A doutora Ryan Stone (Sandra Bullock), engenheira médica, está em sua primeira missão espacial, a bordo do Shuttle, junto com a tripulação liderada pelo expert Matt Kowalski (George Clooney), em seu último voo antes da aposentadoria. Ela é temerosa e insegura; ele audacioso e sempre com a resposta na ponta da língua; lá fora, a Terra, que emociona, dada sua beleza, vista do espaço.
Porém, durante uma operação simples fora da nave, são atingidos por uma tempestade de fragmentos. Ambos se salvam, mas o Shuttle é destruído e os demais companheiros morrem. Únicos sobreviventes, presos a um cordão, com pouco oxigênio, devem procurar “nadar” no espaço até chegarem a uma estação orbital russa próxima. Conseguirão?
Gravidade, dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón, não é – como pareceria – um filme de ficção científica (estamos, na verdade, “em nossa época”), mas também não é Apollo 13 ou um dos tantos filmes semelhantes sobre danos espaciais e astronautas em perigo. Mais precisamente, é um thriller ambientado no cosmo infinito; uma vertiginosa odisseia no espaço, angustiante e emocionante. Porque, diante do cosmo infinito, angústias e emoções se multiplicam, não somente a dos protagonistas mas também a dos espectadores, absolutamente envolvidos “fisicamente” na história (também na versão espetacular e verdadeiramente funcional em 3D) dos dois náufragos na galáxia.
A suspensão da incredulidade é fundamental para crer no que vemos, nos perigos mortais enfrentados pelos dois de maneiras impossíveis (às vezes, podendo servir-se apenas de um manual de instruções, nem sempre escrito em sua própria língua...). Mas, em primeiro lugar, Gravidade é um honestíssimo e quase perfeito espetáculo hollywoodiano graças a efeitos especiais críveis, ritmo premente, atores magníficos e com muitos jogos de cena – o principal, já na primeira parte do filme, é daqueles que só mencioná-lo seria um crime – e sustos que fazem o público pular na cadeira. Em particular, se George Clooney é ótimo, como sempre, Sandra Bullock – que, nos últimos anos, coloca, ao lado de suas comedias, filmes de maior consistência – está grandiosa como nunca: o filme inteiro é construído sobre sua personagem, seus medos e seu corpo – que podemos ver flutuando no espaço de modo elegante e cheio de tensão ao mesmo tempo –, e ela cumpre seu papel de maneira incrível.
Assim, o filme que inaugurou o recente Festival de Veneza não é apenas um “grande” espetáculo, mas um grande filme pelo modo como fala sobre um homem e, principalmente, uma mulher diante do Mistério do cosmo e dos medos da vida, da necessidade de arrancar uma dor sepultada dentro de si e começar a olhá-la de frente, para recolher as forças e tentar não sucumbir; por decidir se colocar à prova, seriamente, de viver até o fim. No final da viagem estará a vida ou a morte (para descobrir, só vendo o filme). Mas, na escolha de recomeçar, que vem antes da prova, já está a estrutura, a grandeza do humano.
(Retirado do site sentieridelcinema.it)
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