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OS FATOS

“Sejam fiéis à realidade”

por Raffaella Sorensen
27/01/2012 - O que é o cristianismo? Começou assim, em Dublin, a apresentação do livro de Dom Giussani, Na origem da pretensão cristã. Um debate que não deixou a pergunta se calar. “Convém retornar à experiência dos primeiros com Jesus”...
A soprano Regina Nathan durante o encontro.
A soprano Regina Nathan durante o encontro.

What is Christianity? O que é o cristianismo? É o título dado ao encontro de apresentação do livro Na origem da pretensão cristã, em Dublin, na noite do dia 5 de janeiro de 2012, entre as paredes de um esplêndido edifício vitoriano, sede do Royal College of Physicians. Um título profético, que já julgava o impacto que o encontro teve sobre muitas das pessoas presentes, todas surpreendidas pela novidade de um cristianismo reanunciado na sua totalidade e profundidade. Exatamente como John Waters, editor do Irish Times e moderador do debate, disse na sua introdução: “Pensamos que já sabemos o que é o cristianismo, enquanto que Dom Giussani nos diz que, para entendê-lo de verdade, é preciso voltar ao início, ao coração da experiência daqueles primeiros que encontraram a Cristo”. A primeira intervenção da noite foi confiada à beleza, através da voz da soprano irlandesa Regina Nathan, que cantou Et incarnatus est, da missa em Dó menor K427 de Mozart, maravilhando e comovendo a todos diante do anúncio da Encarnação. Em seguida, Anne O’Gara, presidente do Marino Institute of Education, o instituto universitário para a formação de professores, falou do impacto que o livro de Dom Giussani teve sobre ela, a partir da sua experiência de educadora. No primeiro ponto de sua fala, ela chamou atenção para como a sociedade sofre de uma espécie de déficit de atenção, e de como está fechada à possibilidade de que as perguntas últimas do homem sejam exploradas. Como diz T. S. Eliot, “temos a experiência, mas não temos o significado”. Tudo, na sociedade, é determinado, segundo O’Gara, a partir de critérios econômicos e isto tem um impacto enorme também sobre a educação. A educação, pelo contrário, “é um desafio no sentido de combater esta redução”. Logo depois, ela explicou qual é a intenção educativa do seu instituto, que está sempre tendido a desenvolver a totalidade da pessoa, inclusive o senso religioso de que fala Dom Giussani. E concluiu dizendo que foi exatamente o confronto com o texto de Dom Giussani que a tornou mais consciente de alguns temas que merecem ser aprofundados com método: o convite ao empenho com a realidade, a educação para a religiosidade, a busca de Deus na pessoa de Jesus e o aprofundamento de uma fé “cheia de perguntas”. John Waters, retomando as palavras de O’Gara, lembrou como ninguém mais aceita considerar a pergunta verdadeira e última sobre a realidade: “É como se os nossos instrumentos de conhecimento tivessem sido adulterados, enquanto que o convite de Dom Giussani com este livro é que nos reapropriemos destes instrumentos e sejamos fiéis à realidade”.
Padre Julián Carrón concluiu a noite com uma fala que repercorreu os pontos principais do livro, trazendo à tona, uma vez mais, a pergunta de Dostoiévski: “Um homem culto, um europeu dos nossos tempos, pode acreditar na divindade do filho de Deus, Jesus Cristo?”. Padre Carrón prosseguiu mostrando por que e como o homem moderno pode crer. Citou o Papa quando disse que a fé em Jesus Cristo pode “ter sucesso” porque “corresponde à natureza do homem”. Mas, para o que o homem reconheça esta correspondência, é preciso que se torne consciente daquilo que é, porque, como Dom Giussani diz no livro, “Sem essa consciência [daquilo que eu sou], até mesmo o nome de Jesus Cristo não passa de um simples nome” (p. 9). Padre Carrón delineou a natureza do cristianismo como acontecimento e chamou a atenção para como a fé, quando é entendida desta maneira, “está muito distante de uma ‘crença’ distante da natureza humana”. Concluiu mostrando como a nossa humanidade floresce quando verificamos o cristianismo como acontecimento presente nas nossas vidas. “O que quer dizer verificar que Cristo entrou nas nossas vidas? O realizar-se da humanidade, o cêntuplo em razão, afeição, liberdade”, disse Carrón, acrescentando que isto leva a “um aumento da fé mesma, ao reconhecimento amoroso da Sua presença. Uma familiaridade, uma facilidade no reconhecimento dEle”.
A saudação e a reflexão finais, confiadas ainda a John Waters, lembraram o quanto os conteúdos tratados durante a noite tocam a parte mais profunda, concreta e essencial de todos nós, lançando a todos, uma vez mais, o desafio de acolher as palavras de Bento XVI, pronunciadas no Bundestag, em sua recente viagem à Alemanha: derrubar este bunker que construímos ao nosso redor e começar, junto com Dom Giussani, o trabalho de conhecer aquilo que é verdadeiro. A noite se encerrou com a proposta de levar a Dublin a mostra do Meeting de Rímini 2011 sobre os lugares de Jesus, Com os olhos dos Apóstolos, por ocasião do Congresso Eucarístico que acontecerá, em junho, na capital da Irlanda. E, como para a construção das catedrais medievais, com o convite dirigido a todos para se envolverem, nos próximos meses, na realização desta iniciativa.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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