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OS FATOS

Diante da obra de um Outro

por Paolo Perego
14/02/2012 - No dia 3 de fevereiro aconteceu a inauguração da “Luigi Giussani High School” de Kampala. “Um paradigma para a educação”, que nasceu de um povo movido pelo encontro com algo extraordinário...
Escola ''Luigi Giussani'' de Kampala
Escola ''Luigi Giussani'' de Kampala

Uma fila de mulheres que depositam no altar cestas de bananas matoke, verduras, colares e outros objetos. Dinheiro também. Algumas vestem uma camiseta amarela, com a estampa dos rostos de Pedro e João que correm ao sepulcro para ver o Senhor ressuscitado. E, embaixo, escrito “One Heart”. São as mulheres soropositivas do Meeting Point International de Kampala, uma associação que os leitores de Passos conhecem bem, que acolhe milhares de mulheres das favelas da capital ugandense contaminadas pelo HIV.
O dia está quente, mas centenas vieram, lotando os toldos no campo de futebol da nova “Luigi Giussani High School”. Com elas, 350 estudantes, amigos e personalidades. Mais de mil pessoas que começaram a chegar na manhã do dia 3 de fevereiro para assistir à missa de inauguração do novo edifício. E para ficar durante todo o dia, na festa preparada pelos jovens.
“A educação é uma comunicação de si, isto é, do próprio modo de se relacionar com o real”. Palavras de Dom Giussani, retiradas do livro Educar é um Risco. E conteúdo da mensagem de padre Julián Carrón para a ocasião. No entanto, para quem passasse por aquela colina da cidade africana, no bairro de Kireka, entre barracos e pobreza, essas não seriam apenas belas palavras. Elas seriam vistas em ação, feitas de carne. Teria parado, preso por algo extraordinário acontecendo diante dos olhos, naquele espaço diante
dos três andares do edifício dedicado ao fundador de CL.

“Era evidente: um povo protagonista que deu vida a uma obra, exatamente como Dom Giussani teria desejado”, diz Jesus Carrascosa, um dos responsáveis de CL na Uganda para levar as palavras de Carrón: “Um paradigma para a educação segundo todos os fatores do senso religioso. Isto é, capaz de sustentar e fazer amadurecer as exigências últimas do coração dos jovens indicando um critério de resposta. É uma obra revolucionária”.
Uma história que começou em 2009, como explica Mauro Giacomazzi, da Fundação AVSI: “Normalmente, quando preparamos um projeto, respondemos às instâncias institucionais. Ao contrário, aqui nasce uma coisa nova, do zero. A AVSI ajudou na captação de recursos, com as Tendas 2009-2010. Foram vendidos em todo o mundo 32 mil colares de papel fabricados pelas mulheres do Meeting Point. Em 2010, a primeira pedra. Dois anos depois, a inauguração, com a presença “de um povo comovido e movido por aquilo que encontrou”, diz Giacomazzi. “Talvez ainda de maneira desorganizada aos olhos de um europeu, mas todos olhavam realmente para o mesmo ponto”.
Impressionante ver, naquelas mulheres, o olhar que tinham depois de ter trabalhado nos dias anteriores fazendo a limpeza para que tudo estivesse bonito. E o grupo de jovens que durante muitas manhãs fizeram as áreas para avaliar as áreas possíveis de estacionamento, assim como ajudar as pessoas a se organizarem”. Assim, na missa celebrada pelo Núncio Apostólico, o arcebispo Paul Tchang In Nam, tudo estava perfeito. A ordem, os cantos. Logo após a missa, houve a bênção do edifício, com a presença de muitas autoridades. Além do Núncio, que lembrou a mensagem do Papa no Dia Mundial da Paz, fizeram pronunciamentos o prefeito local e o Secretário Geral da UNESCO na Uganda, Augustine Omare-Okurut. Este último, confirmou a grande estima pelo trabalho do Meeting Point, da AVSI e do Centro Permanente de Educação, uma entidade local que se ocupa da formação dos professores, entre os quais, os 20 que ocuparão as 12 cátedras da escola, dirigida por Irmã Boniconcilli Ngabirano. Depois, John Makoa, responsável pela AVSI nos países africanos, apresentou o secretário geral da ONG italiana, Alberto Piatti.

Diante deles, uma multidão envolvida por aquilo que estava acontecendo, protagonista de algo extraordinário a que “ainda não consegue dar um nome”, comenta Rose Busingye, enfermeira, responsável de CL na Uganda e fundadora do Meeting Point: “O que atrai assim? Quem atrai assim. Este povo quer ficar aqui. E se torna protagonista, ao seguir aquilo que tem diante de si. A mensagem que Carrón enviou contém tudo aquilo que aconteceu, como quando escreve: “Fico comovido em pensar que essa escola nasceu antes de mais nada da paixão pelo destino de seus filhos”. E, ainda: “Essas mulheres quebram pedras e fazem colares para isso, contentes de se sacrificarem – dando a vida, e não apenas como modo de dizer – por seus filhos. Devemos todos aprender com elas: ‘Não há amor maior do que doar a vida pelos amigos’, dizia Jesus”. É comovente ouvir essas palavras, faz com que nos sintamos acompanhados”. “Aquilo que está acontecendo é um milagre”, diz Giacomazzi: “Escutar Carrón é sentir-se nas mãos de um pai, um pai que nos faz abrir os olhos para a realidade. De quem, talvez nos esqueçamos. Ou, com quem acabamos nos habituando...”. Mas, diante do coro dos jovens de Kireka, que cantam Va Pensiero, de Verdi, para o embaixador italiano, ou das mães que escutam os filhos explicarem nos idiomas locais os painéis de uma Mostra sobre a Via Lactea e de outra sobre o monastério montadas dentro da escola... “Damo-nos conta de que é verdade, que vale a pena dar tudo, inclusive a vida por aqueles tijolos”, continua Mauro: “Pelos quais todos se moveram, alguns sem dormir ou comer durante dias para preparar um momento assim. Mas, não pela obra em si. Por um Outro. Que existe. Tão real, que esse povo se torna, aos nossos olhos, a carne de um Outro que está se movendo. Se não, não seria possível”. “Não pode nascer algo assim das nossas mãos”, acrescenta Rose: “Há a mão de Alguém. Se não, não seria possível explicar uma beleza tão contagiante. Na verdade, quem fez esta obra foi Dom Giussani”.

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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