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CINEMA/VÍDEO

A grande aposta

por Beppe Musicco
25/02/2016 - Filme concorrente ao Oscar 2016, fala de gestores de fundos de investimento que vislumbram para breve a explosão da bolha imobiliária de 2008. Decidem, então, jogar contra os grandes bancos de negócios

Quem teve a oportunidade de ver O homem que mudou o jogo (Moneyball), do qual – como neste filme – Brad Pitt é produtor e intérprete, reconhecerá o mesmo estilo narrativo, a busca pela precisão dos números, um modus operandi dos protagonistas que revela estratégias dignas de uma arte militar. Isto porque ambos os filmes vêm de dois livros do mesmo autor, que escolheu como protagonistas personagens emblemáticos: o primeiro era Billy Beane, o primeiro diretor técnico de um time de baseball que decidiu confiar mais nas estatísticas do que no seu caçador de talentos; o segundo é Michael Burry, médico que se tornou analista financeiro e fundador de um hedge fund “caseiro” que assistiu à (e participou da) queda de colossos financeiros.

No caso de A grande aposta, a primeira surpresa é (finalmente) conseguir, pelo menos, entender em parte sobre o que falam os operadores financeiros, quando falam de dinheiro e investimentos. Pela primeira vez um filme baseado numa história dramaticamente real, como a explosão da bolha imobiliária de 2008, permite entender por que e o que aconteceu com o dinheiro dos investidores norte-americanos, de quem eram as responsabilidades e quem preferiu fingir que nada estava acontecendo, embora muitos tivessem entendido sobre que declive o mercado havia começado a descer.

O elenco de protagonistas é, no mínimo, original, mas não se lembrarmos que o diretor Adam McKay dirigiu comédias malucas como O âncora: a lenda de Ron Burgundy ou Quase irmãos. E, no entanto, Steve Carell (um ator que, nessas comédias, vai fundo) é perfeito no papel nada cômico, que expressa muito bem a personalidade de Mark Baum, um operador escrupuloso que abriga um grande desejo de vingança contra as pessoas que ele acredita serem incapazes e conscientemente desonestas. Bizarro é também Burry, interpretado por Christian Bale, um homem com a Síndrome de Asperger, que parece empenhado apenas em escutar música do Metallica e descansar na escrivaninha, e que, até o último momento, parece não gozar da confiança de seus próprios clientes. Coadjuvantes de classe, Ryan Gosling e Brad Pitt, todos empenhados no mais arriscado jogo que se poderia pensar naquele tempo: apostar grande quantidade de dinheiro no colapso do mercado imobiliário.

A grande aposta lança uma mensagem forte e clara, mesmo para quem não entende nada ou quase nada de bolsa de valores: por muito tempo, uma negligência tolerada pelos órgãos de controle fez com que as economias das classes sociais inferiores evaporassem, deixando as pessoas literalmente no meio da rua (e se fala de milhões de norte-americanos). O jargão incompreensível dos operadores é, de maneira muito original, ilustrado também pelas explicações de personagens como chefs e cantores, que usam metáforas e alegorias de fácil compreensão por todos. Portanto, nada de protagonismos de personagens exagerados à Lobo de Wall Street, muito menos uma abundância de figuras que se consideram grandes profissionais, mas que são os primeiros a ser confundidos pelos mesmos produtos que estão vendendo; pessoas que não sabem ler os prospectos, pessoas que, dos órgãos de controle, passam a trabalhar para os bancos sem que ninguém não só os impeça, como lhes faça perguntas.

Uma montagem veloz e uma escolha inspirada de músicas completam o efeito geral de assistir a uma incrível, e real, representação (não é à toa que a cena mais dramática e reveladora do filme é gravada num cassino em Las Vegas), a querer exasperar uma situação trágica, mas ao mesmo tempo, farsesca. A grande aposta é um filme que, em muitas cenas, induz ao riso; isso apesar de ser um dos filmes mais amargos que chegaram ao cinema neste ano.

(Artigo traduzido do site italiano Sentieri del Cinema)

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