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DE SANTA MARTA

Fortes na fragilidade

por Papa Francisco
23/06/2015 - O resumo das homilias do Santo Padre durante as missas matutinas celebradas na capela Domus Sanctae Marthae

Homilia de 18 de junho, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 26 de 25 de junho de 2015

“Fragilidade, oração, perdão”: três palavras-chave para evocar a consciência de que sem a ajuda de Deus não podemos dar um passo na vida, sugeriu o Papa Francisco.

Já na oração da coleta da liturgia, o Pontífice disse “pedimos ajuda ao Senhor, que é a nossa fortaleza”. De fato, rezamos: “Na nossa fragilidade, nada podemos sem a tua ajuda”. Palavras que exprimem exatamente “a consciência de que somos frágeis”. É a “fragilidade que todos trazemos depois da ferida do pecado original: somos frágeis, escorregamos nos pecados, não podemos ir em frente sem a ajuda do Senhor”.

Eis porque, afirmou Francisco, “é indispensável conhecer e confessar a nossa fragilidade”. Com efeito, “quem se considera forte, capaz de se salvar sozinho, é pelo menos ingênuo e, no final, permanece um homem derrotado por tantas fragilidades que traz consigo”. Ao contrário, é exatamente “a fragilidade que nos leva a pedir ajuda ao Senhor”, porque, como recita a oração da coleta “na nossa fragilidade nada podemos sem a tua ajuda”.

Em seguida, frisou o Papa, “não podemos dar um passo na vida cristã sem a ajuda do Senhor, porque somos frágeis”. E “quem estiver em pé tenha o cuidado de não cair porque é frágil, frágil até na fé”. Recordemos, prosseguiu, aquele pai que, depois da transfiguração, “levou o filho para que Jesus o curasse. E Jesus disse que tudo é possível para quem tem fé”. Por sua vez o pai respondeu: “Senhor, eu creio, mas aumenta a minha fé, porque é frágil!”.

“Todos nós temos fé — explicou o Pontífice — e queremos ir em frente na vida cristã. Mas se não estivermos cientes da nossa fragilidade seremos vencidos”. Por isso, acrescentou, “é bonita aquela oração: ‘Senhor, sei que na minha fragilidade nada posso sem a tua ajuda’”. E “esta é a primeira palavra de hoje: fragilidade”.

A segunda palavra é “oração”. Foram os apóstolos que pediram a Jesus: “Ensina-nos a rezar como fez João aos seus discípulos”. O Papa recordou que o trecho evangélico da liturgia, tirado do capítulo 6 de Mateus (7-15), “não contém aquela pergunta, está em outro”. Jesus ensina a rezar recomendando aos discípulos que não façam como os pagãos que desperdiçam palavras: “eles pensam que quanto mais falam mais são ouvidos”. E repetiu exatamente as palavras do Senhor aos discípulos: “Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais ainda antes que lho peçais”.

Depois o Papa fez referência a um trecho do primeiro livro dos Reis: no monte Carmelo “os quatrocentos profetas do ídolo Baal clamavam e gritavam; e o profeta Elias divertia-se um pouco com eles”, dizendo que talvez o seu Deus “dormisse e não os ouvisse”. Mas “é assim que rezam os pagãos”. Jesus ao contrário, recomenda: “Não façais isto! Rezai simplesmente, o Pai sabe do que necessitais, abri o coração diante do Pai”. Como “a mulher que estava no templo de Jerusalém, a mãe de Samuel: pedia ao Senhor a graça de ter um filho e só movia os lábios”. A ponto que “o sacerdote que estava lá e olhava para ela”, julgando que estivesse embriagada, repreendeu-a e afastou-a.

Mas era o seu modo de exprimir “a dor diante de Deus: só movia os lábios porque não conseguia falar, pedia um filho”. Então, afirmou o Papa, “devemos rezar assim diante do Senhor”. E “porque sabemos que Ele é bom e sabe tudo sobre nós e do que precisamos”, sugeriu Francisco, “comecemos a pronunciar a palavra ‘Pai’, que é humana certamente, nos dá vida, mas na oração só podemos dizê-la com a força do Espírito Santo”.

No canto antes do Evangelho, tirado da carta de Paulo aos Romanos (8, 15), a liturgia recorda: “Recebestes o espírito que vos torna filhos adotivos por meio do qual clamamos: Abbá, Pai!”. É o Espírito, explicou o Pontífice. E, portanto “comecemos a oração com a força do Espírito que reza em nós”. É preciso “rezar assim, simplesmente, com o coração aberto na presença de Deus que é Pai e sabe do que temos necessidade antes que o digamos”. E “esta é a segunda palavra” de hoje: oração.

“Existe uma condição para rezar bem — advertiu Francisco — que Jesus retoma precisamente da oração que ensina aos seus discípulos”. Esta é a terceira palavra: perdão. A oração que Jesus nos ensina diz: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. E “depois Jesus retoma esta ideia”, dizendo: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai não vos perdoará as vossas”.

Portanto, explicou, “só podemos rezar bem e dizer ‘Pai’ a Deus se o nosso coração estiver em paz com os outros, com os irmãos”. A quem se justifica dizendo: “ele me fez isto, o outro me fez aquilo...”, a resposta é só uma: “perdoa, perdoa como Ele te perdoará!”. E “deste modo a fragilidade que temos, com a ajuda de Deus na oração torna-se fortaleza, porque o perdão é uma grande força: é preciso ser forte para perdoar, mas esta fortaleza é uma graça que devemos receber do Senhor porque somos frágeis”.

Na celebração da Eucaristia, concluiu o Papa “também ele se faz frágil, se faz pão por nós: nisto está a força. Ele reza por nós, oferece-se ao Pai por nós. E perdoa-nos: aprendamos com Ele a fortaleza da confiança em Deus, a força da oração e do perdão”.

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