Escrevo junto com alguns colegas do Instituto Tirinnanzi, de Legnano (Itália), para contar um fato que aconteceu esta manhã, dia 12 de abril de 2012, e que já está mudando nossas vidas.
Enquanto vinha para a aula de moto, por volta das 8h, Giacomo, um aluno nosso a quem éramos muito afeiçoados, sofreu um acidente e morreu. Nunca senti uma dor tão grande.
Nos últimos dois meses, tinha começado a frequentar o grupo dos Colegiais de CL, e na escola todos perceberam nele uma mudança evidente. A coisa mais impressionante era a consciência com a qual falava de si e do encontro que, finalmente, depois de uma longa busca, tinha mudado sua vida. Durante as últimas Escolas de Comunidade com os meninos, em Legnano, ficamos todos impressionados com suas frases: sempre dizia que não sabia se era Cristo aquilo que tinha encontrado, mas que tinha se dado conta de que a vida era mais bonita “buscando Deus naquilo que se faz”. Ou que tinha certeza de que finalmente encontrara um caminho e que tinha começado a nos seguir não por causa de um discurso, mas “por causa de um sorriso”. Ouvindo-o falar, todos nos dávamos conta de que ele estava vivendo algo que o fazia transbordar, explodir, a ponto de, para nós (adultos e jovens), reacontecer potentemente o encontro que nos tomou. Mesmo hoje, diante da sua morte, uma série de fatos excepcionais colocou diante de nós, e em volta, tudo aquilo que vimos nos últimos meses. Depois da notícia, havia uma grande comoção na escola, mas todos os jovens tinham nos olhos uma pergunta e permaneciam em silêncio, diante do Mistério. Alguém propôs celebrar uma missa. Todos vieram, mesmo quem não acredita ou é contra a Igreja, e participaram em silêncio de um gesto cheio de certeza, das músicas preparadas por seus companheiros de classe (Povera Voce, Qui Presso a Te, O Desígnio e Regina Coeli) às leituras da Ressurreição.
A pergunta dos jovens é a mesma que a nossa: que sentido tem? Por que aconteceu? No entanto, já fomos surpreendidos pela certeza de um fato maior, que permitiu a Giacomo, agora, estar realizado.
Há dois meses, depois de uma conversa que o havia particularmente interessado, me escreveu esta carta, falando-me pela primeira vez, do tu:
Quem é Cristo? Depois de ter recebido os sacramentos, parei tanto de frequentar a igreja como de rezar, não sentia a religião das igrejas e da missa como “minhas”.
Depois, ter participado, junto com meus companheiros da escola Kolbe, da “promessa”, suscitou em mim aquelas perguntas que um jovem, a um certo ponto, se coloca: Quem sou? Onde vou? E depois da morte?
Só agora entendi que precisavam urgentemente de resposta. Não posso afirmar com certeza que comecei uma verdadeira e própria busca, prefiro dizer que pelo menos comecei (como normalmente você fala de manhã, na sala) a tomar consciência.
Os primeiros três anos de colégio ocultaram tudo isso com uma frágil camada, e só hoje dou-me conta de como ter abandonado mesmo que só o desejo de “saber de Deus” me levou para baixo.
Hoje voltei para o Tirinnanzi, e este ambiente que parece ser o meu único, revelou aquela necessidade de saber que tinha escondido de mim mesmo e dessa vez não pude fingir que não era nada.
Ver vocês tão felizes e tão convictos do que fazem, deixou tudo mais claro para mim: vocês têm algo que eu não tenho.
Começou assim a minha busca por Deus: de um sincero “Eu não sei quem é Deus, mas quero saber”, e quem, senão vocês, pode me ajudar a encontrá-lo? É por isso que agora participo dos Colegiais, para ser ajudado a encontrar minha fé por alguém que talvez ainda não o saiba com certeza, mas que indubitavelmente está mais à frente no caminho do que eu.
Giovanni, Luca, Mario, Pietro e outros amigos.
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