“O fim último do homem é a felicidade, isto é o que nós jovens buscamos”. Edinson usou estas palavras ao agradecer a seus professores destes cinco anos, enquanto lhe era entregue o diploma. É um dos primeiros vinte e sete formandos da Universidade de Atalaya. A universidade da selva. Na Amazônia peruana, numa zona que recebe o nome de um dos tantos rios que a atravessam: Marankiari, o rio da serpente.
Uma cerca de madeira serve como porta de entrada para os trinta hectares de floresta que se transformaram na sede de Nopoki, o nome indígena da Universidade Sedes Sapientiae: faculdade de Educação, Administração, Agricultura e Engenharia Florestal. O refeitório é composto por três gigantescas cabanas de palha e madeira perfeitamente interligadas; três galpões de salas de aula, outros para as atividades profissionais, o espaço para os treinos e o dormitório para os estudantes. São mais de quatrocentos. Todos indígenas. Jovens que vêm de várias comunidades espalhadas pela selva, distantes dias ou meses de viagem pelo rio daqui. Hoje, com eles, estão seus pais e outros amigos vindos dos vilarejos para festejar com eles, todos com as vestimentas próprias de suas étnicas: Ashanika, Matsiguenga, Yine, Shipibo...
“Eu percebia a grande necessidade de que, dentro das comunidades, existissem verdadeiros mestres. Que eles se tornassem isso. Para tanto, pensei num lugar que os formasse”. Padre Gherardo Zerdin é o Bispo. Missionário na selva há mais de trinta anos: chegou quando tinha vinte e cinco anos, jovem seminarista franciscano, hoje é o bispo da Diocese de San Ramón, oitenta mil quilômetros quadrados de floresta – o mesmo tamanho da Lombardia, do Vêneto e do Piemonte juntos.
É a ele que se deve o que existe hoje. E à ajuda que pediu e recebeu da Universidade Sedes Sapientiae de Lima, nascida há onze anos da intuição de outro bispo, Dom Lino Panizza, e da experiência educativa do Movimento. Como em Lima, também aqui, em Nopoki, se estuda O senso religioso de Dom Giussani, e o desafio é o de uma educação que introduz à totalidade: da preocupação para encontrar uma resposta adequada ao problema do bilinguismo no ensino (dialetos/espanhol), a obra se dilatou e passou a formar professores que são “promotores de desenvolvimento integral” para o seu povo. Por isso, estudam de tudo: Biologia, Teologia, História, Economia... Aprendem a cozinhar, a construir móveis e a cultivar abacaxi. Assim como a descobrir as regras da sua própria língua, de que não sabia nada.
“Agradecemos a todos os mestres que nos transmitiram ensinamentos necessários para nós, para a nossa formação acadêmica, moral e espiritual”, continuou Edinson durante a cerimônia de formatura, diante das autoridades políticas, dos responsáveis da Universidade de Lima e do projeto: “Comprometemo-nos a ser bons professores para ajudar as nossas comunidades”. Para onde eles, os primeiros, agora, estão voltando.
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