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CINEMA/VÍDEO

O regresso

por Simone Fortunato
17/02/2016 - Nas terras selvagens norte-americanas acontece uma batalha cruel entre um grupo de caçadores de pele e algumas tribos indígenas
Cena do filme com o ator Leonardo Di Caprio.
Cena do filme com o ator Leonardo Di Caprio.

Grande filme, selvagem e cruel, dirigido com grande virtuosismo por Alejandro González Iñárritu, o diretor de Birdman, o filme que foi rodado apenas com plano-sequência. Aqui, porém, não há um único plano-sequência sequer, mas o diretor mexicano mostra grande habilidade e virtuosismo técnicos desde as primeiras cenas para imergir o espectador numa história e num cenário que parecem ter sido tirados dos romances de Jack London.

As terras virgens norte-americanas, de fato, são um cenário maravilhoso e terrível para uma história de vingança e de verdadeira e crudelíssima caça ao homem. Di Caprio, às voltas com sua enésima intensa prova como ator, é um guia experiente a serviço de um grupo de caçadores de peles americanas. Acontece um acidente, gravíssimo, e dali em diante o filme dá uma reviravolta, dolorosa e até mesmo irônica.

Espetacular, muito tenso do ponto de vista da narrativa, O regresso enche os olhos do espectador que, arrastado para o meio de uma história de sangue e vingança, se esquecerá de alguns passos errados da narrativa e de alguns personagens construídos à mesa. Reconhecemos neste trabalho do diretor de Babel mais de uma inspiração: o realismo profundo de Gravidade e os virtuosismos atordoantes de sua filmagem; a crueza do Gibson de Apocalypto; a Natureza como sinal do transcendente de Malick além do heroísmo sombrio do Mann de O último dos moicanos.

Iñárrito, como em todos os seus trabalhos anteriores, desde o duro exórdio de Amores brutos até ao já citado Birdman, é um diretor talentoso que faz sentir muito a sua presença por detrás das câmeras: não há movimento de câmera, efeito, cenário que não seja sublinhado para que seja percebido pelo espectador. E este aspecto, a longo prazo, poderia quase cair num maneirismo.

De resto, o filme é um grande romance à Jack London, dominado por cenários magníficos e por uma dimensão trágica dos personagens. De um lado, com efeito, há o personagem interpretado por Di Caprio, Glass, às voltas com uma transformação sombria da própria personalidade: a sua figura, um dos poucos a manter uma migalha de humanidade graças ao relacionamento com o filho, será profundamente marcada pelos eventos. De outro lado, o seu oposto: o sombrio John Fitzgerald (outra das grandes interpretações de Tom Hardy), um caçador sem escrúpulos. Ambos, no meio de tantos personagens, pertencentes a mundos diversos (Domhnall Gleeson, oficial do exército, as tribos indígenas, as tropas francesas), que emergem apenas em alguns momentos, que contribuem para tornar ainda mais vívida e real a ambientação e o contexto histórico, mas aos quais falta uma certa continuidade narrativa.

Para além dos defeitos e de algumas incongruências, O regresso continua sendo um grande filme do ponto de vista de direção e encenação. E bastariam duas sequências (o assalto inicial e o longo duelo final) para tornar o filme de Iñárritu, um dos filmes mais poderosos, visivelmente falando, dos últimos anos.

(Artigo traduzido do site italiano Sentieri del Cinema)


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