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OS FATOS

Rock é movimento

18/03/2015 - Testemunho escrito a três mãos sobre o que significou preparar e exibir, em Bogotá, uma exposição sobre o rock

CATALINA (Bogotá). Deus aproveita de tudo, até do nada que somos, para fazer sua obra. Desde que estive no Meeting de Rímini e assisti a uma mostra sobre o rock (Rock ‘n’ roll come ricerca dell’infinito), nasceu em mim o desejo de propor isso aos meus alunos. Mas pensei que seria impossível. Um ano depois, quando estive na ARAL (Assembleia dos responsáveis de CL na América Latina), conheci o venezuelano Francisco, na fila do almoço. Conto a ele sobre minha vida, e ele fala sobre a dele. Ali soube que ele e seus amigos estavam fazendo uma adaptação justamente desta mesma mostra para apresentar no seu país. Foi incrível ver como Cristo respondia a esse meu desejo. Sem pretensão, ao voltar compartilhei com meus amigos do grupo de Fraternidade o que aconteceu comigo e começamos a nos envolver na preparação da mostra e alguns dos nossos alunos se juntaram à iniciativa. Surge então, a possibilidade de expor a mostra na Universidade Javeriana. Assim, a exposição do rock “nos pôs em movimento”. Pensamos em algum momento belo em que poderíamos convidar Francisco, mas era muito caro. Alguns dias antes da data marcada para a apresentação da mostra, Alejandro, um outro amigo da Venezuela, veio à Colômbia para participar do Encuentros Villavicencio. E, ao contar-lhe nosso desejo “impossível”, ele nos oferece sua ajuda para que Francisco pudesse vir. Seriam 24 horas de viagem, muito exaustivo, mas Francisco disse que sim! Depois de uma viagem cheia de aventuras e milagres, a presença de Francisco nos encheu de maravilha a cada instante. Ele fez uma apresentação da mostra baseando-se na sua experiência e com muita paixão. Na Universidade Javeriana fizemos a experiência de vertigem propondo nossa experiência a desconhecidos, e, de fato, aconteceram pequenos encontros. Um dia levei Francisco para visitar alguns museus. Na verdade eu não queria ir, pois já tinha ido muitas vezes, mas ver aquelas obras de arte através de seus olhos, foi para mim reviver o encanto da primeira vez. É verdade que sempre necessitamos de “olhos cheios de céu” para ver o que temos à nossa frente. Cristo faz possível o impossível e tem nos usado para comunicar o que vivemos de uma maneira abundante.

FRANCISCO (Caracas). No final de 2013, realizamos na Venezuela uma mostra chamada “O rock é movimento: grandes perguntas exigem grandes respostas”. A ideia da exposição veio do Meeting de Rímini, da mostra preparada por John Waters, e por nossa paixão musical. O rock põe em manifestação o acontecimento do homem, que impactado pela realidade se enche de perguntas. Assim, sua vida torna-se grito e busca e, em alguns casos, pedido e encontro. Desde o momento em que me convidaram para viajar para Colômbia, senti a grande desproporção entre minhas capacidades e a tarefa que foi confiada a mim. A viagem significava um percurso de 24 horas em ônibus, táxi e um avião, duvidando se tinha algo particularmente interessante para dizer... Só estava seguro de que eu tinha sido chamado pelo nome, e a um chamado como esse é muito difícil resistir. Começa assim um caminho cheio de contratempos, mas com a companhia de “Alguém” que me ajudava em cada detalhe do caminho (tirar o passaporte, ser o primeiro da fila, chegar cedo ao aeroporto com três horas de antecedência e pegar um voo antes do previsto). Durante uma semana, em Bogotá, se realizaram várias guias da mostra e um debate aberto na universidade a propósito de um documentário sobre a banda U2: "O som da mudança". Além de outros eventos como o realizado no colégio “Alessandro Volta” com as crianças do ensino fundamental e ensino médio, partindo da frase de Dante: “Todas as coisas têm ordem entre si, e esta é a forma que Deus faz o Universo semelhante” em contraste com a minha experiência e de Lucho como músico. Nunca tinha participado como protagonista de um encontro público e me sentia como um farrapo, mas Lucho me renovava dizendo: “É um farrapo que Deus colocou aqui”. Assim, entendo que sou instrumento, que se trata do que Ele faz acontecer em mim, reforço minha vocação. Voltei comovido por cada encontro, com Catalina, Lucho, seus filhos, Lizeth, Diego, Luiza, e com todos os amigos que confirmaram a familiaridade “ilógica” que se vive no Movimento; e voltei carregado com a certeza de que a vocação é reconhecer o que é dado a nós, e enquanto o eu vai despertando em ação, encontra o modo mais adequado para entregá-lo todo, para seguir e dizer sim.

LUCHO (Bogotá). Na realidade, eu não tinha pensado em nada, nem sequer me interessava muito por rock, mas o Senhor muda nossas medidas e vai nos educando. Por isso, agora entendo melhor que “o Mistério nos educa através das circunstâncias”. Ao hospedar Francisco em minha casa, me maravilhava ser possível olhar alguém que nunca tinha visto antes, mas que sentia uma familiaridade inexplicável. E isso só é possível porque Cristo está entre nós. Aos poucos percebo que o que me move não é uma teoria, não é uma ideia, não é uma boa intenção, mas sim o desejo de ver a presença de Deus que me chama através da realidade concreta. A companhia de Francisco em casa me fez compreender que tudo isso é um presente para mim, porque tinha a ver com meu desejo de ver Cristo. Ele me atraiu para conhecer as razões que moveram Francisco a fazer essa mostra sobre o rock. Por que falar da profundeza do coração do homem quando o primeiro impulso pode ser protestar de maneira violenta frente à injustiça? Francisco me ajudou a entender que o valor do homem pode ser recuperado quando se põe em jogo o seu coração. Temos uma exigência que não tem limite, esse é um ponto de partida, as perguntas sobre como somo feitos pode ser uma verdadeira revolução. A cultura pela qual vale a pena gastar a vida! Fazer memória do que passamos juntos me ajuda a viver e sei que agora tenho um amigo na Venezuela, que espero voltar a encontrar, pois me ajuda a crescer na certeza de que em nossa unidade está Ele.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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