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OS FATOS

“Queremos contar-lhe o que nos faz felizes”

por Exequiel Monge
20/12/2011 - Em meio aos protestos estudantis, no relacionamento com os companheiros, o relato de uma vida plena e livre. “Porque existe algo que dá significado a tudo”

Encontro com o arcebispo Ricardo Ezzati
Encontro com o arcebispo Ricardo Ezzati

Em meio às mobilizações estudantis que, há meses, alastram-se pelo ambiente universitário do Chile, os jovens de Comunhão e Libertação expressaram o desejo de encontrar monsenhor Ricardo Ezzati, arcebispo de Santiago, para contar sua vida na Universidade: testemunho de Cristo, reconhecido como único acontecimento de verdade, de beleza e de significado para todos.

Na terça-feira, 25 de outubro, aconteceu o encontro tão esperado. Num silêncio cheio de curiosidade, vinte rapazes receberam o Pastor de Santiago na sede do Movimento.
No pátio limpo das folhas e das flores que não param de cair neste início de primavera, os rapazes prepararam o buffet, enfileiraram as cadeiras: o seu contentamento arranca o primeiro sorriso do arcebispo. Tudo é pequeno como pequena é a comunidade do CLU de Santiago ¬- não mais que vinte e cinco pessoas ocupavam as duas fileiras de cadeiras em frente à mesa preparada para o Pastor - mas, nada estava ali por acaso, e tudo, permeado pela consciência e o afeto, estava cheio de uma beleza intensa. Começa com o canto Povera você - que o arcebispo, de origem italiana, comenta, quase num suspiro: “Que bela!” - seguido de dois cantos latino-americanos: La Verdade de la Vida e Anunciação, e se põe a cantar com eles.

Dom Mario Grignani, responsável pelo CLU do Chile, inicia o encontro, dando as boas-vindas a monsenhor Ezzati. Os rapazes tinham desejado muito aquele encontro porque a presença do Pastor é um verdadeiro dom: “É o sinal da Igreja entre nós e nos faz tocar com a mão a certeza da nossa esperança”. Desejavam condividir com ele sua experiência, oferecer-lhe o testemunho que nasce da vida cotidiana nas diversas escolas, colocando nas mãos da autoridade o fruto da Graça recebida na vida. Por isso, Dom Mario começa lendo aquelas palavras de Dom Giussani, recentemente propostas por Carrón, ao final dos Exercícios da Fraternidade de Comunhão e Libertação: “Qual é o fator mais importante da realidade de povo, para a qual somos chamados, da realidade da companhia da qual participamos, do lugar da profecia e do grito de que tudo é Deus? Qual é o lugar verdadeiro do senso religioso? O fator mais importante da realidade de povo é aquele que chamamos de autoridade”.

Em seguida, começa a apresentação da experiência da comunidade durante os últimos meses: vida vivida juntos, num ambiente difícil e que representa continuamente um desafio, em que as mobilizações estudantis os provoca a se fazerem aquelas perguntas. “Quem somos? Que rosto temos diante do mundo de hoje? A presença que somos”, explica Exequiel, ”dentro do ambiente não pode diluir-se como se Cristo fosse somente outro elemento num mundo muito grande e estranho, que se confunde com as lutas sociais e as reivindicações do momento”. O cristianismo representa, para estes rapazes, um acontecimento, uma originalidade absoluta, uma novidade incomparável e inconfundível, uma experiência de vida juntos, com Cristo: uma experiência que é verdadeiramente autoridade.

Três universitários tomam a palavra. José, da Engenharia Civil na Pontifícia Universidade Católica do Chile, fala da sua experiência quando ofereceu aos colegas de faculdade os juízos escritos que nascem da vida do CLU: Santiago Estudantes, a publicação mensal do CLU que é distribuída gratuitamente em toda a capital e outros folhetos e convites. “Comunicamos o que nos faz felizes: Cristo”, explica José, “e esta felicidade faz mudar os rostos daqueles que nos olham enquanto distribuímos os folhetos com nossos juízos”.

Gabriel, da Gastronomia no INACAP, fala de uma alegria, de uma conveniência humana, de uma vida alegre que o “enche de gratidão e lhe faz olhar o outro verdadeiramente, como sinal e como dom”.

Por fim, Macarena, da Engenharia Civil na Universidade do Chile, testemunha a mudança de sua vida, acontecida no momento em que decidiu “parou de escolher que gestos viver, que indicações seguir”, e passa a se envolver completamente, com toda a sua humanidade, no seguir: “Pertenço a um lugar e isto gera em mim como que um círculo vicioso: quanto mais pertenço, mais estou certa. Quanto mais estou certa, mais pertenço”. Esta é a origem de uma “vida completa, inteira, que não consiste apenas em certos gestos”.

Visivelmente contente, o bispo retoma, em sua intervenção rica e cheia de nuances, tudo o que foi dito, valorizando-o com interesse paterno: “Procurei sempre viver o que vocês me contaram: encontrar uma presença que dá significado a tudo.” Identifica na autoridade o problema mais urgente e radical: “O que o Chile vive é exatamente uma grande crise de autoridade”. Porém, a autoridade não é o poder; “O poder esmaga, a autoridade faz crescer, dá vida, eleva e é, portanto, um serviço. Sem isto, nos apequenamos”. Trata-se de autoridade como a entendia monsenhor Luigi Giussani e que está documentada nos testemunhos dos rapazes: é a autoridade de uma experiência, da experiência por eles vivida. “A autoridade da experiência, a autoridade da alegria. Se renunciamos a essa autoridade que temos, nada pode crescer”, explica José, “comunicamos a nossa experiência e a propomos para que o homem cresça. Esta é uma experiência que todo homem pode viver. A nossa autoridade como cristãos nos é dada para que o homem cresça até a grandeza do próprio Cristo.”

Para o bispo, isto é fundamental no clima que se vive hoje na universidade. Que experiência pode valorizar tudo o que existe de bom e de verdadeiro nos pedidos que surgem da grande agitação estudantil? Apenas aquela que pode ir além do que é político, das contingências, do mero utilitarismo de momento: somente a experiência plena da autoridade da experiência vivida. Apenas isto pode mudar o atual clima do debate no qual o homem “não está no centro da discussão”. Esta é a “grande audácia de ser cristão”: ser conscientemente testemunha de Cristo presente e vivo e, portanto, estar repleto daquela autoridade que é experiência de uma vida verdadeiramente humana.

Enquanto a noite prossegue com novas participações e questões, às quais monsenhor Ezzati responde com inteligência aguda - e também com humor -, na sede de CL, as luzes se acendem. Nos rostos de todos se nota a letícia de ser confirmado na experiência, acolhido e valorizado: “Vocês são de Comunhão e Libertação e Comunhão e Libertação é um movimento da Igreja”.

Ao final da noite, depois de um ótimo buffet, arrumando as últimas coisas, em todos prevalece a gratidão e a responsabilidade pelo dom do carisma do Movimento.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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