Jesus deve ser anunciado e testemunhado com força e clareza, sem meias-medidas, voltando sempre à fonte do “primeiro encontro” com ele e sabendo viver também a experiência da “escuridão da alma”. O “ícone do discípulo” traçado pelo Papa Francisco corresponde às características de João Batista. E foi precisamente sobre a figura do precursor que o Papa centrou a meditação na missa celebrada na sexta-feira 7 de Fevereiro em Santa Marta.
Partindo da narração da sua pregação e morte, descrita pelo Evangelho de Marcos (6, 14-29), o Papa disse que João é “um homem que teve uma vida breve, um tempo breve para anunciar a palavra de Deus”. Ele era o homem que Deus enviou para preparar o caminho do seu Filho.
O Pontífice traçou o perfil de João Batista indicando três características fundamentais. “O que fez João? Antes de tudo – explicou – anunciou o Senhor. Anunciou que o Salvador, o Senhor, estava próximo; que o Reino de Deus estava próximo”. Um anúncio que ele “fez com vigor: batizava e exortava todos a converter-se”. João “era um homem forte e anunciava Jesus Cristo: foi o profeta mais próximo de Jesus Cristo. Tão próximo que precisamente ele o indicou” aos outros. Com efeito, quando viu Jesus, exclamou: “É ele!”.
Como Jesus, disse ainda o Papa, “também João teve o seu Horto das oliveiras, a sua angústia na prisão quando pensava que errou”. Por isso ele “envia os seus discípulos perguntar a Jesus: diz-me, és tu ou errei e há de vir outro?”. É a experiência da “escuridão da alma”, da “escuridão que purifica”. E “Jesus respondeu a João como o Pai respondeu a Jesus: confortando-o”.
Precisamente falando da “escuridão do homem de Deus, da mulher de Deus”, o Papa Francisco recordou o testemunho “da beata Teresa de Calcutá. A mulher que todo o mundo louvava, o prêmio Nobel! Mas ela sabia que num momento da sua vida, longo, dentro havia só a escuridão”. Também “João passou por esta escuridão”, mas foi “anunciador de Jesus Cristo: não se apropriou da profecia” tornando-se “imitador de Jesus Cristo”.
Em conclusão o Papa Francisco sugeriu um exame de consciência “sobre o nosso discipulado” através de algumas perguntas: “Anunciamos Jesus Cristo? Aproveitamos ou não da nossa condição de cristãos como se fosse um privilégio?”. A este propósito é importante olhar para o exemplo de João que “não se apropriou da profecia”.
E por fim, mais uma pergunta: “Caminhamos pela via de Jesus Cristo, o caminho da humilhação, da humildade, do abaixamento pelo serviço?” Para o Pontífice, se nos apercebemos qde ue não somos “determinados nisto”, é bom “questionar-nos: mas quando aconteceu o meu encontro com Jesus Cristo, aquele encontro que me encheu de alegria?”. É uma maneira de voltar espiritualmente àquele primeiro encontro com o Senhor”, “voltar à primeira Galileia do encontro: todos nós temos uma!”. O segredo, disse o Papa, consiste precisamente em “voltar lá: voltar a encontrar-nos com o Senhor e ir em frente por este caminho tão bonito, no qual ele deve crescer e nós devemos morrer”.
Fonte: L’Osservatore Romano
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