Homilia de 19 de fevereiro, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 9 de 26 de Fevereiro de 2015
Na pressa da vida é preciso ter a coragem de parar e escolher. E o tempo quaresmal serve precisamente para isto. O Papa frisou a necessidade de se questionar sobre o que é importante para a vida dos cristãos e de saber fazer as escolhas certas. Comentando as leituras (Dt 30, 15-20; Sl 1; Lc 9, 22-25), explicou que “no início do caminho quaresmal a Igreja nos faz meditar sobre as palavras de Moisés e de Jesus: ‘Deves escolher’”. Trata-se de ponderar sobre a necessidade de fazer escolhas na vida. “E Moisés — salientou Francisco — é claro: ‘Hoje ponho diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal: escolhe’”. Sim, “o Senhor deu-nos a liberdade de amar, de caminhar pelas suas sendas”. Assim, somos livres de escolher. Mas infelizmente “não é fácil”, disse. É mais cômodo “viver deixando-se levar pela inércia da vida, das situações, dos hábitos”. Assim “hoje a Igreja nos diz: ‘É responsável, deve escolher’”. Aqui as perguntas do Pontífice: “Escolheu? Como vive? Como é o seu estilo de vida, da parte da vida ou da morte?”. Naturalmente, a resposta deveria ser a ”escolha do caminho do Senhor. Ordeno que ame o Senhor”. E Moisés indica-nos o caminho do Senhor: “Se o teu coração hesita e se te deixas arrastar, prostrando-te a outros deuses para os servir, perecerás”. “É preciso escolher entre Deus e outros deuses, que só têm o poder de nos dar pequenas coisas passageiras”.
Reconsiderando a dificuldade de escolher, o Papa disse: “Temos sempre o hábito de ir um pouco onde os outros vão, como todos”. Mas “a Igreja nos diz: ‘Para e escolhe’. É um bom conselho. E nos fará bem parar e pensar: como é o meu estilo de vida? Por onde caminho?”. De resto, na vida diária tendemos a seguir a atitude oposta. “Muitas vezes vivemos apressados e não nos damos conta do caminho que percorremos; deixamo-nos levar pelas necessidades diárias, sem pensar”. E exortou: “Começa a Quaresma com pequenas perguntas que ajudam a pensar: ‘Como é a minha vida?’”. A primeira deve ser: “Quem é Deus para mim? Escolho o Senhor? Como me relaciono com Jesus?”. E a segunda: “Como se relaciona com seus pais, irmãos, esposa, marido, filhos?”. São suficientes “estas duas perguntas e já encontraremos erros para corrigir”.
Depois, o Pontífice perguntou “por que vivemos com tanta pressa, sem saber por que caminhos andamos”, e respondeu de modo explícito: “Porque queremos vencer, ganhar, ter sucesso”. Mas Jesus nos faz pensar: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a si mesmo e se causa a sua própria ruína?”. Sim, “um caminho errado consiste em procurar sempre o sucesso, os bens, sem pensar no Senhor, na família”, pois “podemos ganhar tudo e no fim fracassar”. É uma falência também a vida de pessoas que tiveram sucesso, mulheres e homens aos quais “dedicaram um monumento” ou “um quadro”, mas que não “souberam escolher entre a vida e a morte”.
Reiterando este conceito, o Papa explicou que "nos fará bem parar um pouco — cinco ou dez minutos — e perguntar: qual é a velocidade da minha vida? Medito sobre o que faço? Qual é a minha relação com Deus, com a família?”. “Nisto, nos ajudará também o conselho tão bonito do Salmo: ‘Feliz o homem que confia no Senhor’”. E “quando Ele nos dá este conselho — ‘Para, escolhe hoje’ — não nos deixa sós; está ao nosso lado e quer ajudar-nos”. Quanto a nós, “só devemos confiar, ter confiança nele”. E citou novamente o Salmo: “Feliz o homem que confia no Senhor”, exortando a ter consciência de que Deus não nos abandona. “Hoje, quando pararmos para pensar nisto, para tomar decisões e escolher, saibamos que o Senhor está ao nosso lado para nos ajudar. Ele nunca nos deixa sozinhos. Está sempre ao nosso lado, também na hora da escolha”. E concluiu com um convite duplo: “Tenhamos confiança no Senhor; e quando nos diz ‘escolhe entre o bem e o mal’ que Ele nos ajude a escolher o bem”. Sobretudo, “peçamos-lhe a graça de ser destemidos”, pois “é preciso um pouco de coragem” para “me perguntar se estou diante de Deus, como me relaciono com a minha família, o que devo mudar e escolher. Ele — garantiu o Santo Padre — está ao nosso lado”.
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