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Passos N.111, Dezembro 2009

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A história

O hóspede do meio-dia

Era um lugar não usual na região de Módena: uma fábrica de salames, onde funcionava também um restaurante. Carla não se lembra quem havia indicado. Certa vez, ao meio-dia, decidiu experimentar com dez amigos. Um almoço perfeito: salames, comida típica, tanta fartura que não conseguiram terminar com tudo. A refeição foi acompanhada com um ótimo vinho. E depois, aquela copeira discreta e, ao mesmo tempo, tão atenta para que não faltasse nada à mesa. Nenhuma afetação em sua maneira de trabalhar, muito mais uma atenção familiar.
No final do almoço, com um pequeno cálice de digestivo na mão, alguém lançou a ideia: “Fomos tão bem servidos que vale a pena agradecer. Vamos chamá-los e cantar uma música para eles”. “Ótima ideia! Vamos cantar L’uva fogarina. O que vocês acham?” “Não, não tem a ver conosco. Vamos cantar La canzone degli occhi e del cuore, de Chieffo.” Murmúrio. Um deles se levantou e foi falar com a copeira: “Venha até o salão e chame as cozinheiras... enfim, todos que prepararam este maravilhoso almoço. Temos um presente para vocês”. Algumas mulheres saíram da cozinha. “Queremos dedicar-lhes esta canção que fala de um homem que é perdoado. Somos crentes e aprendemos, dentro da experiência do Movimento ao qual pertencemos, que o cristianismo abraça a vida inteira e a torna mais bonita. Este nos parece o melhor modo de lhes agradecer.”

A música começou.No fundo do salão, depois de alguns minutos, duas senhoras tinham o rosto cheio de lágrimas; a copeira as abraçou. No final da música, a mais jovem, com cerca de cinquenta anos, aproximou-se do grupo: “Vocês não poderiam ter-nos dado presente melhor”. E saiu, junto com as outras. Depois de um tempo, a copeira voltou com dez pratos de recordação e uma bolsa térmica repleta de salames. “A senhora que falou com vocês é a dona da fábrica, a outra é sua mãe. O marido morreu há um mês, eles dirigiam a empresa juntos. Gostávamos muito dele. Um bom católico, como todos nós.” E, depois de um instante de comoção, acrescentou: “Nunca nos aconteceu ver a mesma fé em pessoas tão jovens. Por favor, digam-nos onde podemos encontrá-los”. Alguém logo tirou um papel da bolsa onde escreveu endereços e telefones. Mas isso não bastou. Escreveu também um bilhete: “Nós também, como a senhora, temos continuamente a necessidade de sermos abraçados, amados e consolados pela ternura do Nazareno”.

Fim do almoço. Na volta para casa, Carla não pôde deixar de pensar no que aconteceu: por meio daquele simples gesto, daquela companhia de dez amigos, tinha acontecido a única Presença amiga que podia consolar aquela mulher. Como naquela vez em que Cristo disse: “Mulher, não chores”. A ternura do Nazareno também tinha abraçado todos eles.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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