“Obrigado por estes meses. Não os esquecerei. Senti-me em casa”. Mayra, da Venezuela, entra no escritório do diretor da escola para cumprimentá-lo antes de partir. Por que está grata assim, depois de seis meses passados estudando inglês?
O Emerald Cultural Institute de Dublin, no coração da capital irlandesa, se ocupa do ensino da língua para estrangeiros. Este ano é o vigésimo quinto aniversário da escola. No início, a ideia era organizar cursos de inglês de verão. Foi assim que Mauro Biondi, junto com outros amigos, em 1986, começou e, hoje, ele é o diretor. Alugava espaços em outros institutos ou universidades para dar as aulas. Mas, com os anos, os pedidos de inscrição aumentaram, os espaços já não bastavam e o período do verão começou a ser curto demais para atender às solicitações. Assim, em 1993, nasceu uma estrutura aberta durante o ano inteiro: vinte e quatro salas, laboratórios, refeitório e jardim. Desde então, já passaram por lá 62 mil pessoas.
“Não tive que inventar nada”, contou Biondi. “Foi a realidade que me sugeriu o que fazer. Trabalhando, estando em contato com os estudantes, todos os dias, aprendi como a inteligência da fé se torna inteligência da realidade.” O que isso significa? Por exemplo, em 2008, quando a crise havia chegado também ao setor educativo, “tantas escolas como a nossa cortavam os gastos ou até mesmo fechavam. Nós continuamos a investir e a construir”. Da mesma maneira como os monges fizeram na Idade Média: “eles viam os mosteiros sendo destruídos e o que faziam? Reconstruíam tudo alguns quilômetros adiante. Eram capazes de recomeçar imediatamente, porque colocavam a esperança sobre algo que não tinha nada que ver com suas capacidades ou suas forças. Também para nós foi e é assim”. Por isto, no último dia 10 de setembro, por ocasião do aniversário, organizaram uma grande festa. “Normalmente, em ocasiões assim”, explicou Biondi, “se elencam as realizações e as metas alcançadas. Não nos interessava isso. Queríamos olhar para o que isso nos fez encontrar e para o que nos une agora”.
O ponto de partida foi uma frase de Padre Carrón: “Ao construir uma obra, se parte do desejo”. O desejo humano de cada um: de beleza, de felicidade, de verdade. “Aquele desejo que tem sua raiz nas estrelas, no anseio que temos por elas”, explicou Biondi e continuou: “demo-nos conta de que é o desejo que acomuna todos os encontros destes 25 anos”.
E a noite começou exatamente com a gratidão por estes encontros. Para os colegas, os estudantes, as famílias que os hospedam, e para todos aqueles que estavam ali presentes: os embaixadores de vários países de onde vêm os jovens, os representantes de três ministérios – Instrução, Turismo e Indústria e Comércio –, e as agências que fazem a escola ser conhecida no exterior. Para cada um foi dado um livreto, com alguns textos extraídos de letras de canções. E com uma carta de Biondi: “O desejo é o que nos permite começar algo, de novo. Nos momentos de dificuldade e de mudança, é o desejo que nos ajuda a superar os medos e a continuar. Quisemos festejar com a música porque é a única capaz de exprimir isto de maneira sublime”.
Assim, a noite foi uma ajuda à escuta das mais famosas notas da lírica. Desde a Norma até a Favorita, de Madame Butterfly a O elixir do amor, até a La Traviata. No palco, dois intérpretes profissionais: a soprano Regina Nathan e o tenor Gianluca Pasolini. Os convidados, mais de 100, vieram de todo o mundo. E a beleza não deixou ninguém indiferente. “Havia pessoas diferentes, por educação e cultura”, explicou Biondi, “mas estavam ali, e isto já é um fato extraordinário. Não é óbvio. O que aconteceu, depois, é que a proposta de algo de belo e de comovente coloca em movimento: como aconteceu com tantos que nos procuraram depois”. No dia seguinte, o fotógrafo da noite chamou Biondi para agradecer: “Foi como se alguém tivesse me dado um grande presente”.
Assim também aconteceu com a diretora executiva de uma agência e estudo no exterior, que durante o intervalo do concerto correu até ele, e não para falar de questões econômicas: “Nestes anos de colaboração, o relacionamento com vocês me fez descobrir a força da verdade”. O editorialista do The Irish Times, John Waters, convidado para introduzir a escuta dos trechos musicais, mudou completamente aquilo que deveria ter dito, contando da amizade com quem fundou a escola e a leva para frente.
“Aquela noite foi uma nova confirmação da descoberta feita nestes 25 anos de trabalho”, concluiu Biondi: “Não precisamos de outra coisa além da realidade. Naquilo que vivo, cada dia, no trabalho, nas coisas que acontecem, tem tudo. Tem o que me serve para continuar o meu caminho humano”.
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