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DE SANTA MARTA

O alimento de Jesus

por Papa Francisco
02/02/2015 - O resumo das homilias do Santo Padre durante as missas matutinas celebradas na capela Domus Sanctae Marthae

Homilia de 27 de janeiro, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 5 de 29 de janeiro de 2015

“Rezar para desejar seguir a vontade de Deus, para conhecer a vontade de Deus e, quando a conhecermos, para ir em frente com a vontade de Deus”: foi o triplo convite feito pelo Papa.

Para a sua reflexão o Pontífice inspirou-se na oração da coleta no início da celebração, quando pediram ao Senhor: “Guia os nossos atos segundo a tua vontade, para que produzamos frutos de obras boas”. A ênfase diz respeito em particular — explicou — “segundo a tua vontade” porque hoje “esta palavra “vontade”, a vontade de Deus, permeia ambas as leituras e também o salmo responsorial da liturgia”.

Antes de tudo, ressalta na primeira leitura, tirada da carta aos Hebreus (10, 1-10) que “oferece uma explicação dos sacrifícios antigos e mostra que não eram capazes de nos justificar. Não tinham a força para nos dar a justiça, para perdoar os pecados. Era só uma oração que o povo renovava todos os anos, um pedido de perdão. Mas não justificavam, não tinham a força para isso”.

Em segundo lugar volta com “a profecia” do salmo 40, que são Paulo refere a Cristo para explicar “como começou o caminho da justificação”. De fato, evidenciou o Papa, “Jesus, quando entra no mundo, diz: “Tu não quiseste sacrifício nem oblação” (Hb 10, 5), porque são provisórios; não digo inúteis, provisórios. “Mas preparaste-me um corpo. Os holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradaram. Então Eu disse: Eis que venho para fazer, ó Deus, a Tua vontade” (Hb 10, 5-7). E “este ato de Cristo, de vir ao mundo para fazer a vontade de Deus, é o que nos justifica, é o sacrifício: o verdadeiro sacrifício que, de uma vez para sempre, nos justificou”.

Portanto, “Jesus vem para fazer a vontade de Deus e começa de uma maneira forte, assim como termina, na cruz”. Com efeito, o seu percurso terreno “começa humilhando-se”, como escreve Paulo aos Filipenses (2, 8): “Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz” (cf. 2, 7-8). Consequentemente “a obediência à vontade de Deus é o caminho de Jesus, que começa assim: ‘Vim para fazer a vontade de Deus’“. E é também o caminho “da santidade, do cristão, porque foi precisamente o caminho da nossa justificação: que Deus, o plano de Deus, seja realizado, a salvação de Deus seja feita”. Ao contrário do que aconteceu no Paraíso terrestre com a “desobediência de Adão”, que “trouxe o mal a toda a humanidade”. De fato, “também os pecados são atos de desobediência a Deus, quando não se faz a vontade de Deus”.

O Papa refletiu também sobre a importância para Jesus de “fazer a vontade de Deus” no episódio do encontro com a samaritana, quando “ao meio-dia, no calor daquela região desértica”, os discípulos lhe disseram: “Come, mestre”, ele respondeu: “Não “o meu alimento é fazer a vontade do Pai” (cf. Jo 4, 31-34)”. Entretanto, observou o bispo de Roma, nem para Jesus foi fácil. “O diabo no deserto com as tentações mostrou-lhe outros caminhos” e “ele recusou-os”. Uma fidelidade que retorna também nas palavras: “Pai, seja feita a tua vontade”, pronunciadas na noite em que rezava no horto e pedia a Deus para afastar “este cálice, esta cruz. Jesus sofreu muito. Mas repete: que seja feita a tua vontade”. Este “é o alimento de Jesus e também o caminho do cristão”.

É preciso perguntar-se: “Rezo para que o Senhor me dê o desejo de fazer a sua vontade? Ou procuro atalhos, porque sinto medo da vontade de Deus?”.

Francisco afirmou que está ciente de que “não é fácil”. Certamente “são difíceis e nós não somos capazes, com as nossas forças, de aceitar o que o Senhor nos diz”. Mas há uma ajuda para conseguir: é a oração: “Senhor, dá-me a coragem, a força para ir em frente, segundo a vontade do Pai”.

Fazer a vontade de Deus faz-nos ser parte da família de Jesus. “Que o Senhor nos conceda a graça desta familiaridade”, que significa “precisamente fazer a Sua vontade”.

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