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OS FATOS

Entre aulas de inglês e gratidão

por Francesca Mortaro
08/11/2011 - Sem inventar nada, apenas respondendo à realidade nasceu o Emerald Cultural Institute, em Dublin, para organizar cursos de inglês. Com 25 anos já acolheu mais de 62 mil pessoas
Um momento do aniversário.
Um momento do aniversário.

“Obrigado por estes meses. Não os esquecerei. Senti-me em casa”. Mayra, da Venezuela, entra no escritório do diretor da escola para cumprimentá-lo antes de partir. Por que está grata assim, depois de seis meses passados estudando inglês?
O Emerald Cultural Institute de Dublin, no coração da capital irlandesa, se ocupa do ensino da língua para estrangeiros. Este ano é o vigésimo quinto aniversário da escola. No início, a ideia era organizar cursos de inglês de verão. Foi assim que Mauro Biondi, junto com outros amigos, em 1986, começou e, hoje, ele é o diretor. Alugava espaços em outros institutos ou universidades para dar as aulas. Mas, com os anos, os pedidos de inscrição aumentaram, os espaços já não bastavam e o período do verão começou a ser curto demais para atender às solicitações. Assim, em 1993, nasceu uma estrutura aberta durante o ano inteiro: vinte e quatro salas, laboratórios, refeitório e jardim. Desde então, já passaram por lá 62 mil pessoas.
“Não tive que inventar nada”, contou Biondi. “Foi a realidade que me sugeriu o que fazer. Trabalhando, estando em contato com os estudantes, todos os dias, aprendi como a inteligência da fé se torna inteligência da realidade.” O que isso significa? Por exemplo, em 2008, quando a crise havia chegado também ao setor educativo, “tantas escolas como a nossa cortavam os gastos ou até mesmo fechavam. Nós continuamos a investir e a construir”. Da mesma maneira como os monges fizeram na Idade Média: “eles viam os mosteiros sendo destruídos e o que faziam? Reconstruíam tudo alguns quilômetros adiante. Eram capazes de recomeçar imediatamente, porque colocavam a esperança sobre algo que não tinha nada que ver com suas capacidades ou suas forças. Também para nós foi e é assim”. Por isto, no último dia 10 de setembro, por ocasião do aniversário, organizaram uma grande festa. “Normalmente, em ocasiões assim”, explicou Biondi, “se elencam as realizações e as metas alcançadas. Não nos interessava isso. Queríamos olhar para o que isso nos fez encontrar e para o que nos une agora”.
O ponto de partida foi uma frase de Padre Carrón: “Ao construir uma obra, se parte do desejo”. O desejo humano de cada um: de beleza, de felicidade, de verdade. “Aquele desejo que tem sua raiz nas estrelas, no anseio que temos por elas”, explicou Biondi e continuou: “demo-nos conta de que é o desejo que acomuna todos os encontros destes 25 anos”.
E a noite começou exatamente com a gratidão por estes encontros. Para os colegas, os estudantes, as famílias que os hospedam, e para todos aqueles que estavam ali presentes: os embaixadores de vários países de onde vêm os jovens, os representantes de três ministérios – Instrução, Turismo e Indústria e Comércio –, e as agências que fazem a escola ser conhecida no exterior. Para cada um foi dado um livreto, com alguns textos extraídos de letras de canções. E com uma carta de Biondi: “O desejo é o que nos permite começar algo, de novo. Nos momentos de dificuldade e de mudança, é o desejo que nos ajuda a superar os medos e a continuar. Quisemos festejar com a música porque é a única capaz de exprimir isto de maneira sublime”.
Assim, a noite foi uma ajuda à escuta das mais famosas notas da lírica. Desde a Norma até a Favorita, de Madame Butterfly a O elixir do amor, até a La Traviata. No palco, dois intérpretes profissionais: a soprano Regina Nathan e o tenor Gianluca Pasolini. Os convidados, mais de 100, vieram de todo o mundo. E a beleza não deixou ninguém indiferente. “Havia pessoas diferentes, por educação e cultura”, explicou Biondi, “mas estavam ali, e isto já é um fato extraordinário. Não é óbvio. O que aconteceu, depois, é que a proposta de algo de belo e de comovente coloca em movimento: como aconteceu com tantos que nos procuraram depois”. No dia seguinte, o fotógrafo da noite chamou Biondi para agradecer: “Foi como se alguém tivesse me dado um grande presente”.
Assim também aconteceu com a diretora executiva de uma agência e estudo no exterior, que durante o intervalo do concerto correu até ele, e não para falar de questões econômicas: “Nestes anos de colaboração, o relacionamento com vocês me fez descobrir a força da verdade”. O editorialista do The Irish Times, John Waters, convidado para introduzir a escuta dos trechos musicais, mudou completamente aquilo que deveria ter dito, contando da amizade com quem fundou a escola e a leva para frente.
“Aquela noite foi uma nova confirmação da descoberta feita nestes 25 anos de trabalho”, concluiu Biondi: “Não precisamos de outra coisa além da realidade. Naquilo que vivo, cada dia, no trabalho, nas coisas que acontecem, tem tudo. Tem o que me serve para continuar o meu caminho humano”.

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