Cinco amigos conversam enquanto fumam cigarros. Assim nasceu seu grupinho de Fraternidade, lembra Frederica Maniscalco, 31 anos, médica em Nova York. Todos os dias ela sai às seis da manhã e percorre 60 km de estrada em direção a Westchester, subúrbio onde trabalha. “Estávamos na metade dos Exercícios da Fraternidade de Nova York, em maio do ano passado, depois de uma assembleia com padre José Medina a respeito do que queria dizer viver a Fraternidade”. Estava com ela o marido, Jonathan, sua irmã Stella com seu marido, Rich, e Vitaliy, um amigo recém-formado que participava pela primeira vez nos Exercícios.
“Com Jon, Stella e Rich tínhamos entrado na Fraternidade logo depois que nos formamos na universidade”, conta Frederica. “Havíamos nos inscrito um pouco por inércia, como para continuar a vida de antes no CLU, mas num grupo numeroso, sem ter bem claro o que estávamos fazendo. No entanto, a vida, nós não conseguíamos colocá-la de verdade como tema”. Ou seja, viviam muito distante daquilo que Medina dissera na assembleia: “A questão era ter alguém com quem dividir a vida, que a Fraternidade era ajudar-se a conhecer cada vez mais Jesus”. Era uma grande graça ter amigos assim. “Era desejável, mas estávamos desiludidos”, continua Frederica. Foi Vitaliy que os provocou: “Se é o que desejamos, vamos recomeçar”. Pouco depois aconteceu o primeiro encontro. “Nós cinco e mais um grande amigo da Itália, com quem cada um se relacionava, via Skype, por diferentes histórias”. Stella e Frederica são irmãs e nasceram na Itália. Já faz 17 anos que se transferiram para Nova York com a família. Seus respectivos maridos são Rich Vega, trabalhador da área de informática, e Jonathan Fromm, engenheiro biomédico que se ocupa há cinco anos da sede de CL, em Manhattan. O amigo Vitaliy Kuzmin leciona História para o ensino médio, e ficou noivo há pouco tempo, “à distância”, de uma italiana. Há também as crianças, duas de Frederica e três de sua irmã. Logo no primeiro encontro, enquanto comiam, surge a possibilidade para Jonathan e Frederica de se transferirem para Minnesota, onde ele nasceu.
Via Skype. Frederica está insegura: a proposta que lhe foi feita é ótima, pois a cidade é menos estressante do que Nova York e permitiria cuidar dos filhos parte do dia, ainda mais pelo desejo de que cheguem outros filhos. Jonathan também poderia começar a trabalhar no campo, área para a qual estudou, “mas ficaríamos distante uma hora de Minneapolis, numa cidadezinha perdida. Aqui estão os amigos”. Via Skype o amigo italiano o provoca: “Jonathan, por que quer ir?”. “Por minha mulher, para cuidar melhor da família, pois aqui é difícil pra ela...”. “Esta é uma questão da sua mulher! Deve perguntar a si mesmo: o que você verdadeiramente deseja?”.
A discussão explode, Jon se afasta e depois volta, pedindo para ser ajudado a compreender. Ninguém dá uma solução ao problema, mas, para Frederica, “era claro que poder discutir assim, os assuntos da vida, não era apenas fazer-se companhia. E em meio a isso tudo, colocávamos o tema de nos mudarmos ou não”.
Rumo a Minnesota. A partir de meados de 2013 este grupo começa a se ver com mais frequência. “Tornava-se sempre mais urgente dedicarmos o pouco tempo livre que tínhamos, a tudo o que poderia de verdade sustentar a vida. Não poderíamos fazer de outro modo. Veja por exemplo o relacionamento com o marido. Quando casam-se é tudo bonito, mas, depois, chegam os filhos, as dificuldades...”, diz Frederica. As famílias crescem juntas, sejam os dois casais, como também Vitaliy que, com os amigos, fala de sua noiva, até da decisão de dar-lhe a aliança: “Pedia conselhos, até mesmo sobre como pedi-la em casamento e, isto, nos obrigava a olhar para o nosso próprio casamento”.
Uma mudança, esta de Vitaliy, que afeta também Doug Piantada, jovem de 27 anos, nascido em Nova York, de origem cubana. Havia encontrado o Movimento no ensino médio dez anos antes. Tinha se convertido quando, aos 15 anos, fora viver com a avó idosa, cansado de correr atrás de seus pais, separados. “Sempre viveu dificuldades nos estudos na Universidade”, explica Frederica, sua madrinha de Batismo: “Pelo fato de que, todos nós nos formamos e, ele não, tinha parado de frequentar o Movimento”. Apenas o relacionamento com Vitaliy continuava. E quando este lhe contou a respeito de seu grupo de Fraternidade, Doug se iluminou: “É isto que quero pra mim”.
Os cinco o acolheram e, “no último final de semana, entre uma conversa e outra, perguntamos a Doug como iam os exames”, disse ainda Frederica: “Tinha perdido a bolsa de estudos e com seu salário de entregador não tinha condições de frequentar os cursos”. Não tinha dito antes por vergonha, talvez seria a enésima desilusão para os amigos. E Frederica diz: “Então, do que estamos falando? Contando-nos belas histórias? Devemos falar também do que é mais urgente”. Essa amizade é uma vida que educa a ir a fundo de tudo. “Tanto que, no fim, Jonathan e eu chegamos a decidir que, em julho partiremos para Minnesota. Porém, sem esta história, esta graça, talvez não o tivéssemos feito”.
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