O sensus Ecclesiae – que nos salva da "absurda dicotomia" de ser "cristãos sem Igreja" - baseia-se em três pilares: humildade, fidelidade e serviço da oração. Afirmou o Papa Francisco na missa celebrada na quinta-feira, 30 de janeiro na capela de Santa Marta.
Um pensamento que se relaciona com um trecho do segundo livro de Samuel (7,18-19.24-29) que ouvimos hoje. O Trecho narra o pensamento de "Davi, muito bondoso com o Senhor", que reflete: "Eu vivo num palácio, mas a arca do Senhor está numa tenda: façamos um templo". A resposta do Senhor é negativa: "Não, tu não o farás, fárá teu filho!". E "Davi aceita, mas aceita com alegria", apresentando-se diante de Deus e falando "como um filho a um pai". O Pontífice aprofundou o significado desta ação em três pontos: humildade, fidelidade e serviço da oração.
Quanto ao primeiro, o Bispo de Roma explicou que “uma pessoa que não é humilde não pode sentir com a Igreja: sentirá aquilo que lhe agrada”. Portanto, a humildade verdadeira “vê-se em Davi”, o qual pergunta “Quem sou eu, Senhor Deus, e o que é a minha casa?”. Davi está ciente de que a história de salvação não começou comigo e não terminará quando eu morrer. Não! É exatamente uma história de salvação”, através da qual “o Senhor, te alcança e te faz ir em frente e depois chama-te; e a história da Igreja começou antes de nós e continuará depois de nós”. Porque nós “somos uma pequena parte de um grande povo que caminha pelas veredas do Senhor”.
A fidelidade, segundo pilar, está “relacionada com a obediência”. A este propósito o Papa Francisco voltou a propor a figura de Davi que “obedece ao Senhor e é também fiel à sua doutrina, à sua lei”: portanto, “fidelidade à Igreja, fidelidade ao seu ensinamento, fidelidade ao Credo, fidelidade à doutrina e preservação da doutrina”. Deste modo, “humildade e fidelidade” caminham juntas. “Também Paulo VI – disse – nos recordava que recebemos a mensagem do Evangelho como um dom. E devemos transmiti-la como um dom. Não como uma coisa nossa. É um dom recebido que damos”. E “nesta transmissão” é preciso “ser fiéis, porque nós recebemos e devemos dar um Evangelho que não é nosso, que é de Jesus. E não nos devemos tornar donos do Evangelho, donos da doutrina recebida para a usar a nosso bel-prazer.
Com humildade e fidelidade, “o terceiro pilar é o serviço: serviço na Igreja. Há o serviço a Deus, o serviço ao próximo, aos irmãos”, explicou o Santo Padre, “mas eu menciono apenas o serviço a Deus”. Ponto de partida é ainda a atitude de Davi: quando “termina a sua reflexão diante de Deus, que é uma oração, reza pelo povo de Deus”. É precisamente “este o terceiro pilar: rezar pela Igreja”.
Portanto, resumiu o Pontífice, a humildade nos faz compreender que “estamos inseridos numa comunidade como uma grande graça” e que “a história da salvação não começará comigo, não acabará comigo: cada um de nós pode dizer isto”. Ao contrário, a fidelidade recorda-nos que “recebemos o Evangelho, uma doutrina” à qual ser fiéis e que devemos preservar. E o serviço estimula-nos a ser constantes na “oração pela Igreja”. Ao concluir, desejou: “O Senhor nos ajude a caminhar por esta estrada a fim de aprofundar a nossa pertença à Igreja e o nosso sentir com a Igreja”.
Fonte: L’Osservatore Romano
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