Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 41 de 9 de Outubro de 2014
Que significa rezar? “Fazer memória da nossa história diante de Deus. Porque a nossa história” é “a história do seu amor para conosco”. O Papa Francisco escolheu como ideia-guia da própria homilia do dia 7 de outubro o “fazer memória”.
Introduzindo a reflexão, iniciou explicando como muitas vezes a Bíblia recorda “que o Senhor escolheu o seu povo e o acompanhou durante o caminho no deserto, por toda a vida”. Praticamente “Ele esteve próximo”, tendo-o escolhido e prometido que “o levaria para uma terra de alegria e felicidade”; caminhou com este povo e com ele estipulou uma aliança. Quanto “Deus fez com o seu povo — atualizando o discurso —o fez e faz com cada um de nós”. De fato, prosseguiu, “nós fomos escolhidos”.
Eis o convite a “fazer memória desta realidade” na oração diária, que para o Papa nasce da constatação de que esta atitude é “um hábito incomum entre nós. Vivemos o momento e depois esquecemos a história”. E evidenciou que “cada um de nós tem uma história: de graça, de pecado, de caminho”. Portanto, “faz bem rezar com a nossa história”. Precisamente como “São Paulo, que narra um pouco da sua história”, dizendo: “Ele escolheu-me. Chamou-me. Salvou-me. Foi o meu companheiro de caminho”. A ponto que as pessoas que conheciam a sua vida repetiam: “Aquele que antes nos perseguia, agora anuncia a fé que outrora queria destruir”.
Portanto, “fazer memória da própria vida é dar glória a Deus”. E também “fazer memória dos nossos pecados, dos quais o Senhor nos salvou, é dar glória a Deus”.
Pensemos no que o Senhor diz a Marta: “Preocupas-te com muitas coisas, mas de uma só tens necessidade”, enquanto “Maria escolheu a melhor parte”. Qual? “Ouvir o Senhor e fazer memória”. Eis por que “não se pode rezar todos os dias como se não tivéssemos uma história. Cada um de nós tem a sua. E rezamos com esta história no coração”. Neste caso o modelo é Maria; e, no entanto, nos assemelhamos mais a Marta, porque como ela “muitas vezes nos deixamos levar pelos trabalhos, pelo dia-a-dia, pelas coisas que devemos fazer”, e acabamos por esquecer a nossa história.
A história da “nossa relação com Deus” que “não começa no batismo: neste dia é selada”. Na realidade começa “quando Deus, desde a eternidade, olhou para nós e nos escolheu”. Enfim, é uma história que “inicia no coração de Deus”.
Concluindo, o Santo Padre frisou que “esta é a verdadeira oração”, sugerindo que “humildemente” poderíamos começar “a nossa oração com o bonito salmo 138”, proclamado durante a liturgia da Palavra.
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