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Prontos a dar a razão
da esperança que está em nós

09/06/2011 - Publicamos o panfleto de Comunhão e Libertação após a experiência da campanha eleitoral e das últimas eleições administrativas na Itália

Como qualquer outra circunstância da vida, também as eleições administrativas obrigaram cada um de nós a tomar posição e a assumir a sua própria responsabilidade. Principalmente desta vez não foi fácil ir além das aparências e dos lugares-comuns alimentados pelo mundo político e pela opinião dominante.
Desde o início nos dissemos: somos cristãos e, portanto, antes de qualquer cálculo eleitoral e antes de saber qual será o resultado final, queremos verificar se a fé tem algo a dizer também nesta ocasião – em outras palavras, se tem incidência histórica – ou se deve renunciar ao jogo, resignando-se ao papel de “cortesã” de quem vier a conquistar o poder ou de “consoladora” para quem for derrotado.
Muitos aceitaram o desafio e se lançaram na verificação, concretamente, indo ao encontro das pessoas nas feiras, na frente das igrejas, nos prédios e nos locais de estudo e de trabalho. E o que é que se viu? Um desejo difuso e confuso de mudança, mas também muito ceticismo – e não só no âmbito da política. Às vezes uma agressividade gritante e exagerada. E principalmente um mar de necessidades e de solidão. Onde foi possível quebrar o muro dos preconceitos e da hostilidade, quanta humanidade ferida e provada pela vida apareceu, quantas pessoas pareciam não esperar outra coisa senão alguém disposto a estar diante delas, simplesmente!
Assim, estas eleições converteram-se numa oportunidade para escutar, para dar-se conta de necessidades e de dramas inimagináveis, às vezes para estender uma mão e oferecer ajuda. Em algumas situações bastou uma troca de números de telefone para despertar desejo e esperança.

O que é que tornou possível tudo isso? Certamente não uma esperteza e uma dialética política. É preciso mais do que isso para perfurar a crosta da qual muitos se revestiram para se defenderem de uma realidade que não satisfaz. Agora, frente a uma necessidade tão profunda, pode surgir a tentação da utopia: o sonho de que a política – de qualquer cor ou tendência – possa oferecer uma solução mágica que elimine a dor, o mal e a injustiça, liberte o homem e o salve. No entanto, sabemos bem quão decepcionante é depositar a esperança numa coisa inconsistente como as utopias, que a história pontualmente negou. Por isso nos repetimos: “Não esperemos um milagre, mas um caminho”. Por isso compartilhamos com qualquer pessoa a única coisa real que temos: uma experiência de novidade humana, que demonstrou ser capaz de nos dar uma plenitude e uma positividade em qualquer circunstância nos encontremos.

Depois destas eleições, ressoam atualíssimas as palavras que Dom Giussani dirigiu a um jovem que encontrou na Universidade Católica no final dos anos Sessenta, o qual considerava a revolução como a única forma para incidir na história: As forças que movem a história são as mesmas que tornam o homem feliz. A força que faz a história é um homem que estabeleceu sua morada entre nós, Cristo. A redescoberta disso impede a nossa distração como homens. O reconhecimento disso introduz a nossa vida na inflexão da felicidade, mesmo que intimidada e cheia de uma reticência inevitável. É no aprofundamento dessas coisas que a pessoa começa a tocar os ombros pela manhã e a sentir o seu próprio corpo mais consistente e a olhar-se no espelho e a sentir o seu próprio rosto mais consistente, a sentir o seu próprio eu mais consistente e o seu próprio caminho entre as pessoas mais consistente, não dependente dos olhares dos outros, mas livre; não dependente das reações dos outros, mas livre; não vítima da lógica de poder dos outros, mas livre”.

As eleições provocaram em nós uma consciência maior de quais são “as forças que movem a história” e a sermos menos ingênuos a respeito do poder salvífico da política. Só a fé torna mais humana a vida agora: põe em movimento uma vibração diante da nossa necessidade e da dos outros, desencadeia uma paixão pelo destino de cada indivíduo com que se depara, até abrir uma possibilidade de diálogo com diferentes pessoas, decepcionadas ou com raiva.

E agora? Não desejamos outra coisa senão a liberdade – para nós e para os outros – de construir e de compartilhar a nossa experiência com todos, a começar por aqueles que temos encontrado nestes meses, pelas suas necessidades. A política – quem venceu, mas também quem perdeu – será capaz de reconhecer essa novidade de vida no presente e de defendê-la como um bem para todos?
Quando nascemos, pedimos uma única coisa a quem então comandava: “Mandem-nos andar nus, mas deixem-nos a liberdade de educar”. Naquela época como hoje, Comunhão e Libertação existe só por isso. Pedimos demais?

Comunhão e Libertação

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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