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DE SANTA MARTA

O nome da religiosa

por Papa Francisco
27/10/2015 - O resumo das homilias do Santo Padre durante as missas matutinas celebradas na capela Domus Sanctae Marthae

Homilia de 20 de outubro, publicada no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 43 de 22 de outubro de 2015

Não temos “um Deus mesquinho” nem “um Deus parado”. O nosso é “um Deus que sai” para “procurar cada um de nós”. E quando nos encontra “nos abraça, nos beija”, porque é “um Deus que faz festa” e no céu faz-se “mais festa por um pecador que se converte” que “por uma centena de pessoas que permanecem justas”. O Pontífice voltou a falar sobre este amor “sem medida” do Pai; como de costume, Francisco inspirou-se nas leituras da liturgia, em particular no trecho da carta aos Romanos (5, 12.15.17-19.20-21) no qual são Paulo recorda que “como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram... Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo!». Trata-se — frisou o Papa — de “um resumo da história da salvação”, no qual o apóstolo “nos diz como Deus salva, como nos salvou, como nos salva: como dá a salvação que é a amizade entre nós e ele”.

O Pontífice uniu este trecho ao da liturgia do dia precedente, no qual — recordou — “falamos sobre a esmola, dissemos que Deus concede sem medida: dá-se a si mesmo, o seu Filho”. Também desta vez, o discurso versa sobre “esta ideia: como Deus concede, neste caso a amizade, a salvação toda nossa?”. A resposta do Pontífice é que Deus “doa como diz que dará a nós quando fazemos uma obra boa: nos dará uma medida boa, acumulada, cheia, transbordante”. Uma generosidade que traz à mente o conceito de “abundância”. E não por acaso, observou Francisco, “esta palavra ‘abundância’ neste trecho é repetida três vezes”.

Portanto, “Deus concede na abundância”. Tanto é verdade que Paulo, como “resumo final” do seu discurso, afirma: “Onde abundou o pecado superabundou a graça”. Eis como é “o amor de Deus: desmedido. Todo ele mesmo”. De fato, recordou o Papa, “Ele enviou o seu Filho, abaixou-se para se fazer companheiro de estrada, para caminhar conosco: ele mesmo caminhou conosco, desde o início com o seu povo”.

Então o que significa “esta superabundância de se dar que é o amor de Deus?”. Significa que “Deus não é um Deus mesquinho: ele não conhece a mesquinhez, concede tudo”. Significa também que “Deus não é um Deus parado: ele observa, espera que nos convertamos”. Substancialmente, frisou o Pontífice, “Deus é um Deus que sai: sai à procura, procura cada um de nós”. Todos os dias “ele procura-nos, está à nossa procura”, como faz o pastor com a “ovelha tresmalhada” ou a mulher com a “moeda perdida”. Deus “procura: sempre e desta forma. Deus espera em ação. Nunca se cansa de nos esperar”. A sua atitude é a mesma do “pai idoso” que “ao ver de longe o filho que voltava para casa” imediatamente “correu ao seu encontro para o abraçar”. Também “Deus nos espera: sempre com as portas abertas”. Porque o seu coração “não está fechado: está sempre aberto”. E “quando chegarmos como aquele filho, nos abraçará, nos beijará: um Deus que faz festa”. Jesus “diz isto explicitamente ao falar da justificação, isto é, dos pecados perdoados: haverá mais festa no céu por um pecador que se converte que por uma centena que permanece justa”. Este “é o amor de Deus; Deus ama-nos assim, sem medida”.

Certamente, reconheceu Francisco, “não é fácil, com os nossos critérios humanos — somos pequenos, limitados — compreender o amor de Deus. Podemos entender nos gestos do Senhor esta superabundância, mas entender tudo não é fácil”. A este propósito, o Papa recordou a figura de uma religiosa que conheceu durante o seu ministério em Buenos Aires. Era “uma religiosa idosa, muito idosa, que durante toda a vida trabalhou numa enfermaria do hospital”. Tinha “mais de 84 anos” mas trabalhava “sempre com um sorriso. Com certeza sentia o amor de Deus, porque falava sempre sobre o amor de Deus e fazia sentir este amor”. Por isso “lhe tínhamos dado um apelido, chamando-lhe ‘a irmã amor-de-Deus’”. E é “uma graça”, comentou o Pontífice, “encontrar estas pessoas, estes santos, aos quais o Senhor concedeu o dom de compreender este mistério, esta superabundância do seu amor”.

Resta o fato que “nós temos sempre o hábito de medir as situações com os nossos parâmetros: e as nossas medidas são pequenas”. Por isso — recomendou Francisco — “nos fará bem pedir ao Espírito Santo a graça, rezar ao Espírito Santo, pela graça de nos aproximarmos pelo menos um pouco para compreender este amor e ter a vontade de ser abraçados, beijados, com aquela medida sem limites”. Na realidade, São Paulo “tinha entendido quanto é terrível o pecado, mas quanto é grande a superabundância do amor de Deus. A tal ponto que se sente pequeno e num certo momento, movido pelo Espírito Santo, chama Deus ‘pai’” Habitualmente “fala do Pai, o Pai”, mas “a um certo ponto diz: papá”. Portanto, afirmou o Papa, “graças ao Espírito posso dizer-lhe ‘papá’”. E convidou, concluindo: “Peçamos a graça de sentir este amor, que é um amor de pai, um grande amor, sem limites”.

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