruzada ficava sempre no centro de sua atenção e, nos anos 1460-1461, abandonado pelos monarcas europeus, ele preparou sua extraordinária Carta ao sultão Maomé II: esta continha uma detalhada refutação do Alcorão, uma exposição da fé cristã e, por fim, um apelo a Maomé para que abandonasse a fé islâmica, se fizesse batizar e aceitasse a coroa do império do Oriente. A carta não obteve resultado algum, mas é útil para lançar alguma luz sobre o mundo interior e sobre as aspirações idealistas do Papa”.
No fundo, Pio II havia tentado empreender uma obra enérgica de reforma: por determinação dele, Nicolau Cusano apresentou um amplo programa para uma reforma geral da Igreja inteira e Pio II havia já esboçado a bula de implementação. Mas lhe censuraram seu passado reprovável. Em resposta, Pio II em sua Bula de retratação (1463) reconheceu honestamente seus precedentes erros e pediu: “Aeneam rejicite, Pium recipite” (Rejeitem Eneias, Recebam Pio).
Morreu em Ancona aos 15 de agosto de 1464. Seus dotes brilhantes, a experiência extraordinária e o seu talento literário o tornam um dos Papas mais notáveis do Renascimento. A sua conversão moral foi profunda e duradoura, a sua concepção de uma Europa cristã unida foi totalmente original e fonte de renovação.

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