“Por sua natureza, todo carisma, devido à sua identidade específica, é aberto ao reconhecimento de todos os outros carismas”, ensinou-nos Dom Giussani. Esta tensão caracterizou a International Summer Academy, de 18 de julho a 5 de agosto, na Universidade Católica de Eichstätt. Tema: “Direitos Humanos e Direito Natural numa Perspectiva Intercultural e Filosófica". Um momento de trabalho intercultural de alto nível sobre alguns conceitos filosóficos essenciais para os quais a discussão contemporânea sobre os direitos humanos está se dirigindo, organizado pelo Departamento de Filosofia, dirigido pelo Professor Walter Schweidler, em colaboração com o Gabinete de Relações Internacionais coordenado por Martin Groos. Um encontro para o qual vieram estudantes e doutorando de todo o mundo: Índia, Itália, Ucrânia, Paquistão, Filipinas, Estados Unidos, China, Brasil... Que tiveram a oportunidade de trabalhar com professores como Robert Spaemann, Rémi Brague, Walter Schweidler, Manfred Brocker, Lorenza Violini e Marta Cartabia. Num clima no qual as identidades, ao invés de serem achatadas e reduzidas, ofereceram muito mais vitalidade e enriquecimento para o trabalho.
O debate político quanto à justiça, humanidade e solidariedade internacional intensificou, na sequência, as discussões sobre as diferentes interpretações dos significados dos direitos humanos. Como explicou Schweidler: “O conceito de direitos humanos tem origem na filosofia clássica, nas distinção entre as leis impostas pelo Estado e a ideia de uma lei suprema diante da qual qualquer lei positiva deve encontrar uma justificação”. Segundo esta interpretação, a lei que cada governo deveria abraçar e tornar efetiva é definida como “Lei Natural”. Tal conceito não parece ter permanecido apenas um dos conceitos-chave ou dos chamados pilastres da civilização ocidental, mas parece ter caracterizado continuamente o desenvolvimento da ordenação internacional enquanto tal.
Como afirmou Bento XVI: “Vendo esta sua importância fundamental para as nossas sociedades, para a vida humana, é necessário que seja reproposto outra vez e que se torne compreensível no contexto do nosso pensamento este conceito: o fato que o nosso ser mesmo carrega em si uma mensagem moral e uma indicação para as vias do direito” (Congresso sobre o direito natural promovido pela Pontifícia Universidade Lateranense, 2007).
Esta interpretação parece encontrar um fundamento no fato que todo debate sobre o universalismo cultural e o pluralismos nas sociedades modernas, hoje em dia, traz de volta o conceito de “Lei Natural”. Tal conceito parece, por isso, o único ponto de partida e pré-requisito para explorar as diferentes perspectivas culturais através das quais o conceito de direitos humanos é analisado no mundo contemporâneo.
A partir destas sugestões, as aulas foram construídas com o intuito de levar a pensar outra vez acerca do significado dos direitos humanos a partira da redescoberta da ideia de direito natural e da ideia de pessoa. Graças à contribuição de todos os professores abriu-se, portanto, uma importante possibilidade de renovação cultural em nível internacional. Porque, como disse Nikolaus Lobkowicz, diretor do Instituto Zimos para o Estudo da Europa Central e do Leste: “Uma boa universidade transmite não apenas o saber, mas também posições, virtudes e convicções relevantes para a existência”.
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