A Obra educativa São Charbel promove uma Via Sacra com seus adolescentes há alguns anos, gesto que se iniciou quando padre Stefano Volani trabalhou na região. Neste ano, com a presença da Inês, nossa pedagoga, pensamos em fazer a Via Sacra do Movimento Comunhão e Libertação na comunidade, especialmente no Morro dos Anjos onde a maioria de nossas crianças moram.
Nossa Fraternidade aderiu e junto de amigos realizamos esta etapa, rezando o terço na Via Sacra que foi dirigida pelo nosso querido recém-ordenado padre Moisés. No sopé do Morro foram meditadas as três primeiras estações. Muita gente chegava às janelas e portas para ver o que estava acontecendo e, curiosas, decidiam por ir atrás.
Os descampados serviam para descansar os braços e continuar na meditação com direito às encenações dos adolescentes da São Charbel. E sem demora a caminhada prosseguia em fila pela trilha estreita ao som das Ave Marias do terço. O jovem que representava Jesus ia à frente carregando a cruz, seguido pela mãe, pelas mulheres piedosas e pelos soldados... Havia muito realismo naqueles rostos... A subida era íngrime e impunha um ritmo lento.
No mesmo período recebemos uma doação em dinheiro que nos ajudou a trocar o telhado da Igreja São Charbel que estava muito desgastado e também permitiu a melhoria de algumas casinhas que foram abaladas com as fortes chuvas, devido a sua precariedade e total falta de estrutura. Surgiu a ideia de durante a Via Sacra ajudarmos a carregar o material, que é a etapa mais difícil da construção devido as trilhas estreitas que levam ao cume do Morro, onde estão situadas as casas mais frágeis.
Assim, os sacos e a pilha de tijolos pesavam, e era como tocar um pouco a experiência dos sofrimentos de Jesus na Via Crucis. Finalmente, chegamos ao topo do Morro, em um campo de relva rala, ainda molhada pelo orvalho noturno. O céu estava num azul límpido e diferente dos outros dias. A paisagem lá em cima é uma beleza fascinante... Ali fizemos as últimas estações, em que Cristo fora despojado das vestes, crucificado, morto e sepultado. Os textos escolhidos também contribuíram na atenção ao gesto da Via Sacra. Estava muito presente o aspecto da cruz como sacrifício da vida, entretanto como integrante dela, para ver uma beleza maior, a ressurreição de Cristo, a vida que vence a morte e que por isso é mais vida. A ressurreição era uma espera certa, estampada na alegria das pessoas que participaram do gesto da Via Sacra e também nos rostos gratos de quem recebia a doação.
Quem podia, continuava a carregar mais um pouco de tijolos e areia. E permaneceram muitos... Ao longe escutávamos o som alto das batidas enjoativas de um funk: um mundo de possibilidades para desviar a atenção do que nos aconteceu. No entanto, para nós a vitória naquele dia foi de um Outro.
No dia 30 de abril fomos entregar a chave da casinha da dona Marilda e tivemos a graça de poder contar novamente com padre Moisés que abençoou a casa e a família.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón