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DE SANTA MARTA

Nas pequenas coisas há tudo

por Papa Francisco
11/09/2015 - O resumo das homilias do Santo Padre durante as missas matutinas celebradas na capela Domus Sanctae Marthae

Homilia de 08 de setembro, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 37 de 10 de setembro de 2015

“Nas pequenas coisas há tudo”. O estilo de Deus que age nas pequenas coisas, mas que nos abre grandes horizontes esteve no centro da meditação do Papa. Evocando o texto da coleta pronunciada pouco antes — na qual se pede ao Senhor “a graça da unidade e da paz” — o Pontífice chamou a atenção para dois verbos já frisados nas homilias dos “dias passados”: reconciliar e pacificar. Deus, disse, “reconcilia: reconcilia o mundo consigo mesmo e em Cristo”. Jesus, trazido a nós por Maria, pacifica, “dá paz a dois povos, e de dois povos faz um só: dos hebreus e dos gentios. Um só povo. Faz a paz. A paz nos corações”. Mas, interrogou-se o Papa, “Deus como reconcilia?”. Qual é o seu “estilo”? Talvez ele “faça uma grande assembleia? Chegam todos a um acordo? Assinam um documento?”. Não, respondeu, “Deus pacifica com uma modalidade especial: reconcilia e pacifica no pequeno e no caminho”.

Portanto, a reflexão de Francisco começou a partir do conceito de “pequeno”, daquele “pequeno” do qual se lê na primeira leitura (Mq 5, 1-4): “E tu, Belém Efrata, tão pequena...”. Eis o comentário do Papa: “Tão pequena: mas serás grande, porque de ti nascerá o teu guia e ele será a paz. Ele mesmo será a paz”, porque daquele “pequeno” “vem a paz”. Eis o estilo de Deus que escolhe “as coisas pequenas, as coisas humildes para fazer grandes obras”. O Senhor, explicou o Papa, “é o Grande” e nós “somos os pequenos”, mas o Senhor “aconselha-nos a ser pequenos como as crianças para poder entrar no reino dos Céus”, onde “os grandes, os poderosos, os soberbos, os orgulhosos não poderão entrar”. Por isso, Deus “reconcilia e pacifica no pequeno”.

Depois, o Pontífice discorreu sobre o segundo conceito, de acordo com o qual o Senhor reconcilia “também ao longo do caminho: caminhando”. E explicou: “O Senhor não quis pacificar e reconciliar com uma varinha mágica: hoje — pum! — tudo está feito! Não. Pôs-se a caminho com o seu povo”. Um exemplo desta ação de Deus encontra-se no Evangelho do dia (Mt 1, 1-16.18-23). O trecho da genealogia de Jesus, que pode parecer um pouco repetitivo: “Este gerou aquele, este gerou aquele, este gerou aquele... É um elenco”, observou Francisco. E, no entanto, explicou, “é o caminho de Deus: o caminho de Deus entre os homens bons e maus, porque neste elenco há santos e criminosos pecadores”.

Portanto, um elenco no qual há também “muitos pecados”. Todavia, “Deus não se assusta: caminha. Caminha com o seu povo. E neste caminho faz crescer a esperança do seu povo, a esperança no Messias”. Esta é a “proximidade” de Deus. Moisés dissera aos seus: “Pensai: que nação tem um Deus tão próximo como nós?”. Eis então que “este caminhar no pequeno, com o seu povo, este caminhar com bons e maus nos confere o nosso estilo de vida”. Para “caminhar como cristãos”, para “pacificar” e “reconciliar” como fez Jesus, temos o caminho: “Com as bem-aventuranças e com o protocolo segundo o qual todos seremos julgados. Mt 25: ‘Fazei assim: pequenas coisas’“. Significa “no pequeno e no caminho”.

Nesta altura o Papa adicionou mais um elemento. O povo de Israel, disse, “sonhava a libertação”, tinha “este sonho porque lhe fora prometido”. Até “José sonha” e o seu sonho “é um pouco como o resumo do sonho de toda esta história de caminho de Deus com o seu povo”. Mas, acrescentou Francisco, “não só José tem sonhos: também Deus sonha, Deus nosso Pai tem sonhos, sonha coisas boas para o seu povo, para cada um de nós, porque é Pai e sendo Pai pensa e sonha o melhor para os seus filhos”.

Concluindo: “este Deus todo-poderoso e grande ensina-nos a fazer a grande obra da pacificação e da reconciliação no pequeno, no caminho, sem perder a esperança na capacidade” de fazer “grandes sonhos”, de ter “grandes horizontes”.

Por isso, o Pontífice convidou todos — nesta comemoração do início de uma etapa determinante da história da salvação, o nascimento de Nossa Senhora — a suplicar “a graça da unidade que pedimos na oração, ou seja, da reconciliação e da paz”. Mas “sempre a caminho, próximos dos outros” e “com grandes sonhos”. Com o estilo do “pequeno”, recordou, que se encontra na celebração eucarística: “um pequeno pedaço de pão, um pouco de vinho...”. “Neste ‘pequeno’ há tudo. Há o sonho de Deus, o seu amor, a sua paz, a sua reconciliação e o próprio Jesus”.

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