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OS PAPAS NA HISTÓRIA

ADRIANO VI. Dois anos de aspirações

por Eugenio Russomanno
28/11/2014 - Na série sobre alguns entre os mais significativos pontífices da história, o holandês que combateu o protestantismo. Para “iniciar com a máxima energia a reforma da Igreja”

Adriano Florensz Dedal nasceu em Utrecht dia 2 de março de 1459, filho de um carpinteiro especializado em construções navais e da devota dona Gertrude. O pai morreu muito cedo e Gertrude mandou o filho para junto dos Irmãos da Vida comum: aqui aprendeu aquele senso religioso e aquela alta concepção da vida que ficaram em seguida como constantes fundamentais de seu agir.
Terminado o primeiro ciclo de estudos junto aos Irmãos, Adriano entrou na universidade de Lovânia em 1476, onde estudou por dois anos Filosofia e por dez Teologia e Direito canônico; a seguir, um interessante período de sucesso acadêmico como professor.
Em 1507 o imperador Maximiliano Iº o nomeou tutor do neto Carlos, o futuro Carlos V. Em 1517 foi eleito cardeal de Utrecht por expresso pedido de Carlos a papa Leão X. A confiança que o imperador Carlos V havia depositado nele e a sua reputação de alta moralidade contribuíram para a sua eleição a Papa.
Adriano VI julgou que as suas tarefas principais fossem duas: antes de tudo a de combater a reforma protestante, renovando a administração da cúria papal; em segundo lugar, a de canalizar as forças da Europa cristã contra os Turcos. Adriano expôs este programa no seu primeiro consistório, que ocorreu no dia 1° de setembro de 1522.
No que diz respeito ao primeiro ponto, “os cardeais ficaram atônitos com a sua relutância distribuindo lucrativos benefícios nos modos tradicionais e também com a sua firme vontade de purificar a cúria secularizada: ao invés de cooperar com ele dificultaram toda sua tentativa de introduzir melhorias; desse modo ele ficou sempre mais isolado e em contato só com poucos íntimos espanhóis ou flamengos”, especifica o historiador John Kelly. Já August Franzen anota: “Adriano VI viu fracassar as suas sérias tentativas de reforma por causa de tal contexto... Já na Dieta de Nuremberga de 1522-23, Adriano VI reconheceu com franqueza as culpas da cúria e prometeu iniciar com a máxima energia a reforma da Igreja”; na Dieta de Nuremberga o Papa, fazendo-se representar por Francisco Chieregati, admitiu francamente que a primeira responsável das desordens explodidas na Igreja era a própria cúria (impressionante confissão de culpa da cúria justamente definida o primeiro passo rumo à Contrarreforma).
Um outro fator contribuiu a engrossar a legião dos inimigos do novo Papa: a sua atitude com os artistas e literatos e, em geral, com aquele mundo de cultura e de gosto tão em auge sob o antecessor: Adriano, em sua propensão para o estudo isolado e a meditação, em sua alta piedade individual, em sua incompreensão da arte e da poesia, representava, para os contemporâneos, o contraste mais marcante com o mecenato e o esplendor do pontificado de um Médici.
No tocante à questão turca, as suas tentativas de mobilizar uma frente europeia contra os Turcos foram afetadas por grosseiros erros diplomáticos e, por fim, fracassaram.
O pontificado de Adriano VI foi um pontificado cheio de ótimas aspirações mas demasiadamente breve para realizá-las. Morreu em 1523 e foi sepultado em Santa Maria dell’Anima onde um sumptuoso monumento fúnebre foi erguido em sua honra.


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