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DE SANTA MARTA

Cuidarei de ti

por Papa Francisco
12/02/2015 - O resumo das homilias do Santo Padre durante as missas matutinas celebradas na capela Domus Sanctae Marthae

Homilia de 5 de fevereiro, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 7 de 12 de Fevereiro de 2015

A verdadeira missão da Igreja não consiste em inventar uma máquina eficaz de ajudas, segundo o modelo de uma ONG. O perfil do apóstolo — que anuncia o Evangelho em simplicidade e pobreza, com o único poder autêntico que vem de Deus — reconhece-se na clara expressão de Jesus aos discípulos que voltam da missão felizes: “Somos servos inúteis!”. Assim o Papa confirmou que a verdadeira “missão da Igreja consiste em curar as feridas do coração, abrir as portas, libertar, anunciar que Deus é bom, perdoa tudo, é pai, é terno e está sempre à nossa espera”.

No trecho evangélico proposto pela liturgia (Mc 6, 7-13), “ouvimos Jesus chamar os seus discípulos”, convidando-os a “anunciar o Evangelho: é Ele que chama”. O Evangelho diz “que os chamou e enviou, dando-lhes poderes: para expulsar os espíritos impuros, para libertar e para curar. Este é o poder que Jesus dá”. Com efeito, Ele “não dá o poder de manobrar ou de fazer grandes empreendimentos”, mas “o poder que Ele mesmo tinha recebido do Pai”. E faz com um “conselho claro: ide em grupos, e para o caminho levai apenas um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro: em pobreza!”. E “o Evangelho — afirmou — é tão rico e forte que não tem necessidade de grandes feitos para ser anunciado”. É preciso “anunciá-lo em pobreza e o verdadeiro pastor sai como Jesus: pobre, para anunciar o Evangelho com este poder”. E “quando o Evangelho é conservado com esta simplicidade e pobreza, vê-se claramente que a salvação não é uma teologia da prosperidade” mas “um dom, o mesmo dom que Jesus tinha recebido para oferecer”.

O Papa propôs “a bonita cena da sinagoga, quando Jesus se apresenta aos seus: ‘Fui enviado para anunciar a salvação, para proclamar a boa nova aos pobres, a libertação aos cativos, a vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos; para anunciar o ano de graça e de alegria’”: esta é ‘a finalidade do anúncio evangélico, sem coisas estranhas e mundanas”. Mas “o que manda Ele que façam” os discípulos, qual é o seu programa pastoral?. Simplesmente “curar, erguer, libertar, expulsar demônios”. Isto coincide com “a missão da Igreja, que cura”. A ponto que, recordou, “às vezes falei da Igreja como de um hospital de campo: é verdade! Quantos feridos! Quantas pessoas esperam que as suas feridas sejam curadas!”: “esta é a missão da Igreja, curar as feridas do coração, abrir portas, libertar, anunciar que Deus é bom, perdoa tudo, é pai, é terno e está sempre à nossa espera”.

Da sua missão — frisou, citando Lucas (10, 17-20) — “os discípulos voltavam felizes”, pois “não pensavam que teriam conseguido cumpri-la”. E “diziam ao Senhor: ‘Até os demônios eram expulsos!’”. Sentiam-se “felizes porque o poder de Jesus, feito com simplicidade, pobreza e amor, dava bons resultados”. Os discípulos diziam: ”Fizemos isto, isso, aquilo...”. Depois de tê-los ouvido, Jesus fecha os olhos e diz: “Vi o diabo cair do céu”. Uma frase que revela qual é “a guerra da Igreja: é verdade, devemos ajudar, fazer organizações de assistência, porque o Senhor nos concede dons para isto”; mas — advertiu — “quando esquecemos esta missão, a pobreza, o zelo apostólico e depositamos a esperança nestes meios, lentamente a Igreja torna-se uma ONG, uma bonita organização: poderosa mas não evangélica, porque lhe falta este espírito, a pobreza, a força para curar”. Além disso, quando os discípulos voltam, Jesus leva-os consigo “para descansar um pouco, passar um dia no campo, comer um pedaço de pão e tomar uma bebida”. Em síntese, o Senhor quer “passar com eles um pouco de tempo para festejar”. Juntos falam da missão que acabaram de cumprir. E Jesus diz-lhes: “Sois grandes! Para a próxima saída organizai-vos melhor!”. E recomenda-lhes: “Quando tiverdes feito tudo o que devíeis, dizei: ‘Somos servos inúteis!’” (Lc 17, 10).

Estas palavras do Senhor — realçou o Papa — sintetizam o perfil do apóstolo. Mas “qual seria o elogio mais bonito para um apóstolo?”. A resposta: “Foi um operário, um trabalhador do reino!”. Sim, “este é o melhor elogio, porque percorre o caminho do anúncio de Jesus, sai para curar, proteger, proclamar a boa nova e um ano de graça, levar o povo a encontrar o Pai, semear a paz no coração das pessoas”. No final, o Pontífice convidou a ler este trecho do Evangelho sublinhando “quais são as coisas mais importantes para Jesus, para o anúncio do Evangelho: são estas pequenas virtudes”. “Depois, é Ele, o Espírito Santo que faz tudo!”.

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