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OS FATOS

“Nunca tinha visto ninguém viver assim”

por Tat’jana Kašina
10/12/2010 - MOSCOU
Um momento das férias de estudo.
Um momento das férias de estudo.

Tatiana está inscrita na Universidade Ortodoxa de Moscou. Estando na Católica de Milão para um intercâmbio, encontrou os jovens do CLU. De volta para a Rússia, contou aquilo que viu. Eis o que escreveu no jornalzinho da sua universidade

Nunca havia escutado tão frequentemente frase do tipo “estou correndo, hoje tenho que estudar demais”, ou “hoje não estudei o suficiente”, como escutei de meus amigos da Universidade Católica de Milão. De onde vem todo este amor pelo estudo? Mesmo porque esses jovens não têm nada dos típicos nerds: são estudantes como tantos, joviais e alegres. Tudo bem que a universidade seja famosa por sua qualidade: mas será que basta este ânimo de um jovem para que ele se sinta feliz e estude com interesse?
Esclareçamos quem são esses jovens: são estudantes que pertencem ao movimento de Comunhão e Libertação (na universidade como um todo são cerca de 800). São crentes e vivem uma vida ativa, plena: no que consiste?
Para quem quer, a manhã começa com a missa na igreja de Santo Ambrósio. Alguns jovens cantam no coro. Depois, todos vão para a aula. Às 12h, encontro na capela da universidade para o Angelus juntos. Nem todos conseguem ir (muitos ainda estão em aula), mas normalmente aparecem 300 a 400 pessoas e pode mesmo acontecer que não se consiga entrar. Depois do almoço, voltam a estudar. Na biblioteca ou junto, em grupos. Em suma: é gente que vive a universidade. E o faz com uma consciência clara: “Este é um lugar no qual cada um de nós é chamado a viver o presente”, explicam os jovens. “Por isso, o sentimos como a nossa casa. Há o perigo de pensar que você estuda para o seu futuro, para encontrar um belo emprego... Mas, isto não basta: queremos ser felizes aqui e agora, por isso é preciso experimentar algum interesse pelo estudo agora. A nossa amizade nos ajuda nisto”.
Uma abordagem das coisas que estes jovens levam para tudo aquilo que vivem. No início do ano acadêmico, por exemplo, na entrada da universidade, montam as “barraquinhas”, uma espécie de ponto de informações para os novatos. A universidade é grande e se orientar não é fácil, assim estas pessoas os acolhem. E, visto que as primeiras sessões são as piores, os estudantes veteranos de CL organizam grupinhos para ajudar os novatos a estudar. Não apenas para explicar as matérias mais complexas, mas também para comunicar a eles uma paixão pelo estudo: como acontece em Caspoggio, em Valtellina, onde, a cada ano, acontecem as férias de estudo com aulas em grupos, mas também cantos, jogos e filmes juntos.
Os estudantes podem participara da vida da universidade também de outras maneiras. Toda semana, os “conselheiros”, jovens eleitos para representar as várias Faculdades, se encontram para julgar como estão sendo as aulas, os relacionamentos com os professores, os cursos. Frequentemente, os docentes escutam seus conselhos, mesmo porque estes jovens não pedem para estudar menos ou para ter menos provas, mas desejam, de fato, obter o máximo das aulas.
Mas, a vida na universidade não está ligada apenas ao estudo. Uma vez por semana acontece a Escola de Comunidade, onde estudantes e professores se encontram para meditar juntos alguns textos propostos. Não é algo simples: não é o caso de tomar esses textos como se fosse algo teórico, mas é necessário ligá-los à própria experiência de vida, para uma ajuda a viver o presente. Talvez este seja o momento mais importante da vida estudantil: a tentativa de compartilhar com os outros a própria história e escutar os testemunhos dos próprios companheiros de curso e dos professores favorece a aproximação espiritual e a verdadeira amizade. E o interessante é que os que guiam estes encontros são, eles também, estudantes.
Depois, a cada semana tem a proposta da caritativa, que consiste no oferecer uma ajuda gratuita a quem tem mais necessidade. Por algumas horas, os jovens vão a uma casa de repouso ou a um centro para deficientes, para fazer companhia para seus hóspedes. Ou então, vão encontrar as famílias pobres, brincando com os filhos e ajudando-os a fazer a lição de casa. Além do mais, alguns jovens vendem livros numa livraria universitária chamada CUSL, fundada pelos estudantes, que vendem os livros sem intermediários, o que faz com que os livros sejam mais baratos. Outros ainda organizam várias iniciativas na universidade, distribuem panfletos e penduram cartazes no qual expressam o seu ponto de vista sobre os fatos que acontecem no mundo. Duas vezes ao ano, na Páscoa e no Advento, acontecem os Exercícios Espirituais dos Estudantes de CL. E no verão, as férias na montanha: uma semana de palestras, repouso, passeios, cantos, jogos e noitadas juntos. No final do último ano de curso, quando os jovens precisam entender a própria estrada definitiva na vida, vão juntos numa peregrinação a Czestochowa. Ali, rezam diante do ícone de Nossa Senhora, pedindo uma bênção para o seu caminho.
É assim que um pequeno grupo de jovens vive a universidade. Acredito que valha a pena olhar com atenção para a sua experiência. Desta intensidade nasce, de fato, um interesse sincero pelo estudo, uma amizade profunda e a capacidade de não ficar indiferentes diante de nada.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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