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DE SANTA MARTA

São as mulheres que transmitem a fé

29/01/2015 - O resumo das homilias de Papa Francisco durante as missas matutinas celebradas na capela Domus Sanctae Marthae

Homilia de 26 de janeiro, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 5 de 29 de janeiro de 2015

Nem timidez nem vergonha de ser cristãos. Porque a fé “é um espírito de força, caridade e prudência”. Foi este o ensinamento que o Papa Francisco tirou da memória litúrgica dos santos Tito e Timóteo, discípulos do apóstolo das nações.

Refletindo em particular sobre a primeira leitura — tirada da segunda carta de São Paulo a Timóteo (1, 1-8) — para frisar que a fé cristã nos dá “a força para viver, quando reavivamos este presente de Deus. Dá-nos amor e caridade”, para “tornar fecunda a fé. E dá-nos o espírito de prudência: isto é, saber que não podemos fazer tudo o que queremos”, porque “no nosso caminho devemos ir em frente e procurar caminhos, maneiras para a levar em frente”.

No início da homilia o Papa evidenciou que os bispos Tito e Timóteo são como os filhos de Paulo, que “quis muito bem aos dois”. De Timóteo o apóstolo menciona a “fé sincera” (2 Tm 1, 5), isto é “uma fé nobre”. Aliás, segundo Francisco o texto original poderia ser traduzido como uma “fé sem hipocrisia”, uma “fé no sentido verdadeiro”. Praticamente “como o vinho bom que depois de muitos anos é sincero, nobre”. Além disso, o Pontífice recordou que Paulo revela também a origem desta fé de Timóteo. De fato, Ele recebeu-a da sua avó Lóide e da sua mãe Eunice. Porque, comentou, “são as mães, as avós, que realizam a tradição da fé”.

A tal propósito Francisco esclareceu que “uma coisa é transmitir a fé e outra é ensinar a verdade da fé”. Com efeito, “a fé é um dom. Não se pode estudar. Sim, estudamos as verdades da fé, para a entender melhor, mas com o estudo nunca se alcança a fé. A fé é um dom do Espírito Santo, é um presente, que vai além de qualquer preparação”. E sobre este aspecto o Papa frisou que Timóteo era um jovem bispo, a ponto que na primeira carta Paulo escreveu: “Ninguém despreze a tua jovem idade” (1 Tm 4, 12). Mas “o Espírito Santo tinha-o escolhido”. E desta forma “este bispo jovem” ouve Paulo que lhe diz: recorda-te de onde vem a tua fé, de quem a recebeste, do Espírito Santo, através da mãe e da avó”.

A propósito, Francisco evocou o “bom trabalho das mães e avós, o bom serviço daquelas mulheres que fazem como as mães e as mulheres numa família — pode ser inclusive uma doméstica, uma tia — de transmitir a fé”. Mas, acrescentou, deveríamos nos perguntar “se hoje as mulheres têm esta consciência do dever de transmitir a fé, de dar a fé”.

Depois, voltando à sinceridade da fé de Timóteo elogiada por Paulo, o Pontífice evidenciou que tanto na primeira como na segunda leitura volta o tema da conservação do depositum fidei: “Guardar a fé. A fé deve ser conservada” frisou, repropondo as palavras do apóstolo: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, evita as palavras vãs e profanas” (cf.1 Tm 6, 20). O bispo de Roma frisou sobretudo a expressão “Guarda o depósito” e recordou que “é este o nosso dever. Todos recebemos o dom da fé. Devemos guardá-lo, para que pelo menos não se dilua, para que continue a ser forte com o poder do Espírito Santo que no-lo presenteou”.

Paulo recomenda que se “reaviva o dom de Deus” (2 Tm 1, 6). De resto, comentou Francisco, “se não tivermos este cuidado, todos os dias, de reavivar este presente de Deus que é a fé”, ela “debilita-se, dilui-se, acaba por ser uma cultura: “sim, sim, sou cristão...”, só uma cultura. Ou uma gnose, um conhecimento: “Sim, conheço bem todas as coisas da fé, conheço o catecismo“. Mas, perguntou o Papa, “como você vive a sua fé? Esta é a importância de reavivar todos os dias este dom: torná-lo vivo”. Eis a advertência contra “o espírito de timidez e a vergonha”. Porque “Deus não nos deu um espírito de timidez. O espírito de timidez vai contra o dom da fé, não deixa que ela cresça, que siga em frente, que seja grande”. E a vergonha é o “pecado” de quem diz: “Sim, tenho fé mas escondo-a, para que não se veja muito...”.

Mas por que, perguntou-se Francisco, “são principalmente as mulheres que transmitem a fé?” A resposta deve ser procurada mais uma vez no testemunho da Virgem: “Simplesmente porque aquela que nos deu Jesus é uma mulher. Foi o caminho escolhido por Jesus. Ele quis ter uma mãe: também o dom da fé passa pelas mulheres, como Jesus por Maria”.

Eis a exortação conclusiva do Papa: “Pensem nisto e, se puderem leiam hoje esta segunda carta a Timóteo, tão bonita. E peçamos ao Senhor a graça de ter uma fé sincera, uma fé que não se negocia de acordo com as oportunidades que se apresentam. Uma fé que procuro reavivar todos os dias, ou pelo menos peço ao Espírito Santo que a reaviva e assim produza um grande fruto”. Francisco convidou a voltar “para casa com este conselho de Paulo a Timóteo: ”Ó Timóteo, guarda o depósito”, isto é, conserva este dom”.

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