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DE SANTA MARTA

Palavras-chave

por Papa Francisco
20/06/2015 - O resumo das homilias do Santo Padre durante as missas matutinas celebradas na capela Domus Sanctae Marthae

Homilia de 11 de junho, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 25 de 18 de junho de 2015

A caminho de Deus e do próximo, no serviço e na pobreza. Assim se poderia resumir a meditação do Papa. Ao comentar o trecho bíblico (Mt 10, 7-13) no qual “Jesus envia os seus discípulos a anunciar a boa nova, o evangelho da salvação”, o Pontífice frisou “três palavras-chave para entender o que Jesus quer dos seus discípulos” e “de todos nós que O seguimos”. São elas: “caminho, serviço e gratuidade”. Antes de tudo, Jesus envia “por um caminho”, que não é um simples “passeio”; é “o envio com uma mensagem: anunciar o evangelho, sair para levar a salvação, o evangelho da salvação”. Esta é “a tarefa que Jesus dá aos discípulos”. Assim, quem “permanece parado e não sai, não dá ao próximo o que recebeu no batismo, não é um verdadeiro discípulo de Jesus” porque “lhe falta a missionariedade”, “o sair de si mesmo para dar algo de bom aos outros”. Mas há outro “percurso do discípulo de Jesus”, “o percurso interior” do “discípulo que procura o Senhor todos os dias na oração, na meditação”. E não é algo secundário: “O discípulo deve fazer também este percurso, pois se não procurar sempre a Deus, o evangelho que ele leva aos outros será frágil, diluído, sem força”. Há um “duplo caminho que Jesus quer dos seus discípulos”. Então, a primeira palavra é “caminho”.

A segunda, intimamente ligada à primeira, é “serviço”. É preciso “caminhar para seguir os outros”. No evangelho lê-se: “Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios”. Eis o “dever do discípulo: servir”. Francisco foi muito claro: “O discípulo que não serve o outro não é cristão”. A referência do discípulo deve ser o que “Jesus pregou nas duas colunas do cristianismo: as bem-aventuranças e o “protocolo” sobre o qual seremos julgados” ( Mt 25 ). Esta deve ser a “moldura” do “serviço evangélico”. Não há desculpas: “Se o discípulo não caminha para servir, não serve para caminhar. Se a sua vida não é para o serviço, não serve para viver como cristão”. É aqui que muitos sentem a “tentação do egoísmo”. Há quem diga: “Sim, sou cristão, estou em paz, confesso-me, vou à missa, cumpro os mandamentos”. Mas onde está o serviço ao próximo, “o serviço a Jesus doente, na prisão, faminto, nu”? E, no entanto, foi isto “que Jesus nos disse que devemos fazer, porque Ele está ali”. Eis então a segunda palavra: o “serviço a Cristo no próximo”.

Há consequência também na “terceira palavra deste trecho: gratuidade”. Caminhar no serviço, na gratuidade. Com efeito, lê-se: “Recebestes de graça, dai de graça”. Um detalhe essencial que impele o Senhor a esclarecer, caso “os discípulos não tivessem entendido”: “Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas”, ou seja, “o caminho do serviço é gratuito porque nós recebemos a salvação de graça”, Nenhum de nós “comprou a salvação, nenhum de nós a mereceu”: temo-la por “pura graça do Pai em Jesus Cristo”. Por isso, “é triste quando vemos cristãos que se esquecem desta palavra de Jesus: ‘Recebestes de graça, dai de graça’”. É triste quando esquecem as “comunidades cristãs”, as “paróquias”, as “congregações religiosas”, as “dioceses”. Quando isto acontece, alertou, é porque por trás “há o engano” de presumir “que a salvação provém das riquezas, do poder humano”.

O Papa resumiu assim a sua reflexão: “Três palavras. Caminho: como envio para anunciar. Serviço: a vida do cristão não é para si mesmo, mas para o próximo, como foi para Jesus. E ‘gratuidade’”. Assim, poderemos esperar em Jesus, o qual “nos confere uma esperança que nunca desilude”. Mas “quando a esperança está na comodidade do caminho ou no egoísmo” e não no serviço ao próximo, ou “quando a esperança está nas riquezas ou nas pequenas seguranças mundanas, tudo isto desaba. É o próprio Senhor que o faz cair”.

Por isso, o Pontífice convidou a continuar a celebração eucarística, “neste caminho rumo a Deus com Jesus no altar, para depois caminharmos rumo ao próximo no serviço e na pobreza, só com a riqueza do Espírito Santo que o próprio Jesus nos concedeu”.

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