Vai para os conteúdos

OS FATOS

“Quem são vocês? E por que estou no mundo?”

por Linda Stroppa
24/05/2011 - Uma amizade nascida no ônibus que leva à escola. Três garotas que se interessam por ela, muçulmana. Depois, o encontro com o Movimento e a amizade com padre Aldo. Por aqueles rostos, Mariam “se jogou por inteiro”. Até a conversão ao cristianismo
Mariam recebe o Crisma.
Mariam recebe o Crisma.

A história de Mariam é uma história de rostos. Os rostos de uma companhia que a levou onde jamais teria imaginado. Ela, 17 anos, londrina de origem iraniana e indiana, filha de uma muçulmana e de um hinduísta, jamais tinha visto rostos assim. Nunca, antes daquele setembro de 2007, quando, numa manhã igual às outras, no ônibus que a levava à escola, encontrara três garotas italianas: Agnese, Francesca e Silvia do Liceu Sagrado Coração, de Milão, que estavam em Londres para um ano de intercâmbio escolar.
Entre uma viagem e outra se conheceram; as italianas tinham a sua idade e frequentavam a mesma escola. Mas com facilidade se notava a diferença: as italianas estavam com todos, comiam junto com outros companheiros, rezavam toda manhã antes de começar o dia. “E são mais felizes”. De repente, Mariam se dá conta de uma excepcionalidade, “mas mantinha a distância porque é fácil ser enganada”, diz. Portanto, melhor não se afeiçoar demais. Melhor não dar espaço às perguntas que, com o tempo, vão direto ao coração.
Passam-se os meses e Mariam se sente muito atraída. ”Até que um dia a vimos sentada no banco, atrás de nós, na capela junto da escola”, conta Francesca. Apenas naquele momento aflorou a pergunta. Radical. “Quem são vocês? E por que estou no mundo?”. Perceberam que não se pode deixar nada suspenso. Mas já estava em junho: terminam as aulas e era preciso voltar para casa. “Como presente, nós a convidamos para ir às férias dos colegiais conosco”. Mariam aceita sem saber nada, confia.
Os dias passados na Itália, em San Martino de Castrozza, são decisivos: “Não sei como dar-lhe um nome, mas nunca vi uma coisa assim tão bela”, escreve ao voltar para a Inglaterra, carregando consigo a promessa que lhe fizeram: “Aquilo que viu aqui, também existe em Londres. E você pode encontrá-la”.
Assim, apesar do drama pessoal pelo medo de perder a beleza que havia começado a ver e voltar a sentir-se sozinha, Mariam se arrisca: telefona para Marco e Valeria, um casal italiano que mora em Londres. Como as três jovens os ajudavam como baby sitter, Mariam se oferece para prestar o mesmo serviço, pois assim poderia ficar perto deles. Valeria realmente precisa de alguém que, naqueles dias, a ajude com as quatro crianças durante as férias de CL da Inglaterra. Mariam aceita e, a partir daquele momento, nasce uma grande amizade com Valeria. Ela começa a frequentar a Escola de Comunidade e ali conhece outros amigos. Pessoas que se interessam por ela. Frente àquela superabundância de bem, o juízo é evidente: “Não compreendo porque tudo isto está me acontecendo. Que mérito tenho de ser querida e amada?” Uma certeza que a torna mais audaciosa: “Quero ser batizada”.
Uma exigência que envolve tudo. Tanto que não pensa duas vezes em partir para o Brasil quando, depois de não ser admitida na faculdade de Medicina, Marco lhe propõe fazer um estágio de verão no CREN (Centro de Recuperação e Educação Nutricional), em São Paulo. A amizade com Gisela, uma Memor Domini de São Paulo e padre Aldo Trento, do Paraguai, fazem o resto. “Olhando para o rosto deles, pela primeira vez em minha vida, sofri por não poder receber a Comunhão. Compreendi que só quem pode tornar minha vida feliz é Cristo. Desejava ser parte d’Ele e que Ele fosse parte de mim”...
Como ela tinha apenas 18 anos seus pais pedem que ela espere um pouco para ser batizada. Querem conhecer melhor aqueles novos amigos, para se certificar se a filha faz bem em confiar a ponto de decidir por uma mudança tal radical. Aos poucos essa amizade envolve também sua família. Começa a catequese com padre Christopher e, na noite da Vigília de Páscoa, na Catedral de Westminster, recebe os sacramentos. “Durante a missa seus pais cederam, se deram conta que a filha estava transfigurada. Parecia uma noiva”, conta Francesca. Durante a Comunhão, Francesca olhava para ela e pensava na frase de Dom Giussani do Cartaz de Páscoa: “Vi o que era a Ressurreição. Agora posso dar um nome a quem me preenche o coração a cada instante. Só Cristo preenche a vida de uma garota de vinte anos e a torna infinitamente maior. E assim também está agarrando a minha”.

Outras notícias

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

Volta ao início da página